escorada num canto só de texto;
amargava dores de reumatismo,
velhava de longo silêncio;
diz que apanhou polissemia,
grávida de três sentidos.
Vieram as febres, dias de agonia...
Morreu de si para ser de muitas.
Os sentidos sobreviveram.
Diz que viraram poesia;
hoje pescam poetas.
Ricardo Fabião
PLURISSIGNIFICAÇÕES
PLURISSIGNIFICANTES
A Ludwig Wittgenstein
Eco de palavras mudas à parede contíngua
Faz escorrer nos escombros destes cinzeis
O que pareceria seja morta a muda língua
No borbulhar de tinta bruta, os mil pinceis
Fazem fluir fácil a textura deste texto ágil
De uns cem mil signos plurissignificantes
Num entorno louco de verborragia frágil
E já nem se diga o que é que fora dantes
Se no rutilar de madrepérola que melíflua
Molda em pedra o cárcere pedregoso chão
E faz com que do espelho na parede eflua
De tais palavras, inda que a menor noção
Francisco de Sousa Vieira Filho
Diálogo Poético - Colaboradores: Ricardo Fabião/ Francisco de Sousa Vieira Filho
6 comentários:
Poderia divagar acerca do abismo que há entre significante e significado e que a decodificação e o feedback quase sempre vem truncados; poderia falar da impossibilidade que temos de comunicar [quase tudo] e que a poesia seja o reconhecimento disso com desenvoltura, maturidade e clareza, mas prefiro falar disso na forma apropriada [a poética]. Então aqui vai:
PLURISSIGNIFICAÇÕES
PLURISSIGNIFICANTES
A Ludwig Wittgenstein
Eco de palavras mudas à parede contíngua
Faz escorrer nos escombros destes cinzéis
O que pareceria seja morta a muda língua
No borbulhar de tinta bruta, os mil pincéis
Fazem flua fácil a textura deste texto ágil
De uns cem mil signos plurissignificantes
Num entorno louco de verborragia frágil
E já nem se diga o que é que fora dantes
Se no rutilar de madrepérola que melíflua
Molda em pedra o cárcere pedregoso chão
E faz com que do espelho na parede eflua
De tais palavras, inda que a menor noção
Francisco de Sousa Vieira Filho
Olá, Francisco...
Gostei muito do seu poema.
Por que não o postou abaixo do meu?
Abraço.
Ricardo.
Ainda não tinha vindo a este espaço onde colabora.
Também gosto.
Beijoca
Ricardo e Francisco,
belíssimo diálogo.
Beijo grande.
Vieira Calado,
não seja por isso.
Já te mandei um e.mail para que se cadastre e se torne colaborador.
Seja b em vindo.
Um abraço.
Ianê Mello
Francisco,
publiquei o seu, tá?
Mas vc pode fazer isso direto quando quiser.
Beijos.
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