O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Um odor maltado na memória

                                                        




O perfume
Que invadiu minhas narinas
Numa tarde cinza,
Friorenta e nuvolosa
Se misturou
Ao whisky que eu sorvia
Extasiado
Pelo som de Malagueña.
Por um momento
Percebi com a saudade
Alguma coisa
Meio assim, angustiante
Pois a ternura
Ternária de Malagueña
Estraçalhou sem piedade
Minha memória.
Essa lembrança
Sopranada em LÁ menor
Fez levitar
 As plumas plúmbeas do desejo.
Um outro gole
De whisky com teu cheiro
Embriaguez
De inspiração e sofrimento.

Jairo Cerqueira

domingo, 29 de agosto de 2010

Desafio a partir da pintura

Vino Morais



O amor...
Entre um sonho e outro, desperta o amor.
E, no meu coração,
vagueia cego e mudo,
por entre a imensidão profunda
que o invade e o define.

O amor é uma onda misteriosa,
formada por substância desconhecida e poderosa
que emana do mais sensível do nosso ser
e se espalha pelos campos verdejantes
do nosso coração
(...)



Otelice Soares



É tempo de sentir. Sempre o foi. E nunca o fiz como devia.

Chega a meu peito, como uma bala perdida, a música de agora, da idade do prazer, e traz consigo, à guisa de memória, a sensação de que perdi alguma coisa.

Como um peteleco na orelha, sinto em meu peito a angústia de Pollock e venho escrever estes versos para capturar uma intenção longínqua, onírica.

A única coisa que capturo é a fugacidade, a importante maneira de amar a vida, e sinto dentro de mim o archote da revolução, como a glória efêmera de Prometeu.




RODRIGO DELLA SANTINA








As sensações....
O desejo e a paixão enlaçam-se na minha pele....
Imagino-as como sendo cores....
Invento-lhes sabores....
Não as vejo, mas sinto como alastram em mim...
Como roçam em mim e se ocultam na certeza de que eu sei como se vestem em mim...
Intensamente.....









Marta

sábado, 28 de agosto de 2010

Por que voam as aves?




Por que voam as aves?
Por que é o seu desejo de vida voar, se têm na terra, fruto e pouso?
Por quê?
Porque a liberdade, sempre, as chama,
Porque a liberdade as convoca a mirar o alvo, na rota do infinito e a buscar voo livre.
Porque são livres.
Porque não se encadeiam entre leis absurdas e ditos hipócritas, são livres.
Só o homem cria cadeias e, com elas, se aprisionam
, na própria liberdade.
E, quando pensam em voar, descobrem a morada da manhã, mas não a podem visitar, porque...
NÃO SÃO AVES!


Otelice Soares



Não sei porque voam as aves...



Sei que gostaria de voar com elas,


sair daqui e sentir a carícia do Vento.


Sei que nunca me sentiria só, porque estaria livre....


E, quem sabe, talvez descobrisse o maior segredo do céu: o porquê de ser azul....



Sandra







pássaros somos

nascemos livres

presos

 fenecemos de triteza



Ianê Mello


sexta-feira, 20 de agosto de 2010

VERSO PARA AMAR...






Penso em você
rabisco inebriada
um sonho

Lou Albergaria


Utopia

A estrela brilhou: - era o sinal;
superam-se mil marcas da afasia!
No vídeo palpitava a luz do dia,
e, fora reinava um vendaval!...

Acordei de um sonho magistral:
meu nome na pedra era fantasia.
A pedra viajou com a ventania;
só resta solidão e sem final.

Houve gritos: mistura de prazer!...
A rubrica selava um viver...
Eles morriam: - vã felicidade!

Ó Lua! Senhora dos aflitos;
escuta os rumores destes gritos
e mata o desvelo desta saudade!...

Machado de Carlos

Publicado no Recanto das Letras
Código do texto: T1175671




você se foi...

e com você a luz do dia

deixou seu rastro

seu lastro

caminho de luz

na casa

um cheiro de hortelã

ainda perfuma o ar

com sua presença doce

você se foi, assim...

como se fosse

um barqueiro em alto mar

jurando não me deixar



Ianê  Mello

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Desistência



Derruba do teu rosto as lágrimas mendigas.
Busca no teu sofrer o que te exulta. Fora,
É sem piedade o mundo e te diria histórias
Só pra te amargurar mais tristemente a vida.

A dor, ela somente, é nobre, e é grande, e amiga.
Tenta amá-la, que um dia irás. E, dessa forma,
Ela se tornará pra sempre a tua glória
E o pó que cobrirá teu corpo na partida.

A vida é sem remédio e os deuses não se importam.
Sofre sereno, de alma altiva, sem da boca
Soltar um grito de lamento, e te confortas.

