O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




segunda-feira, 30 de maio de 2011

O Tempo e o Vento




(Pintura de Gustave Cailebotte)


O vento a soprar
roupas no varal
ao sabor do vento
que assovia mansamente
cálida manhã
frescor de lavanda
alfazema em flor
vida que se espalha
em verdes campos
serena e tranquila
o tempo que foge
das mãos
acalentando sonhos
simples cotidiano
placidez de estar

Ianê Mello

domingo, 29 de maio de 2011

Sábado Poético 1 (Facebook - Grupo Livre Criar é só criar)



POESIA INTERATIVA 
(28.05.2011)
  

Pintura de Wladimir Kush


Gostaria de propor a vocês para a nossa primeira postagem, uma poesia interativa.
Vai ser como montar um quebra-cabeças. O objetivo dessa postagem é uma poesia interativa, onde cada um posta seus versos procurando complementar os versos escritos anteriormente.
Vamos tentar fazer uma poesia em conjunto até que cheguemos a um final que faça sentido ao juntarmos todas as peças. 
Gostaram da idéia? Então vamos lá. Mãos à obra.

A imagem proposta é a pintura de  Wladimir Kush.


Vamos dar asas à imaginação...


Sátiros flamejantes
Faunos travêssos em labaredas
Incendeiam-me a alma
Essa flor impetuosa
Transmutada em fogueira ...

O calor dos corpos em profusão
numa dança que irradia
como lavas de um vulcão
em flor incandescente
labaredas de paixão
em vôos de liberdade 

Por isso resolveram
Pegar carona no vento
Para conhecer o mundo. 
Passaram por vários lugares
E são meros facundos
Que criam raízes aos milhares

anima-os o sol, o vento,
o beijo fecundo das abelhas,
a lua que lhes transmite alento;
ao chegar a aurora jardineira
polvilha-os com líquidas centelhas,
gotículas de vida passageira
que os seus braços feitos telhas
transportam à terra sedenta ...

Alçadas na brisa que as rodeia
Luminosas partículas da fogueira
Espalham-se ao vento sem alarde
Rastros que a tudo incendeiam
Propagam essa paixão à eternidade

E neste dançar pulsante
Entre línguas flamejantes
Levadas ao sabor do vento
agradecem a Deusa Lua
tão benfazeja alegria
deste solstício fecundo 

E nessa dança atrevida
A quem chamamos de Vida
Bailam Eros e Tanatus
Lutas da Vida e da Morte
Nesse fogo arrefecido
Crescem novas labaredas
Que com paixão e com sorte
Dão-lhe de nôvo sentido

E a vida em eternos floreios
dançares em comunhão
em corpos que se harmonizam
criando o Tao do amor
tendo como coadjuvante
a natureza complacente
que a tudo observa com fervor 

Se a vida me sorri
pétalas de fogo
entrego ao partir
laços eternos quebrados
frágeis enlaces
tornam-se pó  
redemoinhos na estrada
fim.


Diálogo Poético: Ricardo Daiha, Ianê Mello, Nilton Pavin, Pepe da Néte, Enice de Faria, Lou Albergaria

sexta-feira, 27 de maio de 2011

NINHOS EM PERGAMINHOS...



Cada pessoa, uma sina.
Eu, só caminhos que
Correm pro útero

Ninho. Colo de Mãe.
Semente. Lã.

Teço suspiros no algodão doce
O fim da estrela é o começo da manhã.

