O pombo se assustou comigo
A glória de escrever bateu asas com ele
Se escrever é versejar, sombrio é não versejar
Não está vindo nada na minha cabeça
A glória de escrever bateu asas com ele
Se escrever é versejar, sombrio é não versejar
Não está vindo nada na minha cabeça
A poesia por vezes bate asas como o pombo
Mergulha no ostracismo das contas a pagar
Finca de canivete na madeira mole do acaso
Tanto risca que me confunde inteira
Traços borrados na indecisão do vir a ser
Ontem comecei a escrever algo e não acabei
Tem dias que dá certo, tem dias que não dá certo
Mas tem mesmo esses dias em que a poesia voa
Como o pombo que se assustou comigo.
IANÊ MELLO E BETO PALAIO
*
Pintura: Nicola Slattery - Caçando o pombo - 2011