O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

MENSAGEM DE ANO NOVO


Com o meu carinho e agradecimento por terem comigo compartilhado esses momentos poéticos, nessa troca de idéias, comentários, poesias e, principalmente, de carinho e respeito.

Cada um de vocês fez a diferença com a sua presença nesse espaço, tornando-o cada vez mais acolhedor.

Obrigada, meus amigos!

Que o ano de 2011 possa nos trazer esperanças num futuro melhor e muita paz em nossos corações.

Um grande beijo à todos.

Ianê Mello

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

CADAVRE-EXQUIS (4)



Ei horas, por favor
Junte as cinzas esparsas
Do meu único amor
Minutos desfeitos no pó
Dos minúsculos existires

Dentro e fora em movimento
Vida pulsante em luz
Corpos ao sabor do vento
Meandros do existir
Em cores, sons, em versos

O adoçar desaparece
No preparo do café coado
Como poesia em água dissolvida
O final de onda que se esconde
Na areia do mar retraído

Vitais pecados capitais
A sete chaves trancados
Pecadores que somos
Pela vida em naufrágios
Perdidos em mares revoltosos

O vento sopra aflito
Sementes algodoadas
Que se espalham
Pelo campo afora
E não voltam jamais

Há sempre um tempo
Em que o próprio tempo
Se esconde na sombra
Tempo de introspecção
Momentos eternizados
Na memória que a tudo abriga

Beto Palaio e Ianê Mello

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

CADAVRE-EXQUIS (3)



Ao buscar entendimento
Do vagar a esmo enfim
Que se tem atento aqui

Onde o entender é limitado
Ao fingir que entendemos

O espírito recoberto
Pela carne viva
Nada mais é que casca
Invólucro, embalagem
O dentro é que nos habita

Casas demais precárias
Flutuar em moradias
Leves folhas poéticas
De aventuras diversas
Do poema a desconstruir


A vida a cada instante
Efêmera e fugaz
Em sonhos acalentados
Transmuta desejos em realidades
Que muitas vezes são opostas

Aos diversos meios
Que buscamos concluir
Sem pressa ou medo
Num fazer sem limites
Achar o fim no começo

Mas no fim há o recomeço
Como no caos a ordem
Que gradualmente se restabelece
Pois a vida é esse
Ir e vir que é infinito


Beto Palaio e Ianê Mello

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

CADAVRE-EXQUIS (2)



Sonâmbulos incrédulos
Marejados em lagrimas
Em acessos de cólera
Percebem-se estranhamente
Dotados de cósmico poder

Vazio de significados
O brilho dos olhos
Replicado em espelhos
Numa avenida elétrica
O caminhar irresoluto

Em sôfregos arpejos
Flamejantes gestos fugazes
Num balançar de corpos
Êxtase quase inumano
Em rompantes de desejos
Ocultos e proibidos

Pecadores como a pele
Perfumada do pêssego
Liso ao mesmo tato
Entregue ao prazer intenso

Como um golpe de espada
Num duelo de titãs
Corre à espreita e ao largo
um lobo que fareja
A morte que se aproxima

Perto o bastante
Quando vimos ambos
O suficiente para saber
Que um completa o outro
Com doações ilimitadas


Beto Palaio e Ianê Mello

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Que saudade da minha infância


Em que os grilos cantavam no campo
E com uma palhinha, eram forçados
A sair dos seus buracos
Eram então levados para uma gaiola
Onde eram alimentados a alface
E cantavam, cantavam
Noite e dia
E quanta alegria
Eles nos davam…


Agora, já não há grilos,
Nem gaiolas
Há só consolas
Perdeu-se o encanto
de ir ao campo…
E é uma tristeza
Este divórcio da Natureza
Por isso hoje a infância
Tem tal distância
Da que eu vivi
Que me faz pena
A infância de hoje
Não ter a alegria
Nem a euforia
Que eu já senti…

Joaquim Vale Cruz



Quanto eu senti
Quando pequeno,
Olhando o céu,
Deitado ao mar!
Eu perscrutava
Todo o universo,
Que ia sereno
Em meu olhar.

