" Mal conseguem conter-se a si mesmas;
muitas deixam-se encher até a beira,
e transbordam de tanto espaço interior."
Rainer Maria Rilke

Franzino ( Dedicado a Rilke, beduíno )
Compleição não era apelo
Lou amava assim mesmo
doce criatura inspirada
amava, amava,Salomé
rios de amor sincero
rolavam.
Lou e Rilke juntos
cantavam o amor genuíno
foi seus destinos ficarem separados pelo corpo
e juntos pelo gosto da grande arte que aproxima
a Arte que tem sina: POESIA.
Giselle Serejo
Sabeis quanto sofre o poeta…
Quando a sua alma se não aquieta ?
Quando acha ter a rima certa encontrado…
E tudo se desfaz em triste fado ?
Que tormento torpe o invade…
Porque descreve sexo ou saudade ?
Ou dentro de si sente tanta alegria…
Quando o poema se transforma em sinfonia ?
Por tudo isso o poeta, é mentiroso é sonhador
Por tudo isso sente dentro de si tanto amor
Que transporta dentro de si e dos seus versos
Tal qual aquela paixão, o desvario, a ilusão
Com que martiriza também o seu coração
Ao transmitir os sentimentos mais diversos
Joaquim Vale Cruz
Num sábado assim, tão belo
o dia "se divide em crimes,
espaçonaves e guerrilhas"
num casulo de quatro paredes,
m'enterro
e lavo minhas cuecas com sabão neutro
pra não ter coceiras nas virilhas...
Joe Canônico
RILKEANAMENTE SALVO.
Adeus, meus sonhos
Cortinas vaporosas, detalhes rebuscados,
Doces tardes de Domingo.
Num pedalar de bicicleta morro acima
Quando um acidente fortuito
Jogou-me contra as urzes, numa malfadada
Tentativa de escapar dos espinhos
Vim a cair num lago tépido e profundo
Indo já a pique quando pelos cabelos
Alguém me retirou daquele local
Nefando. Repleto de miasmas, larvas
De mosquitos e desolação.
Quando dei conta, estava ainda fielmente
Vivo. Posto em sossego, nos braços de uma
Deusa nua. Tal sua beleza corpórea,
Ao convidar sons celestiais de apupos
Fagotes, marionetes, bolinhos de chuva
Donde que uma simples bicicleta
Tornaria uma tarde de Domingo
Assim tão rilkeanamente soberba?
Beto Palaio
MAR QUE DESÁGUA
A flor da sensibilidade
na pele o suave toque
Mar de águas profundas
nem sempre límpidas
Em sua essência complexa
torna-se verdadeiro mistério
que alguns querem desvendar
Digna de grandes admiradores
e por outros invejada
mas sempre...
sempre lembrada
Em seus braços o alento
ao filho, ao pai, ao homem
Em sua conversas a intimidade
segredos revelados ao pé do ouvido
à filha, à amiga, à mãe
De muitos artifícios engendrada
se reiventa a cada instante
Mulher, amiga, amante.
Ianê Mello
O BAILAR DA NOITE
Ela chegou com risos de prata,
pude sentir o brilho do anel!
Caíam gotas serenas em seu véu!...
... E cantarolei bela serenata.
Absorvi o perfume que retrata,
e beijei belos lábios de mel!...
O néctar de prazer subiu ao Céu...
- Ah, taça de licor em cascata!...
Um Universo foi criado pra nós,
ao degustar o timbre: - Linda voz!
- Sonhei feliz ouvindo belo canto!
Na alegria do som; - raro marfim,
senti uma chuva; - cores sobre mim;
dormi ao relento com seu manto!...
Machado de Carlos
MULHER
Alma esvoaçante
num corpo de mulher
que flutua,
toma o espaço
lânguida,
sobrevive
aos apelos...
aos desvelos...
aos medos...
aos anelos...
aos anseios....
aos desejos....
e se expande...
se revela...
se supera...
se desdobra...
se realiza...
se...
...
Enice de Faria
Apetece-me encontrar-me à janela
Apetece-me encontrar-me à janela
donde avisto a tua varanda…
Pose de foto…Lânguida…
As horas passam,
nem sinal na tua varanda.
