O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




domingo, 31 de outubro de 2010

CAPITU




O amor ainda resiste, amar nunca muda
Neste filme cult com Capitu em cena
Na dor da solidão de um cinema vazio
Nua parcialmente. Nas luzes que piscam
Onde ela se mostra a sorver doçuras
Seu jeito de ser. Segura e charmosa
Na ânsia de amar. Entre um take e outro 


Um grande amor  e fantasia
em olhos oblíquos de cigana
onde neles guarda 
o poder da dissimulação
Capitu, mulher de encantos
fascínio, enigma, mistério
segredos e ardis...
Ambigua figura
sereia do mar
em seu canto que encanta
captando maliciosos olhares
Um passo para o vício
para o naufrágio do amor


O amor é total e livre, ou jamais o será
O cinema é rio. De janeiro a dezembro
Preto e branca é a cena. Com Capitu
Em filme salpicado de traços e manchas
A estória é um ranço, um jeu de mots
Com Capitu, a artista, a estrear nas telas 
Um tanto tremida, incomum e devassa


A vida num flashback
Homem  solitário e casmurro
Dom Casmurro se torna então
Desiludido e   amargurado 
à procura do tempo perdido
para atar as duas pontas da vida,
infância e velhice
Reencontra a  sua vida
com essa mulher que lhe fascina


Fãs formam fila desde o dia da estréia
Uma webcam aponta para os letreiros
Ali Capitu aparece solitária e lânguida
Embora triste, exorbitantemente triste
Tendo nas mãos um camafeu de prata
Dele sai uma cobra deslizante e ferina
A testar Capitu como testou Cleópatra


Afinal, quem é Capitu?
A pergunta ecoa através dos tempos
Suspeita de traição
Adútera e profana terá sido?
Acusada pelo enciumado marido
nobre e altiva se porta
silenciando às  acusações
Seu silêncio lhe confere grandeza
e reforça a dúvida existente
Assim, permanece o enigma.



Beto Palaio e Ianê Mello
(Inspirado em Capitu de Machado de Assis)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O poeta e o poema

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O caruncho



De olhos fechados caminho ao futuro.
Não como a folha que ao deitar no rio
Não lhe pergunta: “Aonde vais? Partiu
Teu coração alguma deusa impura?”,

Mas como o cão cuja coleira o empurra
Ao sacrifício, sem angústia ou frio.
Todos os dias eu acordo e crio
Uma atmosfera de esperança e cura.

Quero entreter por um momento os deuses
E respirar um pouco de saudade.
Mas o futuro vive à espreita; e os meses

Vão carcomendo as bordas da vontade;
Como o caruncho, que, inda morto, às vezes,
Retorna e continua a atividade.

RODRIGO DELLA SANTINA

ODES PARA UMA FLOR




Flor da manhã
primaveril e orvalhada
botão que se desvela
pouco a pouco
entregue aos raios de sol
pétalas de cetim rubras
carmesim
Perfume inebriante
exala em todo ar
encanta os sentidos
em gemidos e prazeres.


Ela, ascende, com claridade
surge em chamas de alquimia
em trajetória além do canteiro
castelos de areia e fatos afins
longe dos afazeres humanos
com afável rito de exorcizar
amores descuidados em conluio 
flor que se compraz no ofertar.


Flor encantada
especialmente criada
 para o deleite de um só
Flor pelo amor despetalada
busca ao sol enamorada
e a ele se entrega
em pétalas, em perfumes
Em ofertas e cuidados
ele a acolhe rubro
 e com seu calor  a aquece
Mágico resplandece
r de flor e sol
Primavera de amor.


Do despertar em fatos narrados
desde os confins da trama eólica
ventos em cardumes desgarrados
agita cílios de flor jamais postiços
até ao lindo astral se abrir inteira
flor que doa primaveras imensas
a convidar aos gráceis momentos
num perpetuar de gozo em gozo.


Flor primeira
nascida no esplendor da estação
flor de quimeras
flor de espinhos que não ferem
Perfumes místicos e sublimes
em olfatos que se perdem
extasiados em completa doação
Flor mística de cor rósea
intumescida por inimagináveis deleites ...
Aberta em pétalas ao amor.  


Declara a flor sua independência
quer correr sombreados arvoredos
andar léguas para enfim se aninhar
perto dum regato cantor e inquieto
passar seus dias em total harmonia
a criar fantasias que se eternizem
escolar-se com as noites estreladas
na faina permanente do deslumbre.


