O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




quarta-feira, 30 de junho de 2010

Robotização do Ser / Fecundação





Homens de plástico
Homens elásticos
Homens sem cérebro
Homens sem emoção
Homens sem coração

Homens biônicos
Homens atômicos
Homens de lata
de sucata
de sobras e restos pelo chão

Homens que nada pensam
Nada dizem, nada querem
Controlados, robotizados
Homens castrados
Homens desumanos.



Ianê Mello



Fecundação



Vai anda e corre
Distinto
Moço espermatozóide

Acelera
Senão você morre
Faminto

Sem vez a tablóide
Persevera
Fica esperto na torre

Fecunda o asteróide
Absinto
Licor no céu em porre

Ejaculado debiloide
Te entrevera
Que a vida escorre



IVAN CEZAR





Diálogos Poéticos - Colaboradores: Ianê Mello( ilustração e poema), Ivan Cezar

terça-feira, 29 de junho de 2010

Repassando o selo Sunshine Mil e uma faces


Repasso com muito carinho esse selo Sunshine Award que ganhei do Blog Colcha de Retalhos
Obrigada, querida amiga pelo carinho.
Aqui vai minha lista de escolhidos:


As regras:

1- Colocar a imagem do selo no seu blog.
2-Linkar o blog que nos indicou.
3-Indicar 10 blogs ou mais,ao selo.
4-Comentar nos Blogs dos indicados sobre este selo


Grande beijo e admiração à todos os por mim homenageados com esa simples lembrança.
Quem não foi contemplado dessa vez não pense que é por não sere por mim admirados em seu trabalho. Mas só posso escolher 10 blogs. Não é tarefa fácil.


sexta-feira, 25 de junho de 2010

Eu, Você e a Louca





Não venha me dizer que a vida é fácil
Se você se contenta com migalhas, eu não
Almejo mais da vida do que uma simples passagem
As cordas do violão vibram ao toque do dedos
Quero sentir meu corpo vibrar ao toque de suas mãos
Quero sentir a brisa arrepiar minha pele
E o perfume da flor a exalar o ambiente
Somos tão diferentes
A linguagem que falo não é a sua
Nossas palavras se perdem no vazio
E sinto o amor naufragar
A vida para mim é luta, persistência
É composta de momentos de alegria
Mas sempre é maior a dor
Eu construo e amo a poesia
Você sequer a compreende
Muito menos como forma de expresão
Se a expressão é verbal
tudo o que digo é banal
e de somenos importância
Se parto para a atitude
não me submetendo às suas vontades
para expressar meu desagrado
você se considera ofendido
e estremamente ameaçado
reage com tal agressividade
que me faz querer acreditar ser eu 
a culpada  de tal desavença
Nesse momento me perco
Não sei mais que rumo tomar
e o animal que em mim habita,
como em qualquer ser humano,
luta em se manifestar
Aí pior ainda fica
Sou considerada louca
descontrolada e maldita
Você o bom samaritano
que sempre a paz cultivou
e eu a endemoniada
acusada, julgada e culpada
pelos crimes que praticou.










Ianê Mello


Fim da Linha


Ela, uma louca locomotiva;
As rodas cortavam o aço inocente,
E eu? – Mera alma parca e esquecida,
gravava as letras mortas da existência!...

Ela vai e vem, e deixa suas feridas...
O tempo ignora o tempo da carência...
Abrem portas e fecham portas sem saídas,
as rugas medem a rude vivência!...

A grilheta se romperá ao luar?
As águas correm... o mesmo tédio!...
A voz nunca muda... É o mesmo cantar!...

A visão se perde contra o Rei Sol
... muitas receitas, poucos são os remédios...
Termina e nasce outra vida maior!...



Machado de Carlos


Publicado no Recanto das Letras
Código do texto: T1164979



Doação louca !

Se no olhar há expressão
Ao menos uma mensagem
Deves-me a resposta !

Sim, tenhas a coragem
Revela-me a tua sensação
Deixa a verdade exposta !

Faz-te real e não miragem
Não me vire as costas
Vem desfrutar minha doação


Ivan Cezar


Diálogo Poético - Colaboradores: Ianê Mello (poema e fotos) - Machado de Carlos - (Soneto), Ivan Cezar.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Infinito e Só




















infinito e só
o vento
o tempo
tudo a passar
hoje,amanhã
o sol a nos queimar
tipo feitiço
canções do mar
e mais tarde o luar
evidências
cantadas assim
meio soar
You're part of my life.






