O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




segunda-feira, 31 de maio de 2010

Selo Premiado

Ganhei um selo maravilhoso!!!

 

 

Ganhei este selo criado pela Bia, do Música e flores, mas ofertado pelo blog A Mina do Cara.
Agradeço de coração e indico os seguintes blogs para repassá-lo:

Ivan Cezar


O que me inspira a escrever é a vontade de me descobrir cada vez mais.

Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.

Bem, como amo a música e amo as flores, sinceramente não teria como escolher entre elas. Se  as flores cantassem e as músicas florissem esse mundo seria maravilhoso.
___

Então é isso, com a palavra a criadora do selo, Bia:

Como a maioria, meu selo tem regras - tão estranho dizer regras - .

1) Deve-se posta-lo no blog;
2) Dizer o que te inspira ao escrever;
3) Indicar cinco outros blogs;
4) Deixar uma frase ou texto do seu escritor favorito.
e por fim responder:
5) Prefere músicas ou Flores? 

domingo, 30 de maio de 2010

Vontade de Voar





















Sou pássaro
mas partiram minhas asas ao nascer
Tornei-me esse ser estranho
com desejos de voar
mas sem poder.


Ianê Mello



Não cuideis, ó ventos de Eolo, que vossas bochechas
                                               [infladas metem-me medo.
Sou filho de Apolo, neto de Zeus.
Meu sangue é quente como o deus do sol, Hélios,
E tenho a tristeza dos anjos de Dédalo.

Na alma, as imolações antigas,
O passado sempre à frente,
A intrepidez de Prometeu,
A esperança do filho de Laio.

Meu caminho é o horizonte, a verdade, o indefinido.
Carrego no colo o silêncio eterno (a inquietação sublime)
                              [de Harpócrates que, como aquela ninfa,
                                                                 [reverbera em mim.

Por isso escrevo. E não há coisa alguma que podeis fazer.
Portanto, não cuideis, ó ventos de Eolo, que
                         [meteis-me medo: o ar é meu.
O ar, o fogo, a criação de mim.



RODRIGO DELLA SANTINA




Diálogo Poético - Colaboradores: Ianê Mello(imagem e poema), Rodrigo Della Santina









sexta-feira, 28 de maio de 2010

À RAINHA DOS MARES





Ondas chegam com cânticos de pérolas;
— Eis, a sintonia das cores fortes!...
A cigana tem cartas duma sorte...
... São arrepios arfantes duma célula!

Era um sonho... E Ela saiu da névoa...
Airoso coração do rumo norte!...
Vi o filme inteiro e sem cortes!
O dia virou a noite do alvéolo...

Rodadas!... Dum branco do Universo!...
Tremi... Inteiro na estrutura dos meus versos.
...! Com corpo e pele sem reflexo:

— Fui teu Sísifo com a ousadia...
... E lançaram flores à ventania;
E ao som luminoso e perplexo!

Imagem Gentilmente Cedida pela proprietária do Blog

Machado de Carlos

Publicado no Recanto das Letras em 22/05/2010
Código do texto: T2272933

O Avesso da Vida


OCULTAR A VERDADE
REVELAR A MENTIRA
SUBIR PRA CIMA
DESCER PRA BAIXO
DEITAR NA HORIZONTAL
ANDAR SOBRE OS PÉS
ESCONDIDOS EM PELE DE CORDEIRO.

CANSEI DE TANTOS PLEONASMOS!!!

BEBER ÁGUA LÍQUIDA
CHUPAR GELO SECO
EU QUERO DEITAR NA CAMA
PRA NÃO DORMIR
IR PRO CHUVEIRO
PRA NÃO TOMAR BANHO

COMER CARNE NA SEXTA-FEIRA SANTA
TREPAR MAIS VEZES QUE UM COELHO
COM A PARCIMÔNIA DE UMA TARTARUGA
SENTINDO CADA NERVURA
DO CASCO DURO.

VIVER O ANTAGONISMO DO ÓBVIO
JUNTAR OS OPOSTOS
SINERGIA DE SENTIMENTOS
AMPUTAÇÃO DO QUE SOBRA
GEMIDO VIRTUAL
IMATURIDADE
CARA DE PAU.

