O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




sábado, 30 de julho de 2011

SÁBADO POÉTICO 7 - Facebook - LIVRE CRIAR É SÓ CRIAR


" Mal conseguem conter-se a si mesmas;
muitas deixam-se encher até a beira,
e transbordam de tanto espaço interior."

Rainer Maria Rilke




Franzino ( Dedicado a Rilke, beduíno )

Compleição não era apelo
Lou amava assim mesmo
doce criatura inspirada
amava, amava,Salomé
rios de amor sincero
rolavam.
Lou e Rilke juntos
cantavam o amor genuíno
foi seus destinos ficarem separados pelo corpo
e juntos pelo gosto da grande arte que aproxima
a Arte que tem sina: POESIA.

 Giselle Serejo




Sabeis quanto sofre o poeta…
Quando a sua alma se não aquieta ?
Quando acha ter a rima certa encontrado…
E tudo se desfaz em triste fado ?

Que tormento torpe o invade…
Porque descreve sexo ou saudade ?
Ou dentro de si sente tanta alegria…
Quando o poema se transforma em sinfonia ?

Por tudo isso o poeta, é mentiroso é sonhador
Por tudo isso sente dentro de si tanto amor
Que transporta dentro de si e dos seus versos

Tal qual aquela paixão, o desvario, a ilusão
Com que martiriza também o seu coração
Ao transmitir os sentimentos mais diversos

Joaquim Vale Cruz



Num sábado assim, tão belo
o dia "se divide em crimes,
espaçonaves e guerrilhas"
num casulo de quatro paredes,
m'enterro
e lavo minhas cuecas com sabão neutro
pra não ter coceiras nas virilhas...

Joe Canônico



RILKEANAMENTE SALVO.

Adeus, meus sonhos
Cortinas vaporosas, detalhes rebuscados,
Doces tardes de Domingo.
Num pedalar de bicicleta morro acima
Quando um acidente fortuito
Jogou-me contra as urzes, numa malfadada
Tentativa de escapar dos espinhos
Vim a cair num lago tépido e profundo
Indo já a pique quando pelos cabelos
Alguém me retirou daquele local
Nefando. Repleto de miasmas, larvas
De mosquitos e desolação.
Quando dei conta, estava ainda fielmente
Vivo.  Posto em sossego, nos braços de uma
Deusa nua. Tal sua beleza corpórea,
Ao convidar sons celestiais de apupos
Fagotes, marionetes, bolinhos de chuva
Donde que uma simples bicicleta
Tornaria uma tarde de Domingo
Assim tão rilkeanamente soberba?

Beto Palaio




MAR QUE DESÁGUA


A flor da sensibilidade
na pele o suave toque
Mar de águas profundas
nem sempre límpidas
Em sua essência complexa
torna-se verdadeiro mistério
que alguns querem desvendar
Digna de grandes admiradores
e por outros invejada
mas sempre...
sempre lembrada
Em seus braços o alento
ao filho, ao pai, ao homem
Em sua conversas a intimidade
segredos revelados ao pé do ouvido
à filha, à amiga, à mãe
De muitos artifícios engendrada
se reiventa a cada instante
Mulher, amiga, amante.


Ianê Mello


O BAILAR DA NOITE

Ela chegou com risos de prata,
pude sentir o brilho do anel!
Caíam gotas serenas em seu véu!...
... E cantarolei bela serenata.


Absorvi o perfume que retrata,
e beijei belos lábios de mel!...
O néctar de prazer subiu ao Céu...
- Ah, taça de licor em cascata!...


Um Universo foi criado pra nós, 
ao degustar o timbre: - Linda voz!
- Sonhei feliz ouvindo belo canto!


Na alegria do som; - raro marfim,
senti uma chuva; - cores sobre mim;
dormi ao relento com seu manto!...


Machado de Carlos



MULHER

Alma esvoaçante
num corpo de mulher
que flutua,
toma o espaço
lânguida,
sobrevive 
aos apelos...
aos desvelos...
aos medos...
aos anelos...
aos anseios....
aos desejos....
e se expande...
se revela...
se supera...
se desdobra...
se realiza...
se...
...


Enice de Faria



Apetece-me encontrar-me à janela

Apetece-me encontrar-me à janela 
donde avisto a tua varanda…
Pose de foto…Lânguida…

As horas passam, 
nem sinal na tua varanda.
Inquieta, em crescendo, penso
- Foi-se embora!

Há dias que assim ficava, 
presa em sofrimento alheio.
Não sei ao certo quem ali mora, 
bastava o ar de mistério 
que morava no chilreio 
da imaginação fervilhada
e em aventuras, perdida.

Apetece-me comer o momento…
Apeteces-me no pensamento…
Apetece-me beijar a paixão…
Apeteces-me em abraço de emoção…

E assim te levar em ondas 
da cor do mar.
As do rio são diferentes, 
quero os azuis mareantes 
e os azuis celestes…
Os verdes são esperança, 
os azuis, apenas lembrança!

Odete Ferreira



Poema ao Vazio 


No crepusculo de minhas horas já cansadas
Ainda carpidando os instantes mortos 
Como quem olha um copo sem liquido 
E procura a substância que lhe falta
Fiquei a olhar a tarde que se enamorava com a noite.

Pensei nos rostos deixados e nos nomes esquecidos
Mas notei que eles ainda não preenchiam-me
Procurei o amor que me Faltava-mas em um desvario 
Percebi que de nada valia procurar aqui fora
Pois o fora é também feito por vazios. 

Mas era precisa queimar os excessos- pouco a pouco-
Deitei fora todas aquelas lembranças. Esqueci-me
Porque foi quando deixei esvair todas as coisas
Que pude clarear a visão do meu eu
Eu não sabia que eu me habitava desde tempos.