Mateus Luciano

Pequenas considerações sobre a amizade

Hector Becerini


Amigo é sempre amigo, principalmente nos momentos difíceis em que mais precisamos dele.
Amigo é companheiro, é solidário, respeita seu sofrimento e procura ajudá-lo.
Amigo confia em você e não escuta apenas uma versão dos fatos.
Amigo não ignora sua presença como se fossem meros conhecidos.
Amigo não se afasta, se aproxima e lhe estende a mão.
Amigo não julga e condena, mas procura compreender atitudes tomadas em certa ocasiões e mesmo que não concorde com elas, respeita.
Amigo não lhe trata com frieza justo quando você mais precisa de afeto humano.
Decepções em minha vida, já as tive muitas, mas tenho por natureza crer na amizade e bondade humanas, mas sou forte e saberei separar "o joio do trigo".
Tenho em mim muita força e a cultivo cada vez mais.
Afinal, quem poderá ser minha melhor amiga do que eu mesma?
Os que quiserem que se aproximem nesse momento, pois os que não o fizerem agora não me servem como amigos e tampouco posso crer que um dia possam ter sido realmente.
Quem ler essa mensagem saberá compreender seu significado.
Tenho ceteza que lido com pessoas inteligentes e perspicazes, embora nem sempre ajam com justiça.
Sem mais a dizer me despeço.




Ianê Mello




Encontro no Vento as palavras que lhe confias...
Repete-me cada uma das tuas palavras, sem hesitações, sem troça, pois o Vento gosta de me atormentar..
Basta ouvires a minha voz para saberes que algo está mal; basta-me a tua palavra para que não me sinta tão isolada do Mundo, onde, às vezes, pareço não ter lugar...
Li algures que "não ter amigos é como estar num deserto sem água."

Eu nunca mais tive sede....




Marta






Diálogo Poético _ Colaboradores: Ianê Mello(fotos e poema), Marta

sábado, 19 de junho de 2010

Cartas de Agosto/ Esperança no Amor



















Aquelas cartas de agosto
Nunca foram escritas
Eram letras enforcadas

------------------------

Presas na grande garrafa
E no gargalo do desgosto
Morreram elas constritas

-------------------------

Desordenadas e sem posto
Elas jamais foram postadas



IVAN CEZAR



Aquela carta de despedida,
que fiz com tanto pesar,
ficou no tempo amarelada,
nem cheguei a te entregar!

Nela eu estava rompendo,
mas rompeste em meu lugar
Não me deste nem o gostinho,
do nosso namoro acabar!




Nalva



Nem vale a pena escrever...
Explicar seja o que for...
Fecha-se a alma, o corpo, o coração...
E quanto ao sorriso....tão diferente, tão magoado...
O papel pode ser o meu confidente,
a raiva dizer-me para o meter no envelope e deixar que o correio te diga como sofro....
Não vou fazer isso....Já sei que não voltas e tenho que matar em mim essa esperança...
Sofro demasiado....




Marta


Carta Perdida




Uma carta um dia escrevi
e nela eu revelava meu eterno amor
Palavras tolas e infantis
pois eu era apenas uma criança
e nada sabia da vida, do mundo

A eternidade do amor 
era por mim acreditada
como o sentimento mais lindo 
que um ser humano possa ter

Eu acreditava na"cara metade"
naquele ser que um dia
havia sido de mim separado
e retornaria como luz para meus olhos

Bastaria que nos olhássemos 
para que nos reconhecêssemos
E mais nada na vida importaria
A beleza se faria presente em nós

Onde se encontra essa carta?
Garanto não sabê-lo mais
Mas ela bem poderia ter sido engarrafada
e jogada ao mar como em filmes de amor

Mas não foi e ainda espero
ou não mais espero, essa alma gêmea
Esse amor eternizado pelo tempo
Esse amor de contos de fada.

Ianê Mello



Carta


Meu anjo, minha alma gêmea, meu tudo:
Amor, à primeira vista, no diário, lavras
Grafas sinais de nossa história; contudo,
A lápis, envio-te só algumas palavras.