Guarda no peito toda a tua tristeza. E roga
A Deus ao menos sua costumeira força
Pra andar junto daquela pela vida toda.

RODRIGO DELLA SANTINA

SE COMPREENDE




Promete-se tanta coisa
sob o efeito analgésico do anizete
Um trenó cheio de presentes
uma casa em Biarritz
Um diamante em discreto anel
promete-se tanta coisa
Na busca do sonífero da hora
ao bater aflito do coração
A solidão compartilhada
Num jardim de desejos
Há que compreender
as juras que nunca se realizam
Quando pela manhã
recolhemos um sapato aqui outro ali
A meia esquecida na sala
e o dia chuvoso em Paris
Ruim demais para todas as coisas
até para apanharmos um táxi.


(Beto Palaio)

domingo, 15 de agosto de 2010

Dance, dance, dance...

Pinturas de Nik Helbig



Dance, dance mesmo assim...
Dance pelos momentos fugazes que nunca mais se repetirão...
Dance pelo botão de rosa, promessa de nova vida...
Dance pelos meninos e meninas de rua, que só conhecem a desesperança...
Dance pelos sentimentos tardios, que nunca deram em nada...
Dance pelos arrependimentos, que sufocam o pecado saudável...
Dance pelo arco-íris, o coveiro da chuva de verão...
Dance pelo amor eterno, aquele que um dia sempre acaba...
Dance pelo primeiro beijo, que reduz o infinito a um segundo...
Dance pelo vestido da Marilyn Monroe, outrora tão recheado da dona...
Dance pelo final de Casablanca, o início de tantas amizades...
Dance pela fabrica da Studebaker, que faliu em 1966...
Dance pela tinta zarcão, que esconde a implacável ferrugem...
Dance pelo anjo-da-guarda, o discreto e bom conselheiro.
Dance pelo sistema plantation, que vai desertificar a Amazônia...
Dance pelo instante do orgasmo, que foi, é ou um dia será...
Dance por você, pensando numa salsa cubana...
Dance pela humanidade, pensando num merengue paraense...
Dance pelos inviáveis, num samba quadradinho e sincopado...
Dance uma valsa vienense, pelo sucesso do seu vizinho...
Dance, dance mesmo assim: pelo teu último sonho, pela próxima notícia,
pelo sol que brilha na praia ou por uma vida nova e repleta de oportunidades...
Dance pelo que você jurou que seria e que ainda pode ser, pois tudo
só depende de sua dança... 
 
 

(Beto Palaio) 
 
 

Feche os olhos e sinta
O toque penetrante
dessas cordas vibrantes
na pungência da emoção
Deixe penetrar em seu coração
e a alma flutuar leve
Libere seu sentir
Não contenha os sentimentos
Simplesmente sinta
...deixe-se fluir
e será como um rio caudaloso
escorrendo e lavando a dor
Sinta o sangue a correr em suas veias
Sim...você está vivo!
Deixe-se tomar por inteiro
A música invadindo seu corpo
e penetranto em sua alma
Apenas sinta...
Solte seu corpo
Se liberte das amarras 

... Se solte...
 
e numa explosão de amor


.....   dance
........       dance
...............         dance .........


a dança do amor sem fronteiras


Ianê Mello

Ouça: Trio Joubran - The music is from album "Sou' Fahm"- Samir Joubran

O EQUILIBRISTA







Minha vida é um trapézio
Sem rede para segurar minha queda
Olho para o vazio abaixo
Mas não caio

Meu andaime é a corda bamba
Com um varapau como companheiro
Ao caminhar resoluto, bambeio
Mas não caio

O público ovaciona a travessia
Minha ex-mulher grita "tomara que caia"
Meu patrão rasga meu holerite
Mas não caio

A corda bamba é feita de arco-íris
Há um anjo em cada ponta, protetores
Pula na corda um deus menino
Mas não caio

Uma diáfana mãe vem me seguir
Com seu próprio varapau a se equilibrar
Ela passa com receio que eu caia
Mas não caio

Há nesta corda um grifo nebuloso
O próprio universo que vem se regozijar
Do tempo que ele empresta e toma
Nele eu caio
 
 
Beto Palaio 
 
 
 
 
Equilibro na corda bamba 
como um exímio trapezista
Sei que não há nada 
para amparar minha queda 
Mas me mantenho firme


Bambeio, faço que vou cair
mas meu corpo se reequilibra
numa dança perigosa
corpo pra lá e pra cá


O público como num circo
observa estupefacto e apreensivo
Meus inimigos torcem pela minha queda
Mas me equilibro


Corpo ao léu numa corda de emoções
e numa leve escapulida
um pensamento distraído
me acomete
 olho para baixo e vejo o chão
 sinto medo
a queda é certeira


