O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




quarta-feira, 27 de julho de 2011

O EITO

O EITO

Um dia a quinhentos anos atrás
Encontrei num canto estreito
Um fremoso e desgastado Eito
Abandonado pela fúria dos temporais
Porém vida ainda tinha


Pus meus pés descalços
Chafurdei naquele leito vagabundo
Submundo de marés anteriores
Moribundo de inconstâncias e dádiva

Deixei que meu corpo sentisse
Do eivado Eito o visgo pegajoso
Fui ao chão!
O visgo denso fazia cada parte
Chafurdada querer mais ser profanada

Não bastou, pensei:
Quero mais!
Resolvi por meus seios nus
Em contato direto com aquele chão

Pele branca esfolada se fazia...

Foi nessa hora que algo grotesco aconteceu:
Eu me via despedaçada
Carne humana degredada
Ali perdida vida-partida!

Cada parte do meu corpo
Em pedaços estava
O Eito sujo a minha boca beijava
E o resto do corpo, deflorava

E cada vez que eu corria em partes
Algo dentro de mim morria
Mais profundo o leito do Eito ficava
Corria eu então desesperada
A modo de juntar as partes esquartejadas

Passaram-se sete dias nessa agonia
Até que o Eito foi recomposto pela chuva tropical
E derrepente ao olhar pr’um canto
Vislumbrei um olho d’água
Abaixei e provei como encantada...
Era água salgada!

Não resisti, fiquei tentada
Novamente fui ao chão!
C’ôa boca posta em brasa
Sorvendo cada milímetro
Daquele PH de água brotada!


2 comentários:

Ianê Mello disse...

Lindo poema, Gi.
Obrigada por poetar esse como lhe pedi.

Beijinhos.

Giselle Serejo disse...

É UM GRANDE PRAZER POSTAR AQUI! BJS.

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