Conto os minutos.. A ânsia de te encontrar
Ah!...Esta perda irreparável de tempo!...
Só amanhã saberei onde vou ficar
Sem ti passo por este vazio de momento

Se estivéssemos juntos, não sentiríamos dor
Nas reminiscências, contemplo tua beleza
Tu és as razões da vida, meu amor
Pare com isso. Por que tanta tristeza?

Urge nossa união. E que vida teremos!...
Juntos poderemos pintar o nascer do Sol
Sei que são as horas, que só nós queremos
Selaremos nossas almas no amor maior.

A jornada noturna foi horrível
Só chegarei às quatro da manhã
Passei por um forte temporal!... Terrível!...
Matei a fome apenas com uma maçã.

Avisaram-me para não viajar à noite;
Sentindo tua falta, isso só me tentou
A viagem pesada e insetos como açoite,
Na estrada ruim, a carruagem quebrou.

Só há uma estrada (estreita) no campo
E, estou completamente retido,
Sonho com o aconchego de teu manto...
Visões abstratas... Deixam-me abatido!

Felizmente, encontramos outro caminho;
Graças a Deus, logo juntos estaremos
No momento, curto o cantar dos passarinhos
Vagueando a madrugada, cortando o sereno.

Hoje, sem falta, espero, tenho de te ver
Tua presença!... Palpita o velho coração!...
Chega desta angústia, deste sofrer
Que seja realidade esta ilusão!...

Por mais que me ames, te amo muito mais
Tristeza e solidão... Lágrimas incontidas!...
Somos um só corpo. Parece demais?
Nossas almas ligadas para toda vida.

No leito, a mente voltada para o jardim;
Ofereço-te uma flor com olor sem igual
Por favor, não fujas, não te escondas de mim
Não fico sem ti, minha Amada Imortal.

Alguns pensamentos alegres ou tristes:
Será que o frio destino nos ouvirá?
Procuro a esmo palavras que felicite,
Até quando este caos nos perseguirá?

Só poderei viver contigo ou não viver;
Ser humano é viver nesta agonia?
A cavalgada é dura, temo sofrer!
Ocupo o vácuo com música e poesia...

Agora vou dormir. Tenha calma, amor;
Hoje, ontem, anseio por ti até as lágrimas.
Nos meus sonhos, vejo-te como uma flor,
Espargindo teus fluidos em cascata!...

Tu és meu amor, meu tudo e minha vida
Então, adeus. Continue sempre a me amar!
Sempre teu. Sempre minha... Ouça a despedida...
Em breve (felizes), vamos nos encontrar.


Nota do Autor


O poema “Carta” de minha autoria, foi escrito baseado no teor do filme “Minha Amada Imortal”, que também foi escrito baseado na Biografia do compositor Ludwig Van Beethoven.


Machado de Carlos


Publicado no Recanto das Letras
Código do texto: T1083708





Diálogos Poéticos _ Colaboradores: Ianê Mello( imagem), Ivan Cesar( poema), Nalva, Marta, Ianê Mello ( Carta Perdida)

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Código de amor!


Existe um código
Em que as palavras
Se transformam em símbolos.
Um código de amor.
Que deturpa
Toda a veracidade
Das emoções
E que as transforma
Em armadilhas dos sentimentos.
Em que o abismo
Se encontra à nossa frente.
E nós saltamos!
Saltamos para o vazio.
Para o desconhecido
De nós mesmos.
E sentimo-nos bem!
Seguros na nossa ilusão
De bem estar.
É esse silêncio enganador,
Esse momento hipnótico,
Que nos limita.
Que nos amordaça o grito
De libertação da alma.
Fazendo com que as palavras
Não façam sentido.
E nos levem ao limiar
De um irrealismo
Subjacente a toda uma panóplia
De momentos abstractos
Projectados pela mente.
Que nos transformam, simplesmente,
Nos humanos que somos.
Dependentes do amor.


Bravo



Antítese




Embriagado de necessidades
Desesperado pelas carências
Saio à rua a divagar
E devagar vou derramando
As sobras do que me faltou

Expiro, penso, reflito:
“Acho que morri... um pouco”! (não muito)

Aproveito o que ficou desse óbito inacabado
E então, enfraquecido e impotente
Vou aos poucos me refazendo

Suspiro, tenso, conflito:
“Acho que não morri... ainda”!