Eu tinha o vento
Sob meu comando,
Bailando grácil
De lá pra cá.
E não cuidava
Em outra coisa
Que o mar dançando
A me embalar.

Eu via as nuvens
Formando cenas
De eras remotas,
De heróis sem par.
Mostravam histórias
Inspiradoras:
Frágeis donzelas,
Corcéis do ar.

E eu me sentia
Um Amadis,
Um Lancelot,
Um Galaaz!
Abria os braços,
Fechava os braços...
Fazendo, assim,
Ondas do mar.

O deus do tempo
Não existia.
Não existia
O deus do mar.
Eu era um deus,
Eu tinha um reino
Que não ouvia
Grendel gritar.

Mas veio a chuva
(Cruel Morgana)
Essas histórias
Me desmanchar.
Turvou-me a vista,
Murchou-me o peito,
Ficou minh’alma
A naufragar.

Hoje, mortal,
Anjo caído,
Tenho uma ilha
Além do mar.
Nela botei
Minhas lembranças.
Tenho saudade
De no’ estar lá.

RODRIGO DELLA SANTINA

ECO ECO




Surge o eco em palavras bumerangue
Bumerangue, bumerangue...

Das lonjuras o som a entoar
Entoar, entoar...

Um grito de resposta sem descanso
Descanso, descanso...

Capricho do pensar em fragmento
Fragmento, fragmento...


Ao vazio que o eco vem completar
Completar, completar...




Beto Palaio


Eco vai, eco vem
O seu som entoa
Outras vezes atroa
Em sons desiguais
Flecte e reflecte
Voa e revoa
Pelos espaços sem fim
E quando o sinto em mim
Em tudo mudou
Pois já se cansou
E fragmentou
No seu revoar
E já é lamento
Triste fragmento
Já não quer soar…



Joaquim Vale Cruz

EVERTON_E_LEAL "Eu não me dou por vencido"

CADAVRE-EXQUIS (1)



Palavra que murmura
Acesso de lágrimas
Sonolentas como instantes
Havido entre atos
Desumanos contudo úteis

Utensílios domésticos
Fotografados pelo olhar
Sombreados na parede
Como seres fantasmagóricos
De proporções gigantescas

Descomunais em verdade
Falésias sobre o oceano
Madrepérola ao desmedido
Da hora um tique-taque
Preciso, desconexo e absurdo

No desce e sobe
Por ladeiras e ruelas
Alardeados homens
Escondem-se nas sombras
Ladeados de seus cães

Soltos numa floresta
Ao entendimento vago
Compreensão do abismo
Despido de ilusões
Vazias destas súplicas

Martírios selvagens
Nas plantas dos pés
Em assombroso espanto
Deambulam pelas avenidas
Caminhos de suicidas


Beto Palaio e Ianê Mello

domingo, 26 de dezembro de 2010

TEMPO EM ETERNIDADE





(Para você , meu amor)



Tic-tac, tic-tac, tic- tac
o relógio sem cesar
segundos, minutos, horas
não há como o tempo parar


Para agora, tempo,
nesse átimo de instante
torna esse momento constante
eterniza-o em mim


Tempo, tempo, tempo
nas asas do vento
num voar sem fim
quero te perder


Tempo, tempo, tempo
idealiza o sonho
nessa notas que componho
em suave melodia


Tempo, tempo, tempo
torna infinito esse dia.


