Pintura de Rene Magritte
a realidade não pode traduzir
já que os sonhos vezes mil são minhas trilhas
os verbos não conseguem descrever
já que meus desejos mudam com os ventos
as virtudes não sabem legitimar
já que meus desvios têm múltiplas faces
os dias não alcançam decifrar
já que meus passos acendem e apagam no tempo
nem que eu escreva mil poemas
distribua meu desenho em mares de panfletos...
pouco terá alcançado o mais profundo de mim
porque um texto tem intenções demais
porque uma estrofe tem rimas banais
mesmo um poema, nem este é capaz
sobre nós mesmos tudo que se diz é gasto
caminho longo, horizonte vasto...
acima das minhas palavras estão meus olhares
o que eles trazem
além dos meus verbos gritam meus silêncios
o que está na alma
antes dos meus projetos trago minhas mãos
o que elas produzem
sobre meus anseios avançam minhas estradas
o que elas concluem
a meu respeito embora nunca apresentado
o instante calado é tanto quanto sou e vivo
é sobre mim por dentro e fora o real
o mais próximo das mentiras do espelho
já que os sonhos vezes mil são minhas trilhas
os verbos não conseguem descrever
já que meus desejos mudam com os ventos
as virtudes não sabem legitimar
já que meus desvios têm múltiplas faces
os dias não alcançam decifrar
já que meus passos acendem e apagam no tempo
nem que eu escreva mil poemas
distribua meu desenho em mares de panfletos...
pouco terá alcançado o mais profundo de mim
porque um texto tem intenções demais
porque uma estrofe tem rimas banais
mesmo um poema, nem este é capaz
sobre nós mesmos tudo que se diz é gasto
caminho longo, horizonte vasto...
acima das minhas palavras estão meus olhares
o que eles trazem
além dos meus verbos gritam meus silêncios
o que está na alma
antes dos meus projetos trago minhas mãos
o que elas produzem
sobre meus anseios avançam minhas estradas
o que elas concluem
a meu respeito embora nunca apresentado
o instante calado é tanto quanto sou e vivo
é sobre mim por dentro e fora o real
o mais próximo das mentiras do espelho
Ricardo Fabião
Como descobrir minha própria face
em meio a tantas máscaras?
Sonhos e realidade se fundem
num quebra-cabeças por vezes difícil de decifrar
Será que o que vejo é minha imagem
refletida no espelho, meu próprio avesso?
Ou ao mirá-la já não me reconheço
Minha imagem de mim se perdeu
Sou o que o espelho não mostra
Sou o que os outros não veem
Sou o que escondo, que me atemoriza
Sou além do que me conheço
e a cada dia me descubro mais distante
da imagem que de mim fazia
E minha vida assim transcorre,
numa eterna descoberta do vir a ser.
Ianê Mello
Diálogos Poéticos - Colaboradores: Ricardo Fabião, Ianê Melo
4 comentários:
ESPETACULAR!
Seu blog merece, que venha por aqui muita vezes.
Afinal, não temos tantos bons textos com estes seus à nossa disposição.
Caso queira me visitar, meu blog é de humor.
Um abração carioca.
Lindo seu poema! Parabéns, amigo!
Beijos.
Agradeço, não sei a Ianê, não sei se a outro, pela inserção da autoria da pintura, da qual eu não tinha conhecimento.
Abraço.
Ricardo
Ianê... que sintonia extraordinária...
seu poema foi tão bem incorporado ao meu, que não sabemos se começamos a ler pelo meu ou pelo seu. De modo que a viagem dos que forem lê-los será mais longa e profunda.
Ave, poetas!
Beijos.
Ricardo.
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