Ressaqueado de necessidades
Acalmado pelas carências
Entro na rua devagar
E rapidamente vou catando
As faltas do que me sobrou

Aproveito o que restou dessa vida inacabada
E então, fortalecido e potente
Vou aos poucos me desfazendo

Respiro, denso, admito:
“Acho que não vivi... plenamente”!



Jairo Cerqueira


AMARRAS




Gostaria de dizer palavras fáceis
Doces como o mel ao se saboreá-lo
Sinto decepcioná-los, mas essas palavras
são amargas como fel
e difíceis de engolir

Quem disse que a dor não existe
e que não há motivo para ser triste?
Quem disse que a vida é fácil
Bastando vivê-la com sabedoria?

Quem disse que o sol nasce todos os dias
e a lua sempre brilha majestosa?
Quem disse que  o viver é aprender
a criar com as próprias mãos as possibilidades?

Quem disse que as intempéries são pequenas,
fáceis de se livrar a qualquer momento?
Quem disse que é simples o discernimento
da melhor escolha para nossa vida?

Por vezes nem temos o poder da escolha
e nos sujeitamos ao que nos é escolhido
Viver dentro de uma grande bolha...
pra mim não faz nenhum sentido

Amarras não as quero mais
De  que me servem as mãos atadas?
Quero-as livres pra senti-las como minhas
Quero escavar meu próprio chão

Não se engane, meu amigo...

A vida, não é fácil não.


Ianê Mello
 Diálogos Poétidos - Colaboradores: Jairo Cerqueira(ilustração e poema), Ianê Mello ( poema)


quinta-feira, 17 de junho de 2010

Desafio Poético com a maravilhosa pintura de Adoilfo Payes

Vamos nos inspirar nesta linda pintura de Adolfo Payes.


























Pintura de Adolfo Payes


Pássaro Encantado

Amanhã verei a menina bonita?!
- Vem minha sabiá, dê-me tua coragem
Liberta-me. Seguiremos viagem...
Até quando pagarei esta vindita?

Preciso tanto de tuas asas benditas
Vencerei esta neve. Chegarei à margem
Meu pranto agora se fez mensagem
Até quando esta provação prescrita?

Como criança choro pelo teu amor
Como a planta clama ao sol pela cor.
- Não sei voar por esta noite calma.

Fito a tua foto, aumenta a solidão
Lembro os tempos azuis - Dói coração!
- Volte, pássaro. Meu encanto. Minha Alma!...

Machado de Carlos

Publicado no Recanto das Letras
Código do texto: T1665328







quarta-feira, 16 de junho de 2010

DESAFIO POÉTICO: UMA IMAGEM A SER INCORPORADA

O que essa tela lhe inspira? Provoca ou instiga...

Proposto por Lou Albergaria


Tela Vladimir Kush





Numa noite Vazia



Nossas vestes penduradas
Arrumadas com cautela
Como se dentro delas
estivessem nossos próprios corpos
Vestidos assim, distintamente
Preservávamos nossa dignidade,
nossas máscaras, nosso adornos
E nós éramos apenas
homem e mulher
Sem identidade
Sem nomes
Sem compromissos
Nossos corpos apenas
se insinuavam nus
numa cama qualquer
de qualquer quarto de hotel
Um homem e uma mulher
na satisfação de seus desejos
inconfessos, proibidos
Dois anônimos
na busca do prazer, do desfrute
Por algumas horas, talvez
Sem promessas, sem elos, sem amor
Apenas sexo, luxúria e gozo
E nossas vestes ali, intactas
Somente à espera de nossos corpos
Depois de saciados
Apenas um pouco de prazer
Numa noite fria...


Ianê Mello



Quatro Paredes


Tenho teu corpo... Tuas mãos... Tua vida...
Curtimos, nus, o sorriso do amor;
Entre beijos de quero-quero vida
Curvo-me diante do teu esplendor!...

No apartamento estava nossa vida;
Com tua luz, não vi o tempo, minha flor,
Mas as paredes viram nossa vida;
Havia felicidade... nudez... cor...

No tempo, era uma viagem sem ciladas.
Gritei: - Só quero teu sexo e mais nada!...
Sorvi tua paz com sorriso menino.

Uma fonte de luz caía ao redor,
Era o teu corpo com o brilho Maior;
Embriaguei-me no teu cheiro Divino!...