Ianê Mello




O tempo fecha
O tempo abre
O tempo muda
O tempo voa
O tempo leva
O tempo rouba
O tempo dá
O tempo tira
O tempo traz
O tempo vai
O tempo vem
O tempo mantém
O tempo aquece
O tempo arrefece
O tempo trata
O tempo empata
O tempo impõe
O tempo dispõe
O tempo repõe
O tempo compõe
O tempo é perverso
O tempo é inverso
O tempo foge
O tempo sobra
O tempo falta
O tempo assalta
O tempo passa
O tempo lassa
O tempo urge
O tempo come
O tempo consome
O tempo inerva
O tempo enerva
O tempo resolve
O tempo reserva
O tempo preserva
O tempo envelhece
O tempo acabou
E acabei o meu intento
Pois não tenho mais TEMPO
E vou terminar
Que já me falta o ar…


Joaquim Vale Cruz

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

NÓDOA DO TEMPO

Pintura de Gustave Cailebotte



No chão
uma mancha
descorou o sinteco
numa nódoa
presente, constante,
a relembrar algo


O líquido
derramado
já não se faz lembrar,
da memória
já desvanecido


Mas a mancha persiste,
insiste em ser
uma marca
que não há mais jeito
de se extinguir


No tempo que transcorre
em leves ou pesados passos
ali ela sempre está
e a tudo vê passar




Ianê Mello


Quantas manchas, quantas nódoas
Deixamos em nossas vidas
E essas nódoas, que são feridas
...Quer na memória elas fiquem
Quer se desvaneçam no tempo
Dão sempre lugar ao lamento
E persistem como chagas
Que não se extinguem
São pragas
Que alguém por maldade rogou
E isso nos afectou
De tal forma, de tal jeito
Que em nós ficaram como um defeito
Que a nossa vida marcou !!!



Joaquim Vale Cuz



TESSITURA DE PALAVRAS




Prognóstico
Diagnóstico
Agnóstico


Profético
Dialético
Estético


Tessitura
Dobradura
Lisura


Urdidura
Queimadura
Brandura


Clarividência
Malevolência
Decência


Decadência
Inocência
Complacência



Ianê Mello

SOLIDÃO

ARCO-ÍRIS E ALÉM

Pintura de David Delamare



Há no teu olhar
Te haver, tremer
Sentimentalismos
Do mais fino licor
E meu amor
Foi para o Caju
Para o Lido,
Para a sombra
Cornucópias, viver.


Em teus olhares
Algures, tremores
Sabores ainda vãos
Dissabores, odores
Angúsias de solidão
Em teus martírios,
Delírios de visões
Cavalos alados
Temores sagrados
Medos de dissolução.


No porto Internet
Tua graça é plena
Angel Face da Pond's
A dedilhar Debussy
Tardes outonais
Dispersa em flâmulas
Bandeiras, arrebites
Retoques de maquiagem
Caras e bocas, batom
doce língua bárbara.

Sorrateiramente o sexo
Preenche os desvãos
Entre tardes quentes
E noites extremas
Misto de paixão e dor
Os extremos do amor
Colorem os dias
Perdidos em palavras
Proferidas ou não
O dedilhar no teclado
Torna-se obsoleto e inócuo
Na ausência que se acresce
Ao passar das horas.

Ambos a seguir um gato
Preto, em sombras, escadas
Tua voz melodiosa, miar
Distante, unidos, afinados
O eterno subir de ladeiras
Um lufar, teu vestido
Diáfano, aos vapores
Da manhã, voava, brando
Brancos presságios, ninguém.

O perseguir de sonhos
Em algo surreal
Pode transparecer
Quando dois amantes
Num tapete mágico
Voam sobre a cidade
Pequenos pontos brilhantes

De uma realidade distante
Enquanto a lua alto brilha
Preenchendo de magia
Essa doce viagem.

Beto Palaio e Ianê Mello





terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Um Nada



Corpo oculto
na penumbra da noite
de tão translúcido
quase imperceptível
indiferentemente
dilacerado
a esmo
num canto
num desvão
numa ruela escura
num beco 
perdido num nada
Um corpo,
apenas um corpo
Vivo ou morto?
Como saber
se ainda respira
na dor que lhe impinge
a alma dorida.


Ianê Mello

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

MENSAGEM DE NATAL

Gerard Von Honthorst



De novo é Natal
e o que nós fizemos?
Assim cantava John
em Happy Xmas.
Tantos natais ouvimos
esta mesma canção
e nada fizemos de fato.

Quantas vezes estendemos as mãos
à um irmão em súplica?
Quantos sorrisos doamos
e verdadeiramente enxergamos
o ser humano ao nosso lado?