Beto Palaio e Ianê Mello




Flôr encantada
Flôr da manhã
Flôr perfumada
e encontrada
despetalada
em terra chã...
Flôr dum jardim
Flôr de quimeras
que noutras eras
enamoravas
jograis, cantores
lindos amores,
damas enfim...
Flôr do encanto
do meu recanto
Flôr de jacinto
Flôr da roseira
a flôr primeira
da mais linda côr...
Flôr que desperta
Por fim aberta
em pétalas de amor...





Joaquim Vale Cruz

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

DESFOLHAR DO AMOR



Toda alfazema que exala
Do sabonete em desconstrução
Cada vez que somos vistos
De perfil ou de soslaio
A ilusão que seja mantida
Em plena luz, voeja, espaçada 
Do amor em tálamo coralino
Consoantes as róseas verdades
Do travesseiro ao pé da cama
Num enlaçado de suspiros
O amor pousa pepitas poéticas
Gozos diáfanos.


Todo odor, da alfazema 
ao frescor do hortelã
que de sua boca exala
e seu gosto deixa na minha
a vontade de mais um beijo
nos convida ao desejo
as carícias cada vez mais plenas
O amor vibra de suaves notas
aos tons mais graves 
de uma bela e harmônica sinfonia
Sensitivos em luzes e cores
resplandecendo em amores
somos pura luz que resplandece.


somos o que nunca planejamos 
mas quando planejamos não somos 
por isso a poesia é tão inconclusa 
o desvendar ainda nos surpreende
um poema que se entrega copioso
deixa que se revele o lado limpo
que todo poema pouco amarrotado
possui em cor, forma e conteúdo.


E assim nos desvendamos em palavras
nos perdemos em sons 
no poema que revela
palavras puras, palavras quentes
nem sempre só palavras
mas daquelas que ausentes
se resguardam em compor versos
Sentir é difícil de exprimir
condensar em parcas linhas
 o que extravasa o próprio ser.


Dura a nossa festa noite adentro
O mar ronronou seus delírios noturnos 
Neste bocadinho exposto de lençol
Num pecaminoso delírio exacerbado
O êxtase de dez valsas vienenses
Mãos que nos retiram as máscaras
Próprias dos inconfessáveis momentos 
Descritos em leveza e estrelas âmbar 
Ao adentrarmos a madrugada, o sol
Tinge a cortina de cores carnais
Seu sono busca meu peito e pede
Pelo contínuo toque de seda do beijo.


E quando tomados pelo sono do desejo satisfeito
adormecemos como anjos celestiais
Enrodilhados nossos corpos
aquecidos um no outro
dormimos o sono dos justos
nos braços do amor que nos envolve
Na penumbra do quarto
as cores do amanhecer que se anuncia
e nós enlevados à ele nos entregamos plácidos.



Beto Palaio e Ianê Mello




Tudo começou com o odor da alfazema
acompanhado com sabor da hortelã
e acabou numa manhã serena
com os suores de uma febre terçã...

Não...suores de febre... mas de amor
do amor em talamo coralino
onde enrodilhados corpos faz supor
que ambos encontraram seu destino

Do travesseiro, aos pés da cama..
ouvem-se só suspiros, gemidos e ais
sons do amor que só reclama
que esse gozo, não termine nunca mais...

Aquelas bocas, que se mordem loucas
numa loucura plena de desejo
fazem ouvir numas frases roucas
toda a tortura que envolve o beijo

Nos corpos vibram então suaves notas
nessa Ode que podia ser da Alegria
e em seus movimentos, marcam rotas
com os sons da mais bela sinfonia

E veio o suave amanhecer
com a penumbra a envolver aquele leito
Em que esses corpos fizeram acontecer
a doce sensação...do desejo satisfeito....






Joaquim Vale Cruz



Poeta Carlos Maia: Alguns poemas de Mário Quintana.

Reinato Oliveira -" Avant premier "



Avant premier em
meu peito
Belo festival de
cores
Um  Arco-iris
perfeito
Rara guirlanda
de flores


Ouço sons da
quietude
Sutis breves
profundos
Meu coração
alaude
Quer relatar
o mundo


Cai a noite, é
toda lua
Como breve paixão
confessa
Do querer que das
mãos escapa
Nossa nudez nos
revela
Cravos,rosas em
nossa sala
Margaridas na
janela!!!





Sonho Real



Sonho Real


Chegaste com teu corpo selvagem!...
Ah!... Ímpetos... Mergulhei na floresta...
No ilícito encontro de festa,
E com suaves deslizes na viajem!...