TRANSPLANTE DO QUE FALTA
TOQUE DE PELE
OLHO NO OLHO
CALOR QUE AQUEÇA.

E UM AMOR QUE SAIBA AMAR DE VERDADE
NÃO ESMOREÇA

GEMIDO REAL

PURO ÊXTASE.

EM UM GRITO ALUCINANTE DE SILÊNCIO...


Lou Albergaria



O AVESSO DA VIDA


Ser o avesso do avesso
Nem fim, nem começo
Rosto marcado
Amor roubado

Sentir sem sentido
Escutar o gemido
das entranhas do ser
Ser cego e mudo
Mas atento e preciso
Olhos abertos na escuridão
brilham mais do que a própria visão

Ser bom, ser mal
Não ser mais que fatal
pois a vida assim o é
Humanos somos, humanos...
e desumanos nos tornamos
quando ferido, quando apunhalados

Amor é para doar
mas há pessoas a magoar
corações cheios e amor
por não suportarem a dor
que eles próprios sentem
e não sabem asumir
Viver é um eterno fingir...

Fingir sorrisos,
Falsas alegrias
Palavras de fantasias
Vontades manifestas e nunca cumpridas

Beber o vinho da vida
Como fora o " Santo Graal "
Sentir-se o podereoso, o maioral
Mas a vida é mais que o sonho
A vida é estonteantemente real


Ianê Mello



Avezo 27,7

A verdade no avesso
Pode ser habituar a viver
Com clareza e cumplicidade
Saber que o bem querer
Cai para o alto
E nunca pegou de assalto
Disse a que veio
Fazer-te vinho
Também ir para o chuveiro
Mas não para banho
E não beijo no asfalto
Tocar teu olhar
Degustar teu gemido
Maturar tua mente
Fazer arder habilmente
Eu já grito alto em bom tom
Para que você escute no planalto
E de sobressalto você mude tua moral

Ulisses Reis®



Como alterar a solidão do espírito?
Meu fingimento é uma mudança física.
E inda que eu queira ser alguém distinto
A minha sombra se mantém escondida.

RODRIGO DELLA SANTINA


Diálogo poético - Colaboradores: Lou Albergaria, Ianê Mello, Ulisses Reis, Rodrigo Della Santina

POETA FINGIDOR / Poesia - Loucura Lúcida


POETA É QUEM SABE OLHAR

O QUE NINGUÉM MAIS

CONSEGUE VER

POR ESTAREM

COM MUITA PRESSA

DE NÃO MAIS SER.


O POETA FINGE DORES

QUE NÃO SABE MAIS SENTIR

INVENTA ATÉ NOVAS FLORES

CHEIROS E CORES

DELICIA-SE EM NOVOS SABORES;

MAS O CORAÇÃO TRANSBORDA

ABISMOS VAZIOS

FRÁGEIS AMORES...


Lou Albergaria
Tela de Vladimir Kush






Poesia - Loucura Lúcida


Quintana em seu quarto no Hotel Majestik(hoje Casa de Cultura Mario Quintana-PA)
A diferença entre um poeta e um louco é que o
poeta sabe que é louco...
Porque a poesia é uma loucura lúcida.

Mario Quintana


Profundas nossas palavras
que gotejam emoção
como se fossem lavas
de um vulcão em erupção
Viscerais e pungentes
arrancadas de nossa alma
Sentimentos tão urgentes
que necessitam de expressão
e não ponderam a calma
O papel é o veículo
para nossa exortação
O instrumento precípuo
à nossa liberação
Súplicas podem ser
e urgem serem ouvidas
a quem as quiser ler
para que sejam sentidas
Gritam eloquentemente
saltando aos olhos de quem lê
Não há de ser mansamente
que expressaremos o sofrer
Seremos por isso dementes
estando sempre a mercê
de críticas incoerentes?

