O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




domingo, 25 de novembro de 2012

DURAS LINHAS SÃO AS LINHAS





O pombo se assustou comigo

A glória de escrever bateu asas com ele

Se escrever é versejar, sombrio é não versejar

Não está vindo nada na minha cabeça

A poesia por vezes bate asas como o pombo

Mergulha no ostracismo das contas a pagar

Finca de canivete na madeira mole do acaso

Tanto risca que me confunde inteira

Traços borrados na indecisão do vir a ser

Ontem comecei a escrever algo e não acabei

Tem dias que dá certo, tem dias que não dá certo

Mas tem mesmo esses dias em que a poesia voa

Como o pombo que se assustou comigo.


IANÊ MELLO E BETO PALAIO


*
Pintura: Nicola Slattery - Caçando o pombo - 2011

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

POEMA PARA MÁRCIO RUFINO




Belo Ford roxo
ventava enquanto corria
poesia de faróis acesos
Como pode
a letra viva
viver longe
do livro frio?

Fanzines por conta própria
cantos contos anedotas
onde a poesia frutifica

A vida é seca
no passeio público, Poema
arde o pó das rimas
se inclina o fino menino

Rufos de asas finas
vôos de Curupira
verbo solto na Baixada

Tantã de tambores
num alto brado
de humana resistência
biscoitos à meia-noite

Palavras soltas ao vento
mesclam-se à poeira
a terna voz de Rufino


IANÊ MELLO E BETO PALAIO

*

Foto de Marcio Rufino

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A biblioteca de Alexandria (Dos antepassados)




A chama consome a ponta do Papel...

O Tempo não é mais um deus.

RODRIGO DELLA SANTINA

Agonia




Nervosismo
Girando
No estômago
Sufocando
A vida
Que há dentro
De mim

RODRIGO DELLA SANTINA

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

AFLORAÇÃO






Voam cores no arrebol
dilúvio de tons arredios
afogamentos de luzes ardentes
nuvens que pintam em artifícios.

Por onde vamos nós?
amantes de rumores vastos
pecadores em caminhos aflitos
Bacantes em desejos afins.

Fecha-se a porta da formosura
o tempo corre incógnito e ligeiro
sonhos abundantes já rareiam
momentos tão queridos se esvaecem.

Para onde vamos nós?
navegando afluentes do sagrado
redes de densos ocultamentos
desencantos em caminhos afortunados.

Floreiam nos jardins flores outonais
no tempo que corre sem favor
deixando vestígios nos rostos maduros
nos corpos vividos apenas cansaço.

Para onde vamos nós?
correndo contra o tempo
enganando nosso sentir
Iludidos por uma vida fugaz.


BETO PALAIO E IANÊ MELLO

*
Pintura: Aquarela de Emil Nolde

Há uma chuva indecisa lá fora



Há uma chuva indecisa lá fora

Brava às vezes
Às vezes tenra

Deixo que mordisque minhas costas
Enquanto me curvo sobre um livro antigo

Na cozinha
O perfume do café nascendo
Numa tarde pacífica de Agosto



Os Deuses dormem

RODRIGO DELLA SANTINA
Related Posts with Thumbnails