Vazio. Vazio como uma estação fechada. Vazio
Assim comprei o bilhete para o encontro 
Despir-me de todas aparências. Das faces. 
Descobrir-me onde achei que havia me perdido.



Sandrio Candido Pereira

Ledice na Nuvem


No seu colo adormeço misteriosamente
Envolvo-me nas suas formas desenfronhadas
No meu sonho tento fazer sentido, mas flutuo
De um ar ao outro, nessa altura imensa!
Vejo-me nos seus bancos vazios, mas perfeitos
Nem medo de cair tenho; envolvo-me por inteira
Como uma ave fulgurada, acredito voar
Nuvem, tu me amparas nesse devaneio 
Nua nuvem, despida no seu colo adormeço
Grinalda enfumaçada, branca luz irradiada
Durmo cega e quieta na minha ilusão
Nem o calor do sol me aquece
Nem as gotas d’agua me molham
Nem o sopro dos ventos ouço
Numa quimera de jovialidade durmo
Nem mais quero descer do seu colo
Quero nesse colo, dormir eternamente.

Leila Onofre 


Palavra Doada


Porque ninguém sabe
Que isto não me cabe
E transmuto meu silêncio
engolindo tudo a sós

E quando olho minhas mãos
já estão assim cansadas
e escrevos versos
Mergulho em meu
universo e nele
sou embalada

E assim como quem
talha o bruto
dou forma
aos meus sentidos
e o verso sovado
se molda ao
que me dispo

Como um escultor
em seu mármore
quebro,moldo
o que está
sobrando
e minh'alma
se eleva

e tudo flui
palavra doada
já está colada
moldada em
meu silêncio
de poesia



Adriane Lima




Caio
num véu de montanhas
desvendo minha vida

pilhas de ossos

carnes de eus
horizonto-me...

Carmen Silvia Presotto - Vidráguas!




(Crédito de imagem : Devian Art)

sexta-feira, 29 de julho de 2011

EU E O MAR






A rocha é como um peito sem guarida
O mar é como a tenaz paixão
A onda é uma fera adormecida
Que ao despertar, nos despedaça o coração


Pousou sobre o meu ombro uma gaivota
Piando de tristeza, a soltar ais
E eu desta Amizade, tão devota
Não me posso separar…ela é meu cais !


Amo este mar quando rebenta
Embravecido, com as ondas em cachão
Porque em seu bramir, ele lamenta
Não ter, como eu, esta paixão…


 Joaquim Vale Cruz




Crédito de imagem: google

A DANÇA

Meus amigos dos Diálogos Poéticos, convido-os a participarem da proposta de escrevermos juntos um poema, como já fizemos há muito tempo atrás ( e eu achava tão bom!). Cada um posta seu verso e coloca seu nome na ordem abaixo da postagem onde diz Colaboradores na ordem de postagem. Procuremos, por ser um poema em conjunto, dar continuidade, de alguma forma ao verso postado anteriormente, de forma que cada verso complemente e faça sentido com o outro, até concluírmos o poema.

Como fonte de inspiração proponho o título "A Dança" e a pintura  de Henri Matisse.




As dez mãos fortemente seguras
no momento em que uma delas se desprende
o desequilíbrio se instala num átimo de segundo
sendo restabelecido através da confiança
das mãos que novamente se entrelaçam. 
..........


Mãos que se unem e um círculo formam
Dentro do círculo a energia de cada
Que se multiplica numa roda dinâmica
A nudez dos corpos é a pureza por onde
flui com mais velocidade a energia,
e é tão forte  esta fonte de troca
que o entrelaçar de mãos fortifica
o que um tem, ao outro se aplica.
..........


Se uma segura as dez
dez não seguram uma
se ela quiser se desprender...
...e voar....
..........


Nesse baile uníssono
todos dançam opiantes
certos que os matisses inebriantes
propiciam novo bailares
..........


Vamos por isso manter bem seguras
As vontades que temos de viver
Demos as mãos com vontades futuras
Entrelaçando-as com a força do nosso querer


Poesia Interativa: Colaboradores na ordem de postagem: Ianê Mello, Mirze Souza, Maria de Fátima Monteiro, Giselle Serejo, Joaquim Vale Cruz



Crédito de imagem : Pintura de Henri Matisse

quinta-feira, 28 de julho de 2011

SINA




Não sei se faço rima ou me confesso
se faço prece ou me despeço
uma coisa sei
muito caminhei
em estrada de sol e chuva
pau-a-pique morei


Não quis
Vidas-secas
confesso
foi pura sina viver in verso
aqui não estou agora
só o eu-lírico convexo.


Giselle Serejo
...........................................




A sina não é assassina
É convexa e complexa
nas linhas da vida.
A sabedoria quis que você, GI,
fosse poeta, e eu, sua aprendiz


Mirze Souza

Bálsamo da Vida


POIESIS EM VOOS DE MUITAS MÃOS SANTAS


CRAQUELADO/ LINHAS DO TEMPO



Craquelado

Encriquilhou a pele depois de anos de babuta
vida curta
me olhei no espelho e vi o que não queria
minha pele craquelada
tudo em mim soltava
fiquei apavorado
mas a vida se fez assim
dona de mim.

Por Giselle Serejo,28.07.2011



Linhas do Tempo


As marcas do tempo
que passa impiedoso
num rosto de mulher
Em linhas traça desenhos
de recordações vividas
Vívidas no rosto que as guarda
Puras em verdades reveladas
Num rosto de mulher
os vincos do passado
para sempre marcados
até o fim de seus dias
para que nunca esquecido
na casa da memória
faça morada a saudade


Ianê Mello 



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