Que este Natal traga
Novamente em sua vida
a oportunidade de ter
o pensamento iluminado
em ações de irmandade
E que possamos assim
diminuir a distância entre
a intenção e a realização.

Que o sentimento de amor fraterno
possa habitar o coração dos homens
e numa intensa e branca luz
a paz ilumine tudo ao redor,
suplantando todo o sofrimento e dor.


São os votos de

Ianê Mello e Beto Palaio

Colcheias


Não tenho versos pra compor o pêndulo,
A marcha indestrutível do organismo.
Meus versos são pra quem tem sono; e, o tendo,
Eles o afagam como canta o cisne...

RODRIGO DELLA SANTINA

domingo, 19 de dezembro de 2010

A PARTIDA



você se foi...
e com você a luz do dia
deixou seu rastro
seu lastro
caminho de luz
na casa
um cheiro de hortelã
ainda perfuma o ar
com sua presença doce
você se foi, assim...
como se fosse
um barqueiro em alto mar
jurando não me deixar

Ianê Mello
 
 
 
E a dor da despedida
É a coisa pior da vida
Que nos pode acontecer


...Com ela vai a luz do dia
Vai-se embora a alegria
Vai-se embora o bom-viver


E ela deixa um tal rastro
Que é pesado como o lastro
E difícil de esquecer…

Mas quando pela telha vã
Sai um cheiro a hortelã
Que vai perfumando o ar
Da tua doce presença


Eu sinto que vem do mar
No seu eterno ondular
Aquela linda sentença

Que proferiste ao abalar:
-Eu juro não te deixar!


Joaquim Vale Cruz




sábado, 18 de dezembro de 2010

Vozes do Tártaro


Eu ouço as vozes murmurantes do mormaço
Me torturando, me marcando como gado.

O vento amarra meu destino em meu pescoço
E eu caio ao Tártaro, sem luz, como um passado.

RODRIGO DELLA SANTINA

MINICONTO - 3




A bolsa de Virgínia guardava todas as embalagens de bombons que ganhara de Rui, menos aquela fatídica.


Jane Chiese

MINICONTO - 2



O homem carrancudo vomitou palavras e gestos e as crianças riram à beça daquela lição de navegação.


Jane Chiese

DO MUNDO APARTADA

                                                           Foto de Toni Frissell


Submersa...
a água a envolver meu corpo
Ainda respiro
pois mantenho a cabeça fora d'água,
mas até quando?
Uma parte de mim
vive e pulsa
sangue quente correndo nas veias.
A outra parte jaz fria
gélida como essa água.
Não, aqui não é
o meu lugar,
bem sei,
desde que nasci.
Mas aonde é o meu lugar,
em que mundo estranho
eu habitaria
se é esse que conheço?
A água me faz bem
em sua calmaria,
quando serena me permite
deitar-me sobre ela...
flutuar...
Mas sou um ser da terra
e sobre dois pés me sustento
Respiro por pulmões,
tenho pelos a recobrir minha pele
Sou humana, não sou peixe,
no mar não poderia viver,
não conseguiria respirar.
Peixe é peixe,
aquático por natureza.
Seu corpo recoberto por escamas
e no lugar de pulmões, suas guelras.
Sempre de olhos bem abertos.
Bicho estranho, não fecha
os olhos nem para dormir.
Eu, ao contrário, quando durmo,
fecho bem os olhos
e sonho, sonho, sonho...
sonhos surreais de que
nem sempre consigo
me recordar.