Machado de Carlos


Publicado no Recanto das Letras
Código do texto: T2209160


 
NUS DE NÓS MESMOS


ESTAMOS HOJE NUS
SEM NOSSO MELHOR TRAJE
QUE NOS ESCONDE
A PELE
EMOLDURA NOSSAS MÁSCARAS
ATÉ A ALMA NOS CONSOME
NESSA VIAGEM NO TEMPO
DO ESQUECIMENTO
SEM CHAVE
A NOS ABRIR POR DENTRO
REVELARMO-NOS
A VERDADE.
NÃO EXISTE HOJE TEMPO
A HISTÓRIA FOI LEVADA PELO VENTO.
TALVEZ SEJAM SÓ AS ALMAS
DUAS CRIANÇAS LEVADAS
A BRINCAR
SOBRE A AREIA
À BEIRA DO LAGO
TENTANDO SE LEMBRAR
DO QUE NUNCA FORAM
E ONDE JAMAIS ESTAVAM.


Lou Albergaria


Diálogo Poéticos - Colaboradores: Lou Albergaria(desafio e ilustração), Ianê Mello( Numa noite Vazia), Machado de Carlos (Soneto),

Lou Albergaria

.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Sou uma sombra que passa.


Sou uma sombra
Que passa
E que na penumbra se prolonga
Para lá do meu gélido túmulo.
Nesta noite vestida de trevas
Onde a lua, soberba, se veste de branco puro.

Sou destino marcado.
Sou senda infinita.
Parido das brumas do tempo.
Sou morte do nada que sou.

Sou estrangulamento
Da luz que brilha altiva.
Deito-me na terra barrenta
Na terra que me abraçou.
Deixo-me ir com o vento
O vento que por ali passou.
Disperso pelo universo
Esse universo que sou.

Dessa alma que persiste
Em não perceber que existe.


Bravo

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Desafio poético a partir da pintura

O que esta pintura lhe sugere?
Escreva em forma de verso ou poema.




Pintura de Adolfo Payez


Tristeza


- Bom dia, senhora tristeza!
Tu que me acompanhas todos os dias,
Onde andará a tua amiga alegria?
- Quem sabe está no riso da princesa!

Acostumei com o frio da ventania!
O teu olhar inspira-me certa beleza!
Espero a noite, e, tenho certeza.
Será noite longa e cheia de agonia!...

O tempo com seu manto vagaroso,
Delira neste mundo penoso,
Levando-me a uma glória sem igual.

Deste orbe miserável direi adeus,
Estarei entre as estátuas do Eliseu;
Será o meu Brado Universal!

Machado de Carlos

Publicado no Recanto das Letras
Código do texto: T1618945



UM ANJO ME ILUMINA

A VIDA É ENCANTO
CORES BELEZAS
SUTILEZAS
AINDA QUE A ANGÚSTIA
DEIXE-ME PROSTRADO
SEM FÉ EM MIM MESMO
COM ABSURDO MEDO
DE VOAR
HÁ SEMPRE UM ANJO
QUE ME ESPREITA
ABENÇOA ILUMINA
MINHA SINA
TRAZ DE VOLTA
TODA A VONTADE DE VIVER
E MAIS AINDA
DE AMAR.


Lou Albergaria


Será tristeza ou abandono
estará cansado ou, talvez com sono

A cabeça pende, a mão segura
a dor ascende, a solidão tritura

Mas, em seu corpo, há cor...
indício de algo que se chama amor?
 


HS


ANGÚSTIA A DOIS




A minha angústia é tanta,
Que eu penso, seja tua.
Ou quem sabe a tua angústia é tanta,
Que eu penso seja minha?!



Rejane Enajer



Sentado aqui com a cabeça
entre as mãos
sinto a vida que passa
Sinto o peso da vida
e a tristeza que me acomete
é desumana
Meu corpo dói...
Cada fibra, cada músculo
Quero me mover
mas algo me faz prostrar
e aqui pemanecer
Estou preso a correntes imaginárias
Enquanto o mundo gira
As pessoas caminham apressadas
Não sei para onde
Deveria segui-las?
Saberão elas para onde vão
ou simplesmente seguem a esmo?
Não, agora não tenho forças
para seguir qualquer caminho
É melhor ficar aqui
Refletir, sentir em mim 
qual o caminho a seguir.




