O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




segunda-feira, 23 de julho de 2012

Pedra de barro



És como pedra de barro:
Aparentemente dura.

Gestos, cores, sons,
Forças hercúleas e céleres
Estrangulam tua alma.

Que fazes?
Que direitos tens sobre tua vida?

És como aquela pedra...
Apenas.

RODRIGO DELLA SANTINA

domingo, 22 de julho de 2012

Diálogo poético: Luis Lima e Ianê Mello




“””””””
Estaria
um lençol lamentado
a cuidar -te
em corpo a corpo

como seria também
colado ali
ao teu lado
tal lençol
amarfanhado
batido de amor, meio morto

“””””””
“”””(luis/lima)



(... canto de bolso... foto windows...)


SOB O LENÇOL


O lençol que teu corpo cobre
em pureza se revela
em branca alvura
da carne por ele revestida

...

em algodoados sentires
teu corpo repousa plácido
na memória adormecida
de noites de amor mal dormidas


Ianê Mello


Diálogo Poético: Luis Lima e Ianê Mello


"""""""
uma Abelha é 
afinal 
uma larga Palavra 
estendida 
em dúbia fala


Tem o mel 
qual banquete 
à tua pele
e um alfinete
em bico-fel 
para atacá-la 


"""""""
""""(luis lima)



(... canto de bolso... foto windows...)


Da abelha quero o mel
a doçura que apetece
longe de mim o fel
do ferrão que adoece

Banquetear-me em doçuras
esquecendo as agruras
que o reverso pode revelar
as dores do verbo amar

Ianê Mello

sábado, 21 de julho de 2012

GOSTOSURAS E TRAVESSURAS




Mais se encanta o entendimento
conhecendo melhor a poesia
ciência e erro sem fim
toda gramática nela penetra
o melhor propósito em orações
gostosuras que a métrica propõe


Travessuras que em versos
cirandeiam antigas cantigas
inocência da criança perdida
que em poemas revela seu encanto
e num espanto de alegria explode
em risos que atravessam o passado


Há no amor um despropósito
com a clara manhã desperta
em sóis que refletem nuances
corpos num palpitar de rendas
teias na eleição do caminho
gostosuras que dormitam no ninho


Amor que se perde em travessuras
para encontrar-se no desenlace do carinho
em pétalas de rosas que se abrem
em floresceres de proibidos frutos
desejosos os amantes em plenas carícias
na noite que se finda em estrelas


Aqui  se oferece o pão do mundo
no pavilhão de caça da arte
 em toda parte o amor alcança
quer ao filósofo ou a criança nobre
pobre de quem ao poema não se excita
gostosuras que adoçam a alma aflita


Em travessuras o amor se despe
eterna brincadeira de sentidos
a corações apaixonados enternece
a mãos que propõe o acalanto
almas que se entregam ao infinito
e nele regozijam o seu canto


Beto Palaio e Ianê Mello


*



sexta-feira, 20 de julho de 2012

AMIGO VIRTUAL, AMIZADE REAL




 Um doce sentimento
envolve nosso coração
em palavras que se tocam
como suave toque de mãos
Nunca nos vimos
face a face
mas nos conhecemos
e bem nos queremos
Em sorrisos simbólicos
em olhares que se buscam
através da tela a nossa frente
Podemos até nos ver, sim,
se assim o quisermos,
numa câmara a revelar
nossos rostos tão queridos
em verdadeiros sorrisos
em gestos de mãos que acenam
como se fossemos crianças
a descobrir um novo brinquedo
Assim, nosso sentimento
de amizade se solidifica
mais e mais a cada dia.



Ianê Mello



Um doce sentimento, que sai do coração
palavras que nos tocam, com tão terna emoção
São expressões de amizade de quem muito se quer
Mesmo sem se conhecer, seja homem ou mulher

Ao receber uma mensagem ou um simples comentário
Um palavra amiga, um gesto solidário
Transforma-se em sorrisos, um dia em que há desgostos
Pois provém de um amigo e nos põe bem dispostos

Amiga/o virtual, a quem já tanto quero
Há por vezes ansiedade, para vos ser sincero
Quando não há noticias e vós estais ausentes
pois só fico tranquilo se vos sinto contentes

Parece utopia poder ter amizade
por quem se não conhece de viso, de verdade
Mas é forte sentimento este que já nos liga
Pois gosto muito de ti…amigo…ou...linda amiga !!!



Joaquim Vale Cruz

GRITOS E SUSSURROS




Por um caminho arborizado
estrada lamacenta
rua sem saída
causava aflição
nas horas desiguais
noite e dia em um grito

Sussurra a noite vazia
entre verdejantes campos
enquanto a alma desatina
cantares em desencanto
num esgar de sorriso e
no pranto
que deságua lento

Existe algo que ama
transforma vultos em pedra
salinizando sentires
no veloz silêncio que corre
o canto religioso do grito

Pela noite adentro
envoltos em névoa e luz
espantos e  sentimentos
acobertados pelo medo
em sussurros inaudíveis
que se perdem

Se ao menos um murmúrio
olhasse para a estátua
da embriagada manhã
transformada em grito
bruscamente ofuscada
em sombreados que adormecem o dia



Beto Palaio e Ianê Mello


*  Foto de autoria desconhecida

VÔO ASCENDENTE




Súbito pássaro
abra suas asas
brancas como a neve
par a par
a brilhar
no azul cobalto

Escorre como uma lágrima
no rosto do céu
teu corpo estendido
asa com asa
para onde quer me levar?

Vôo ao infinito
meu amor a descortinar
em véus de plácida luz
acordes envoltos em sonho

Súbito pássaro
Teu voar distante e perto
habitante de excessivas horas
do existir em forma e eco
sereno em sua constância
a subir... subir... subir...


Ianê Mello e Beto Palaio

*

Pintura de Pablo Picasso.

A NOITE É PASSADA



O café entornou na pia
nada é permanente
farelos de pão sobre a toalha
murmúrios de vozes se fazem ouvir
enquanto a  noite cai mansamente

O tic-tac do relógio
marcas de mim
ao correr das horas
sombras projetadas nas paredes
memórias esquecidas

No mistério dessa noite
tendo o sono como companhia
de olhos fechados em fugas
sonatas de notas difusas

O passado e o futuro declinam
ao momento presente
o pão que se desfaz
o café que se esvai

Nas teias da meia-noite
a aranha tece eterno bordado
seu ir e vir enrodilhando
destinos que se entrelaçam
e desaparecem na noite passada.



Ianê Mello e Beto Palaio





sábado, 14 de julho de 2012

O canto



Canta passarinho sobre o galho cortado
Seu canto é lamento
Sua casa
Destruída
Só lhe resta cantar
sobre o galho cortado

Canta, pois, passarinho
Minha alma é sem lar...

RODRIGO DELLA SANTINA
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