Ianê Mello
 
 
 
 
 
Diálogo Poético: Beto Palaio, Ianê Mello

 

 


 

sábado, 14 de agosto de 2010

O ANJO DA CANOA


O Anjo assustado na Canoa
à deriva
ganha o Mar
Suas asas machucadas
cansadas
pensa que não pode mais voar.
Estou aqui poeta das Dunas
Donas, raparigas e santas
correntezas, correntes
para lhe acenar:
o cadeado está aberto!
Voe por sobre o horizonte
penetre Veredas
Cerrados
A moça na janela
O espera
suspira, compõe versos
para que possas se alimentar
Chegar mais forte,viril
e Belo
Horizonte imenso nos lábios Dela
Maior que seu Mar...


Lou Albergaria

A Dissolução - Desafio Poético




Sinto meu corpo a dissolver-se
a desconstrução em mim
de um ser já em desespero


O que resta?
Não mais me reconheço
Sou um mero espectro do que um dia fui

Quem sabe possa renascer mais íntegro

Agora, só me resta
deixar-me diluir lentamente
até nada sobrar desse meu eu

Reconstruir-me exige coragem
mas voltarei pois esta não me falta
Surpreenderei a todos,
amigos e inimigos

Preparem-se para o meu retorno...



Ianê Mello


Retrato da Vida


Eu não tinha este rosto frio e triste
Meus músculos estão fracos, sem forças.
As mãos tremem e estão calejadas
Não sou a imagem daquele espelho.

Meus cabelos estão brancos, sem vida.
Meu rosto é calmo e enrugado
Parece que o coração se perdeu...
Este espelho não mostra a minha alma.

Assim, sem vida, está minha face.
Meus olhos são tristes e vazios
Não suporto mais os dias tão frios!


Tenho as mãos enrugadas e mortas
Não tenho rosto, não tenho força.
No espelho, vejo a morte vazia!


Machado de Carlos

Publicado no Recanto das Letras
Código do texto: T1420338




Uma verdade me perturba a mente e me consome o [coração:
Sinto a existência me pesar nos ombros como a Cruz à [humanidade.
E o que vejo é o que tenho: uma bengala me tomando a [direção.

Explico. Tomei pra mim a condição sublime da [existência e cri,
Como Aquiles, que fosse esse o tratado. No entanto, na [realidade,
Descobri que me enganava; e, como K., comecei a admitir

Que nunca chegaria a sustentar minha querença. Mas, ao [contrário
Do que eu esperava, essa desilusão fortaleceu minha [vontade;
E, mesmo não sendo Teseu, acho que posso espantar o [Minotauro.


RODRIGO DELLA SANTINA

***
Dissolvo hipocrisias
Realinhando valores, princípios
os fins que me justificam;
Na fragilidade descubro a fortaleza
sou forte, frágil
na Rosa dos Ventos
alimento-me de dúvidas
indelével esperança;
Habito a Infância
na cronologia do tempo
O Vento
compreende essa fadiga
o meu rugir, uivos
delírios infantes
uma face do prisma
salta da angústia
dando forma a esse caleidoscópio
que me define e espanta.



Lou Albergaria

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Mundo paralelo



Quando a lua nova desponta
no céu por entre as nuvens
minha alma entontece
mediante infinda beleza
A lua vem a inspirar meus sonhos...

por entre linhas obscuras
de vielas sujas da cidade
cumpre-se a profecia
soltam-se os prateados
outrora enclausurados
nesse teu astro beatificado...


Toda a sombra se faz luz
o pratear da lua
O obscuro torna-se claro
Os recônditos escondidos
iluminados serão


Por esse astro idolatrado
perfumado por flores nocturnas
atingidas por raios coloridos
que rebentam ao toque dum dedo
como bolhas de água envidraçada


Tudo é luz e cor nesse novo mundo
O amor inebria com seu perfume
O coração cria asas para sonhar
Entregues a esse mágico momento
Nos tornamos apenas um

domador e marioneta
mar de água doce e salgada
onde nadamos gémeos na procura
observados da longínqua costa...
através da janela
do nosso mundo...



Ianê Mello/JC Patrão 


Uma Receita de Paz

A luz brilhou!... Era teu coração...
Encontrei nele a pura passagem:
e para respirar nova aragem:
— Ouço as vozes, — É a tua canção!...

À distância, morri no teu clarão,
estatizei versos pra tua imagem!
E Eu estava só na longa viagem,
Saí da vã e triste solidão!...

— Ligo-me... E a tua voz vem e me encanta!
... E os Anjos chegam na hora santa,
E engulo cada nota do teu piano!

Em guirlandas gritei: — adeus açoites!
Deixei de ser só na gélida noite...
Durmo na tua Paz, — Já noutro plano!...