Nos sabemos loucos
como bem disse Quintana
Nos importarmos pra quê?
Se nossa mente é insana,
a lucidez ... é pra poucos

Ianê Mello


Se sou poeta, é por ser louco
Já nasci assim, marcado e torto
Vejo o mundo com mais lucidez
porque o vejo com outro olhar
Por ser poeta, e nasci marcado
Vejo o mundo de ponta-cabeça
mas não o maltrato, sou forte
como a natureza de um poeta é
como gado marcadom sou rei
meu olhar é majestoso, direi
sou o rio por onde passam
águas turvas e minerais
Além de poeta de mim
sou poesia dos demais

Mirze Souza



Praça da Alfândega (Porto Alegre) Quintana, Drummond e eu(Ianê)





Diálogos Poéticos - Colaboradores: Lou Albergaria( pintura e poema), Ianê Mello(pintura, foto e poema), Mirse Souza


quarta-feira, 26 de maio de 2010

Como o fluir de um rio


Jonh Collier " The Water Nymph "

 

 

Gostaria de poder chorar
e em minhas lágrimas derramar
todo o pranto
em meu peito congelado
em momentos de espanto.
...........................................

 

 
Ianê Mello

 

Não Chores


Quando passamos pela noite fria,
E o gelo cai sobre a nossa morada;
Precisamos vicejar a alvorada,
No entanto a dor ainda nos alicia...

Amor, esqueça a passagem sombria;
Deste mundo não levaremos nada!
Olvida aquela hora mal amada.
— Tu és forte p’ra vencer a ventania!

Quando o coração estiver palpitando;
Contempla uma rosa feliz se abrindo,
E, lento, o perfume se revelando...

Verás o lado da vida, que é lindo!
Esquecerás o passado, — Cantando!
Seguirás o teu caminho, — Sorrindo!...

Machado de Carlos
Publicado no Recanto das Letras


Festejar

Derramar só teu bálsamo
Nada de lagrimas por um falso
Deixe-as para alegria que vira
Sim estamos no outono
Frio e vinho vá degustar
Que a verdade das uvas
Baco de ajude a esquentar
E assim teu sorriso e brilho
Quero mais é ver espantar
E com teus olhos espargir
O teu carinho difundir
Não, não vais chorar
Vai sim levantar teu olhar
E festejar


Ulisses Reis®


Deleite

Deslizantes águas do rio
Escapolem aos olhos meus
E seguem sem deixar rastros.
Tal qual o vento que passa
E dialeticamente ultrapassa
As cinzas das horas mortas.
Assim sou eu em teus braços
Esqueço a dor e o fracasso...
Teus seios me abrem portas.
Jairo Cerqueira


Tenho que chorar...
Expulsar esta dor...
ter paz no pensamento....
Deixem, deixem que chore....
Não me torturem.....
Não, não me digam nada...
Apenas deixem que eu grite....
Depois, talvez aceite esse abraço e chore baixinho no teu ombro....


Marta




Diálogo Poético - Colaboradores : Ianê Mello (imagem e poema) , Machado de Carlos, Ulisses Reis, Jairo Cerqueira, Marta


 

terça-feira, 25 de maio de 2010

AH, O AMOR....


Necessito um Amor
que não precise saber
que dia é hoje
Ou que horas são

Se o time do coração

perdeu ou ganhou.

Necessito um Amor

que se afunde em meu peito

sem precisar abrir

minhas pétalas

Ou sugar-lhe o Néctar.

Necessito um Amor

que pouse mansamente

aconchegue-se

com seu calor, sorriso e querência

olhar devotado em admiração.

Necessito um Amor
que me Deseje
não apenas na Moldura
Nem queira me fazer tua Escultura.
Acaricie minha pele
enevoada e translúcida
em beijos delicados de Ternura.
Anoitecida em Pecado
Amanhecida em Concha
Num Abraço interminável
que Me derreta
toda essa encouraçada Armadura.
Não há Nada mais Redentor
que 'pecar' com quem se Ama...
Mas receio que o Amor não queira mais me Amar.