Ianê Mello


Submerso
em encontros
E nos desencontros
...Que vou sentindo
Fora da água
Sem qualquer mágoa
Pois é na terra
que vou fluindo…


Antes de algo ser
E de nascer
O meu viver
Esteve submerso
Ou talvez imerso
No materno líquido
antes erótico
Depois amniótico
E dali nasci…

Por isso anfíbio
E nesse alívio
De poder estar
Na Terra ou no Mar
Sem soçobrar…


Mas sobre os peixes
tenho a vantagem
Por vezes miragem
De poder sonhar
E aí me encontrar
Naquilo que penso
Mesmo sem consenso

Realizar…

Joaquim Vale Cruz

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

CANÇÃO INTERIOR



Como um gemido contido
...a alma desabrochar
lenta e mansamente

No silêncio
ao escorrer das horas
no quarto vazio

A dor que resvala
entre paredes
e tetos da casa

Essa nota insistente
em meu ouvido
seja noite...

seja dia...
ela persiste
sombria

Ianê Mello


Chove lá fora a voz de um anjo aflito.
Cai à janela, delicadamente,
O seu pudor, o seu desejo, implícito,
Aos meus olhos fazendo um lindo enfeite.


RODRIGO DELLA SANTINA

Reconstrução

Pintura de Van Gogh


Eu quero alcançar essa brisa
lenta, leve, quase precisa,
a circundar a imensidão
de folhas caídas,
derrubadas pelo último vendaval.

Eu quero ultrapassar os limites
de um tempo intranquilo
que, feito gangorra, movimenta-se,
a rodear os encontros possíveis,
a circundar a esperança, pelo ar.

Eu quero alcançar a chuva macia
que vem, lenta vem,
a balançar o varal,
e ver, como bandeiras da Paz,
as vestes brancas, serenas, agitarem-se,
no coração desse vendaval.

Eu quero ser o sorriso
daquela lágrima ardente,
a espalhar sementes,
nos campos áridos, carentes
de Amor e de Paz!

UM FELIZ NATAL A TODOS!

                        (Otelice Soares)

                     

ELA É A MULHER


Pintura de Dali

Ela é a mulher-poema
Brotando versos de flor em flor
É abelha em dias de sol
É beija-flor em noites de lua
Seus olhos púrpuras inauguram a métrica
O pulsar de seu coração é ritmo para o amor

Ela é a mulher-lua
Nas noites a vagar
Dos apaixonados companheira
Tece sonhos ao amor
Às vezes crescente, minguante ou cheira
Faz despertar ardores febris

 
Ela é a mulher-lagartixa
Escalando o vitrô da cozinha
Agarrada a fatos invisíveis
Subindo em escadas transparentes
Suspensa nessa coisa nenhuma
Sem desistir de coisa alguma

Ela é a mulher-leoa
Protetora de sua cria
Em prontidão ao ataque
Suas potentes garras à mostra
Selvagem por natureza
Entrega aos seus filhotes
Delicadeza rara

Ela é a mulher-árvore
Liberta em raízes e copas espraiadas
Seu corpo entra pela janela
Deita-se no espelho da penteadeira
Mira o céu em feéricos reflexos
Doa sementes de paixão ao sol e ao vento

Ela é a mulher-amor
Com braços de abraçar
Acalentado sofrimentos
Espelhando-se em rios d´água
A mirar contentamento
E cintilar como estrela
Nos olhos de seu amado .


Beto Palaio e Ianê Mello


Mulher completa
forte e directa
Que é tão dilecta
quando ama tanto
...e nesse encanto
gera seu filho...
Mulher poema
que em seu dilema
surge suprema
gerando versos
lindos, perversos
versos de amor
E se está nua
É mulher Lua
Que ao luar
Sabe entregar
Todo o seu ser
E quando sobe
É lagartixa
E nada impede
Sua ascensão…
E ao defender a sua cria
Mulher leoa, ela é a guia
Do filho seu
A quem ensina
E até domina
Quem quer que seja
Em qualquer luta
E se tem raízes
Que são felizes
Presas ao chão
Como árvore dura
firme e segura
Protege o lar
E pode dar
Aos outros Paz
E com tanto ardor
Mulher-amor
É afinal
Mulher inteira
Porque ela enfim,
Não tem igual
Porque se dá
Com tal ardor
E sentimento
E nunca pensa em sofrimento
E quando sofre qualquer tormento
Aquilo que sente fica de lado
Quando se entrega ao seu amado…



Joaquim Vale Cruz
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