Ianê Mello




  Diálogo Poético - Colaboradores: Machado de Carlos, Lou Albergaria, HS, Rejane Enajer, Ianê Mello

sábado, 12 de junho de 2010

Cuidando do Jardim





Hoje é meu aniversário
Quero ver o sol brilhar
por entre as nuvens
Quero andar descalça
e sentir a relva úmida
sob meus pés cansados de caminhar
Quero ver colibris a beijar as flores
Quero sentir o aroma das rosas e jasmins
Quero ver a natureza com os olhos do amor
Quero sentir minha vida
na beleza de uma flor
E com essa flor entre as mãos
tocar suas suaves pétalas
sentir seu delicioso aroma
Os espinhos, já os conheço
e quero cada vez melhor saber tocá-los
sem que o sangue escorra de meus dedos.




Ianê Mello


Feliz Aniversário!

Fitei teus traços na fotografia;
Vi o sorriso no teu aniversário;
Contemplei uma luz no meu lampadário:
— Lindo o teu semblante, minha querida!

Os momentos... Guardei-os num relicário;
Gravados, estão, no livro da vida;
Cada página, de alma enternecida,
Cultivo no meu mundo... solitário!

Nesta dor... chegaste de mansinho,
Tua ternura iluminou o meu caminho.
— Como pode existir alma tão áurea!?


Fiz de ti nobre, sublime estrela,
Na Via Láctea... estás entre as mais belas!
Distante, absorvo as cores de tua aura!...


Machado de Carlos

Publicado no Recanto das Letras
Código do texto: T1270994

sexta-feira, 11 de junho de 2010

AMO

Amo, sei que amo
E nada me impede de amar.
Mas amo,
Como imensidão perpétua
Amo a contemplar o mar.

Amo como o luar,
com medo de se achegar
Enchendo-se ante o sol,
Minguando nas tempestades,
Mas, sem deixar de amar.

Já amei como o sol,
naveguei como a chuva
E não consegui amor encontrar.

Hoje amo, com amor eterno,
sol, lua, estrelas, campos, mar.
Amo com o olhar de quem
já amou todas as coisas
e não conseguiu amor encontrar.

Pois, então, amo
Como quem só sabe amar.
Amo, amo, mesmo a sofrer, amo
Por quê?
Porque o meu destino é amar.
Otelice Soares

Monte Aprazível


Monte Aprazível

Move: — flores na tríade divina!...
Os dias ao luar: — A mente vislumbra!...
Nossos corpos unem-se e alumbra
Todos os néctares da colina!

Estou a contemplar-te: — menina...
Altiva unem lábios na penumbra,
—Perdemo-nos nas cores; — em suma
Raro perfume enfeita; — alma felina!...



— A Rainha chegou com seus florins
Zeus: — Enfeitou de rosas os jardins
Incrível teus cabelos: — um anelo!...

Vi teus lábios tal qual um vulcão
Eles encantam meu coração
Livres... Soltos... Estamos no mar vermelho!...

Machado de Carlos

Publicado no Recanto das Letras em 08/06/2010
Código do texto: T2308601

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Começar de novo.



Guardei!...
Guardei na cave fria e húmida,
Numa mala velha e sofrida.
Onde os bichos, hoje, dormem.
Retalhos da minha vida.
Tranquei a porta,
Joguei fora a chave
E comecei tudo de novo!


Bravo

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ausência

"Barco" de Fabiana Alves

Você diz sem dor, mas é a dor que me entorpece
A vida, que estilhaça os meus sentidos. Antes
Eu tinha um desespero altivo, uma importante
Forma de me suster o espírito. Acontece

Que o tormento é premissa grega. E se ele esquece
Um momento de seu ofício, após garante
Que se nos cumpra o mesmo. Assim mudou-se o
                                                                                [instante;
E a Voz do rei de Tebas ora me estremece

As pernas e me queima os pés. Agora cada
Lado da estrada, cada sombra deste ser
Intemporal se curva ante a fortuna amarga

E me transforma a vida neste malmequer...
Pois já não sei de nada; já não sinto nada;
Nem quero sentir nada; e não sei bem por que.

RODRIGO DELLA SANTINA



Diálogo Poético- Colaboradores: Fabiana Alves (foto), Rodrigo Della Santina
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