Lou Albergaria



Amor


Meu amor é incondicional
Tem momentos de ficcional
Mas sempre muito emocional
Daqueles sem razão visceral
Que consome e revela o animal
Que mostra meu interior fractal
Que deixa meu dia amoral
E mostra tudo que tenho um astral
Preciso de você sem dor abdominal
Que venha para ser minha catedral


Ulisses Reis® 




Fome De Amor

Pintura de Salvador Dali


A fome que sinto
não é de comida
É de amor...
Que me rói 
o estômago
me corrói as vísceras
Nada preenche
nada basta
nessa falta de tudo
que me arrasta
ao fundo 
mais profundo
de mim mesma
E essa ânsia 
que me queima o estômago
me consome as entranhas
me rasga
me dilacera
Coração e ventre
Ferida aberta
Aberta ferida


Ianê Mello



Diálogo Poéticos - Colaboradores: Lou Albergaria , Ulisses Reis , Ianê Mello

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Incoerências do Amor


Amor...amor...
sentimento tão contraditório
Quando se crê que ele existe
ele não se faz notório. 



Ianê Mello

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... E a Nau Segue.


Estava frio e triste!... era madrugada...
Pensava nela. Ela era o meu tudo!
O mundo desabou. Fiquei mudo!
Vi, no momento, que eu era um nada...

Caiu novamente à noite calada...
O vento entoa sua marcha de luto!
Meus pensamentos voam... voam..., contudo
A rotina segue sua cavalgada..

Os dias já nascem tardiamente;
Uma saudade soa de repente;
As lágrimas são a alma comovida!

Uma nuvem caiu sobre os meus olhos;
Não a vejo no meio dos abrolhos;
No entanto, no pântano há vida!...

Machado de Carlos

Publicado no Recanto das Letras
Código do texto: T1922715




O amor


O amor
É sinónimo de vazio.
Tudo o que antes parecia importante
Deixa de o ser!
O passado e o futuro,
Convergem para o presente.
Nada!... Mas nada faz sentido!
As pernas carregam, cambaleantes,
A cabeça e o tronco
Embriagados pelas emoções do momento.
As palavras!...
As palavras tornam-se flechas,
Que rasgam o ar em todas as direcções
Na procura do desejado alvo.
Aqui, o cupido!
Deixa de fazer sentido.
Tudo se resume
A um abstracto de emoções.
À ponta do cordel
Do novelo do amor.
O começo de um caminho
No labirinto da vida.
E também o doce momento
Onde tudo recomeça.


Bravo



À deriva



Amar é...
A maré dos meus sonhos.
Na solidão, só me dão...
Desilusões e tristezas.
No oceano da vida
Sou apenas um náufrago
A esperar um barco
Que descreva um arco
Me tome nos braços
E me leve a ti.



Jairo Cerqueira
 
 
 
 

Diálogos Poéticos - Colaboradores: Ianê (imagem e poema), Machado de Carlos(Soneto), Bravo, Jairo Cerqueira  . 

sábado, 22 de maio de 2010

De volta ao Passado




Um castelo encantado
a distância vislumbrei
Fez-me lembrar do passado
que um dia eu sonhei

Contos de fadas
Príncipes encantados
Princesas cortejadas
Em versos decantadas

Como era belo o sonho
de um  puro e eterno amor
Num adormecer risonho
como um botão em flor

Inocência de criança
que na pureza alcança
com suas  mão pequenina
seu desejo de menina

Os olhos não podiam ver
o que a maturidade ensina
O que restava era crer
numa beleza cristalina

................................


Ianê Mello


Voltei, esqueci...

O túnel é a antítese da história
Troquei o tempo, hirto, sem marcas...
Tomei a taça de anisete, - teu tudo.
Toquei a antologia; um antúrio, uma estrela...

Por um triz a tília tremeu, triste!
À tarde, ao horizonte, chorei o mito,
Lá estava o vestido hirto e esterno...
Beijei tua marca, teu tudo, a história...

Neste túnel está o nosso pretérito
Tenho a cicatriz e tua veste antológica,
mas o destino nos tolheu por um triz.

Tarde!... Fim do túnel. No horizonte
tomei a taça; letras da antologia!
Tens tudo, tu és o mito do tempo!...