Inquieta, em crescendo, penso
- Foi-se embora!
Há dias que assim ficava,
presa em sofrimento alheio.
Não sei ao certo quem ali mora,
bastava o ar de mistério
que morava no chilreio
da imaginação fervilhada
e em aventuras, perdida.
Apetece-me comer o momento…
Apeteces-me no pensamento…
Apetece-me beijar a paixão…
Apeteces-me em abraço de emoção…
E assim te levar em ondas
da cor do mar.
As do rio são diferentes,
quero os azuis mareantes
e os azuis celestes…
Os verdes são esperança,
os azuis, apenas lembrança!
Odete Ferreira
Poema ao Vazio
No crepusculo de minhas horas já cansadas
Ainda carpidando os instantes mortos
Como quem olha um copo sem liquido
E procura a substância que lhe falta
Fiquei a olhar a tarde que se enamorava com a noite.
Pensei nos rostos deixados e nos nomes esquecidos
Mas notei que eles ainda não preenchiam-me
Procurei o amor que me Faltava-mas em um desvario
Percebi que de nada valia procurar aqui fora
Pois o fora é também feito por vazios.
Mas era precisa queimar os excessos- pouco a pouco-
Deitei fora todas aquelas lembranças. Esqueci-me
Porque foi quando deixei esvair todas as coisas
Que pude clarear a visão do meu eu
Eu não sabia que eu me habitava desde tempos.
Vazio. Vazio como uma estação fechada. Vazio
Assim comprei o bilhete para o encontro
Despir-me de todas aparências. Das faces.
Descobrir-me onde achei que havia me perdido.
Sandrio Candido Pereira
Ledice na Nuvem
No seu colo adormeço misteriosamente
Envolvo-me nas suas formas desenfronhadas
No meu sonho tento fazer sentido, mas flutuo
De um ar ao outro, nessa altura imensa!
Vejo-me nos seus bancos vazios, mas perfeitos
Nem medo de cair tenho; envolvo-me por inteira
Como uma ave fulgurada, acredito voar
Nuvem, tu me amparas nesse devaneio
Nua nuvem, despida no seu colo adormeço
Grinalda enfumaçada, branca luz irradiada
Durmo cega e quieta na minha ilusão
Nem o calor do sol me aquece
Nem as gotas d’agua me molham
Nem o sopro dos ventos ouço
Numa quimera de jovialidade durmo
Nem mais quero descer do seu colo
Quero nesse colo, dormir eternamente.
Leila Onofre
Palavra Doada
Porque ninguém sabe
Que isto não me cabe
E transmuto meu silêncio
engolindo tudo a sós
E quando olho minhas mãos
já estão assim cansadas
e escrevos versos
Mergulho em meu
universo e nele
sou embalada
E assim como quem
talha o bruto
dou forma
aos meus sentidos
e o verso sovado
se molda ao
que me dispo
Como um escultor
em seu mármore
quebro,moldo
o que está
sobrando
e minh'alma
se eleva
e tudo flui
palavra doada
já está colada
moldada em
meu silênciode poesia
Porque ninguém sabe
Que isto não me cabe
E transmuto meu silêncio
engolindo tudo a sós
E quando olho minhas mãos
já estão assim cansadas
e escrevos versos
Mergulho em meu
universo e nele
sou embalada
E assim como quem
talha o bruto
dou forma
aos meus sentidos
e o verso sovado
se molda ao
que me dispo
Como um escultor
em seu mármore
quebro,moldo
o que está
sobrando
e minh'alma
se eleva
e tudo flui
palavra doada
já está colada
moldada em
meu silênciode poesia
Adriane Lima
Caio
num véu de montanhas
desvendo minha vida
pilhas de ossos
carnes de eus
horizonto-me...
Carmen Silvia Presotto - Vidráguas!
(Crédito de imagem : Devian Art)
Um comentário:
sombras ventilam tantos Eu's
acumulados vazios
no espaço infinito
hoje, preenchem de silêncio
o meu grito
***
Beijos a todos os participantes! Lindos diálogos!
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