Machado de Carlos

Publicado no Recanto das Letras em 12/08/2010
Código do texto: T2434324
***



Menino...
Sábio esforço o Teu
De procurar na Morte
o Sentido da Vida
E no Amor
o Sentido de Deus.

Te amar é tão fácil...

Tuas palavras tecem afeto e rede
na qual quero me deitar
oferecer-te o colo
seios e pele
sugar-lhe o vinho
escondido no cálice
da eterna busca
por um sentimento infinito
de Cura
para as Dores que Sou
Ferida na Alma
que não cicatriza nunca
necessita tua saliva
beijos profundos
que nos transporta
entre vários Mundos
até que eu me albergue em ti
E possa Viver/Morrer para sempre
nos braços teus...


Lou Albergaria

Caos




























Joio e trigo
Vicejam
E se confundem
Na lavra
De minh'alma

À espreita
Aguardo
Momento
Apropriado
Para
Separá-los

E
Quando chega
A hora
Ai
Que deixo
A erva
Daninha
E jogo
O trigo
Fora




Zélia Guardiano



Por tantas vezes
Desejei tudo que via
E algumas horas
Me frustrei como infante.
De nada vale
O que digo nesse instante
Se o meu agora
Prende-se ao imaginário
Querem acabar
Com essa dor angustiante?
_Dêem-me o supérfluo
E eu dispenso o necessário.
Jairo Cerqueira

domingo, 8 de agosto de 2010

Desafio poético: Poema quadrado

O desafio proposto é construirmos textos (em prosa ou verso) que tragam em sua estrutura quatro palavras, cada uma destas deve ser utilizada ao menos duas vezes em categorias gramaticais diferentes. Segue um exemplo:

Sonho - Caminho
Casa - Planta


Sonho com nossa casa
Casa comigo. Vem, me abraça
Planta a felicidade em meu caminho
A felicidade é o nosso ninho
Por isso caminho junto a ti
é o meu destino. O meu sonho
estar aqui
Como uma planta
e
n
r
a
i
z
a
d
a
em ti.



(Marcelino)



Falácia



... enquanto sem pão e sem prosperidade
neste país, se houver um só homem
sem trabalho, sem pão e sem letras:
— Só cem tetos, sem nenhum pão — uma farsa!


Se houver trabalho neste trabalho...
... enquanto o teto será de letras
cem, sem todas falsas, — uma só farsa!
Há o homem sem pão, — o pão do seu país!


Neste país, se houver pão de letras...
... enquanto todo homem será de letras
há prosperidade e letras sem pão.


O país do pão e trabalho sem teto;
força, força sem prosperidade
Sem trabalho serão todos sem teto!...


Machado de Carlos


***
O albergue vazio...
Sonho teus olhos
diluindo meu corpo
e suando desejos
transpiro teus beijos todos
mas quando acordo
jaz um pesadelo oco.
O Sonho evapora
resta-me o albergue vazio
coração apressado
desvairado
deixou-me sem ninho.
O apressado derrubou-me
bem na hora do afago.
Corro agora nesse passo
desatinado
estética e senso atropelados.
O vazio da alma ocupa tanto espaço
que não me encontro mais em mim
Fui desalojada, por fim.
Que fazer para que o albergue de novo
nessa alma já tão cansada
e sedenta de ti?...


Lou Albergaria



Deixei de sonhar, embora ainda vagueie no teu sonho.
Estou parada neste encruzilhada, embora saiba exactamente onde fica a casa, que partilhei contigo.
Lembro-me de como o caminho era sinuoso, das histórias de vampiros que inventavas enquanto caminhávamos.
Das plantas em que tinhas orgulho...
De como gostavas de te sentar ao fim da tarde no banco do jardim e escrever tudo o que querias plantar na estação seguinte...
Como se fosse possível casar a rosa com o malmequer ou o cravo com o lírio...
Nunca saberei agora...porque tudo morreu no dia da minha solidão...



Sandra



O caminho desse sonho é uma casa que seja planta que cresça, apareça e brotem flores, frutos, pequenas esperanças. 
Do caminho acordo em desalinho. 
Da casa fez-se um sonho. 
Terrestre esse destino criou raízes.
Amanheceu e um ninho de canários cantavam na nossa planta.





Luiza Maciel Nogueira 





O vento ronda a Oeste, as vagas piramidais ficam mais pequenas e mais espaçadas, o céu caótico começa a deixar passar uma mancha de azul, ou duas: não há dúvida, o mau tempo passou. 
É o momento de arrumar o barco, ver se há estragos, repará-los se for caso disso e seguir. 
O rumo talvez não seja exatamente o mesmo, mas o destino é. 
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