Machado de Carlos

Publicado no Recanto das Letras
Código do texto: T1154427




Rua Copacabana


Ontem caminhando voltei a vislumbrar
Tudo que meu passado deixei
Pé de goiaba, manga, quintal e feira
Rua de terra, cheiro de chuva
Bambuzal , mamoneira e menina
Faceira
Inocência de brincadeiras
Esconde-esconde, amarelinha
Bolinha de gude, pião de madeira
As minha pipas queridas, cortante(cerol)
No varal no fundo da casa com lençol
Brancos e limpos
Céu de brigadeiro, Mandiopan
Carrinho de rolemã
Jabuticabeiras
Rua Copacabana, corri ela inteira
Ainda tenho um que daquele menino
Que ficava de bobeira, olhando o céu
Não almoçava e muito da mãe apanhava
Pois às vezes o uniforme da escola
Eu não tirava
Voltei ontem, por onde eu brincava


Ulisses Reis®




Diálogo Poético - Colaboradores: Sr. do Vale (pintura), Ianê Mello, Machado de Carlos-(Soneto),Ulisses Reis

Muita vez sou obscura




O sol matutino
Perfura
Minh'aura
Perfura
Minh'alma
Tentando
Alcançar-me
O âmago

Quando
O atinge
Finge
Um erro
De rota
E volta:
Medo da treva
Que encontra

Evita o confronto
Teme a derrota


Zélia Guardiano



Sombra

Sou lua nova
No beco
Sou sombra
Aquilo não visto
Parece que existo
Mas sou miragem
De olhos
Cansados
Nas noites vazias
Alucinação
Vadia
De uma ilusão
Daquele que tem
Solidão

Ulisses Reis®



Diálogo Poético - Colaboradores : Zelia Guardiano, Ulisses Reis



Inquietude!


A criança
Atravessou
A linha do horizonte
Sem quebrar
A harmonia
Da linha recta.
À distância!
Transformou-se
Simplesmente
Num ponto.
Acenou,
Pediu socorro,
Gritou!
Mas o som!...
O som... perdeu-se no silêncio!... 



Bravo



Diálogo Poético - Colaboradores: Bravo


sexta-feira, 21 de maio de 2010

O réu

                 
           
                 O morcego que sugou o teu sangue
                    Propagou que ele era insípido
                    E se arrependeu profundamente
                    De ter seus glóbulos nos dentes
                   
                    O abutre lançou fora toda carne
                    Que houvera consumido do seu corpo
                    E agora entristecido
                    Amaldiçoou a si próprio
                    Depois de achar-te intragável
                 
                   A natureza rejeitou como adubo
                   O seu mísero e pútrido cadáver
                   Não quis corromper a terra
                   E oportunizar sob qualquer forma
                   Um provável retorno seu
      
                  Agora, criatura...
                  Tens como companheira a solidão
                   E nessa dimensão hermética para os vivos
                   Aguarda que as portas de um tribunal
                   Venham a se abrir e, em fim possas ser julgado
                   Pelo crime que se dedicou a cometer
                   Durante quase toda a sua existência

                   Ter aliciado muita gente a crer e amar
                   O ser humano que você nunca foi.


Jairo Cerqueira


O Morcego

... refaz sua negra manta noutro cio e
voa feliz: - (É o prazer do beija-flor!).
Depois lança seu sopro a refrescar
as feridas que sangram!... e jorram!...

As presas do mamífero procuram
outra vítima: - as mamas da donzela...
Afia novo sorriso: - quer um dócil
e brilhante lençol avermelhado!

Oh noite! – Mãe de garras boquiabertas, (...)
sorve eufórica a sopa de quimeras
dos mortos-vivos nas trevas de cetim...

Usa o disfarce de luz desgraçada e
tem nas mãos de pelica um perfume:
- é a ilusão do zumbi antes da aurora
Machado de Carlos
Publicado no Recanto das Letras em
Código do texto: T1814837

 
Diálogo Poéticos - Colaborador : Jairo cerqueira( poema e imagem)-Machado de Carlos - (Soneto).

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