Tudo era leal e, na vantagem
Senti todo o Império da fresta!...
Ah!... Rosa úmida, graúna mestra...
Tomei as gotículas da tua imagem!


Amei as batidas do teu pulso;
No vai-vem morri em cada impulso...
Tenho tua marca de bronze na relva!...


Naquela noite, — únicos... Âncoras!...
Tomei a taça de mel; cheio de âmbar!
Anelei em teu corpo: — Bela Selva!...


Machado de Carlos







AFORISMOS CRIADOS COM ORAÇÃO

Sassoferrato "The Virgin in Praye"

A oração é a principal viajante no tempo e espaço. A oração é luz.

Orar é um ato de contrição e de respeito ao sublime.

Tudo que existe tem sintonia com a oração. 

A oração traz paz e harmonia à alma atormentada.

Pensar positivo é orar.

Orar é entregar-se nas mãos de Deus e a ele confiar nossas aflições.

No silêncio da tarde a oração é um arco-íris sem chuva.

O amor é uma forma de oração.Os olhos rezam mais que o pensamento.

Orar é abdicar das verdades terrenas e compreender que uma força maior move o mundo.

A oração é uma ponte aérea entre nós e Deus.

Deus é único e  tem vários nomes. A oração, seja em que religião for, sempre  leva à Deus.

A oração anda descalça até para servir os maiores deste mundo.

Não importa a cor, o credo, nada... Todo e qualquer ser humano pode ser agraciado pelo poder da oração.

A oração que não se traduz em atos não pode ser chamada de oração.

A fé dá ao ser humano o  alento que ele precisa para não esmorecer e seguir em frente seu caminho.

A oração sempre ilumina os caminhos que tememos percorrer.

No desespero ore e sentirá seu coração abrandar-se.

A oração é a chave para um cofre que raramente abrimos, mas que nos acompanha a vida toda.

Não se deve subestimar o poder da oração. É como duvidar da existência do divino.

Oração sem caridade é vela sem pavio.

Orar com fé é o primeiro passo para ter seu pedido atendido.

A fé nos aproxima de Deus.Palavras bonitas raramente enfeitam a alma.

A oração é um porto seguro em momentos de tempestade.

O canto dos pássaros é a primeira oração a homenagear o dia.

A voz em oração é um cântico de fé.A oração conta com o pensamento para fluir.

Frases feitas nunca são boas orações.

Orar é é um sentimento de quietude que envolve a alma.

Para os momentos tristes as orações pingam como água na goteira.

A oração é como o bálsamo que cura as feridas.

“Amo você” deveria ser considerada como a mais bela das orações sagradas.

Orar requer simplicidade nas palavras. O que importa é a sinceridade contida nelas.

Pequenas orações para dores gigantes, eis aqui os verdadeiros Davi e Golias.

Qualquer um de nós sabe orar, basta ter fé e acreditar que a graça será recebida. 

Solidão e silêncio, aqui a oração é a melhor companheira.


Beto Palaio e Ianê Mello

terça-feira, 26 de outubro de 2010

HUMANO IV



E eu me enrodilho
em pernas
em braços
e amores
Me perco em sonhos,
visões, carícias
E me trasporto
ao sublime
num ato de amor
Enveredo por caminhos
escondidos...
por jardins florescentes
e céu de anil
Em nuvens de algodão
me deito
extasiada e completa
Mulher que sou
Em meus olhos
rebrilham os seus
em arco-íris
de paixão
em pura luz
Minha boca
que se cala
num doce beijo
de mel e hortelã
Sou sua
e cada vez mais
sou minha
Em você
me reencontro
Inteira, intensa, verdadeira.


Ianê Mello

Ausência


Francine Van Home


Amanheço em tons e sons
soturnos
quase inaudíveis
O sol de faz presente
nas frestas da janela
entraberta...
Vazio da angústia
da espera
Solidão
Não...
...quero me bastar
Aprender a ser só
Mas meu corpo
clama
a sua presença
Minha alma 
chama
pelo seu terno amor
Sou sua
e de mim
me perco
e me refaço
em sua presença
em luz
em sol
em cor.


Ianê Mello




Em ti me amanheço
e nem me conheço
nem sequer mereço
teu querer
teu sonhar
mas ao madrugar
é bom encontrar
teus braços
teus laços
tão ternos
fraternos
convidando a amar...
Não quero a angústia
de ter de esperar
nem a solidão
de corpos ausentes
nem essa paixão
que nos põe doentes
quero ver a luz,
o sol
e a côr
que por fim nos trazem

um tão lindo amor...



Joaquim Vale Cruz
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