Lou Albergaria

quinta-feira, 26 de maio de 2011

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A Fragilidade da Vida





Hoje, a angústia se fez minha companheira ao fitar um prédio em chamas. Prédio próximo à minha residência. Podia vislumbrar as chama através de seu reflexo na janela do prédio em frente ao meu. Pessoas nesse prédio se avolumavam nas varandas , movidas, talvez, pela mesma apreensão que eu e outras, acredito, que por mera curiosidade ( o ser humano costuma ser curioso, mas nem sempre solidário). De onde eu estava, só conseguia ver com muita dificuldade, o prédio envolto em espessa fumaça que se espalhava. O fogo lambia lento, vagarosamente... ganhando força com o vento.
Saí à rua, pois estava próxima ao local do incêndio. Chegando lá vi que o trânsito havia sido desviado, pois a rua em que o prédio se localiza estava parcialmente interditada, onde carros de bombeiros estacionados liberavam seus homens com suas mangueiras para lutar contra o fogo insano. A dificuldade para acessar a parte do prédio incendiada era grande. Esses corajosos homens buscavam por todos os meios encontrar o melhor acesso para poderem deter o incêndio, bem como para resgatar pessoas que se encontravam ainda dentro dele, com suas vidas correndo risco. Assim como eu, pessoas saíram de suas casas e se amontoavam na rua para ver de perto o que se passava. Mas mal se podia ver a parte do prédio atingida, pois havia um recuo para chegar ao mesmo e a parte atingida pelo fogo ficava no bloco detrás, o que impedia uma visão mais clara. Como terá começado esse incêndio, o que o terá provocado? Ninguém sabia. Quando voltei para casa, liguei a televisão em busca de notícias, pois me sentia aflita e queria saber se havia vítimas. Quase nada se falava, apenas o superficial, pois ainda ninguém sabia de nada mais concreto. Que havia vidas em risco era lógico para qualquer um, mas quantos e qual a gravidade, não se imaginava. Agora sei que houveram algumas vítimas, mas ianda não sei o estado em que se encontram. Fatos assim nos levam a sentir o quão frágil é a vida. Podemos estar tranquilamente em casa ou chegando do trabalho para o merecido descanso e sermos surpreendidos com esse tipo de fatalidade.
Imaginei Aquelas pessoas que estavam dentro do prédio. Sua agonia, seu desespero, seu medo da morte e pedi por elas. Imaginei também, àquelas que chegaram de seu trabalho e encontraram esse quadro terrível.
É... viver é estar preparado para tudo, inclusive para o inevitável fim que um dia certamente chegará.

Ianê Mello

quarta-feira, 11 de maio de 2011

PALAVRAS LIBERTAS




as palavras ressoam
retornam ao branco do papel
tingem-no de escarlate
em sombras e deslizes
a mão percorre suave
embora atenta
guiada pelo lamento
que dentro se avoluma
permita, palavra
sua livre expressão
por este ser em conflito
inacabado e imperfeito
que em você ainda encontra
algum refúgio para a dor
que deveras assalta
uma alma atormentada
palavra... palavras...
não se apartem de mim
sejam meu verbo
minha voz entoada
o grito no escuro
o entalhe na carne
em carne viva exposta
palavra tingida
em sangue ungida
palavra que cura
remedeia a ferida
palavra que ganha


........


asas...






Ianê Mello

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Mente Inquieta







Minha cama macia e quente
me convida ao doce sono
mas meu coração 
não se aquieta
não se entrega em abandono
Pensamentos me acometem
e me tomam de assalto
como nuvens escuras
que se avolumam no azul do céu
A tempestade se anuncia
como encontrar a paz que anseio?
Meu corpo dorido e cansado
deixa marcas no colchão
Levanto contrariada
É o que me resta no momento
Encontrar algo a fazer
que leve embora esse tormento
Nessas horas eu encontro
na poesia minha salvação
e a ela me entrego
de corpo e alma
As palavras bailam na tela
num vai e vem constante
em rodopios e saltos ...
Às vezes fazem sentido,
noutras, acho que não
Mas o que importa?
Varro da minha mente
a poeira do passado,
as auguras do presente
e quando enfim acabo
deito meu corpo e adormeço...


Ianê Mello

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O Fantasma do Medo






medo, medo, medo
qual será o segredo
para vencer o fantasma?

enfrentá-lo é preciso
encará-lo de frente
com coragem e garra
o medo é vencido


Ianê Mello


tenho muito medo
de partir
de parir
o mesmo enredo...


Joe Canônico

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Fragmentada




hoje a vida parou
num fragmento de espaço
o tudo se torna ausente
o vazio toma forma
uma pessoa
um vulto
um bem querer
uma falta que se faz
no passar das horas
aonde estarás?
sem palavras
sem desculpas
sem apelos
sem despedidas
um corpo na bruma
que se esgueira
e simplesmente
se desfaz...



Ianê Mello
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