O poeta caça o poema, ou é caçado por ele?
a parceria avança numa criatividade afim
quando um quer dirigir e o outro permite
ou quando ambos entram num acordo
o poema silencia, mas o poeta o chama
o poema vem e vai, mas mostra sua porta
por onde o poeta entra uma vez mais
O poema é a alma do poeta
a clamar em versos
Por vezes o poema chama o poeta
sem por ele ser chamado
O poema é catarse
é alívio para a dor
Nunca um mero descaso
O poema é sentido nas entranhas
e pede para ganhar forma no branco papel
O poema traça linhas que em palavras
se representam em momentos de inspiração
Ao descobrir-se em campo aberto
o poema brinca com um girassol
toma-lhe cacoetes de mirar o astro
quer ser o próprio sol e consegue
pintar de cores todo abecedário e
ao não lhe conferir luz excessiva
faz-se avarento diante do poeta
Ah, mas o poeta o toma de assalto
pega papel e caneta
e o prende em limitado espaço
Poema sem traço se perde
no ar se vai com a brisa
Poema em liberdade
que traça no céu arco-íris
e dança no arrebol
Numa casa que cheira a maçã
mora o poema com duas irmãs
ambas entretidas em tecer lã
a Inspiração e a Febre Terçã
uma é atrevida, por vezes vã
a outra aquece o cantar da rã
ambas agitam até o bom divã
Num mar bravio é tal qua barco
perdido em meio a tempestade
sem quietude ou calma
explode em ondas que arrebatam
pulsando forte o coração
Poema que provoca maremotos
tempestades bravias em alto mar
Sentimentos que extremam
a paixão e o desesperar
O poeta entrega-se à faina diária
escreve coisas que surgem ao léu
atribui sua retórica a um gnomo
que pensa dormir em sua soleira
entretanto o poema é dono de si
jamais compra o gato pela lebre
confunde portanto até os eruditos
Ah, o poema ganha vida própria
quando surpreende seu poeta
com estórias que esse jamais viveu
Sonhos, talvez, inconscientes
Fantasias irreais e inconfessáveis
em palavras que se transformam em versos
e extrapolam seu próprio universo
Beto Palaio e Ianê Mello
A poesia caça a gente
sem apelo nem agravo
e por vezes deixa um travo
dificil de digerir...
E quando surge um poema
nós ficamos num dilema
para do problema sair...
Vem o mote, vem a ideia
mas não aparece a veia
por onde possa correr...
E quando achamos saída
começa a nossa lida
e as palavras vão fluindo
e um sentimento lindo
começa surgindo em nós
quando podemos dar voz
ao nosso melhor sentir...
E o poema que é som
tem necessidade ainda
de certa musicalidade
que lhe vai dar de verdade
o encanto que ele tem.
E tem que ter o seu ritmo
ora rápido, ora lento
para conseguir o intento
de poder ser entendido
seja escuro, seja florido
seja mudo, tenha som
e tem que mudar de tom
p'ra não haver distonia
e quando tudo consegue
o poeta fica alegre
quando depois do interim
lhe põe a palavra....
Joaquim Vale Cruz
6 comentários:
Um espelho não guarda as coisas refletidas!
E o meu destino é seguir... é seguir para o Mar,
as imagens perdendo no caminho...
Deixa-me fluir, passar, cantar...
toda a tristeza dos rios
é não poderem parar!
Mário Quintana
Belo amanhecer e um FDS abençoado! M@ria
Ianê: Parabens aos dois, lindo poema sobre o poema e o poeta. Eu costumo dizer que o poeta tem um pouco de Louco, e também que o poeta nunca se engana por escreve aquilo que não existe, sabemos que há coisas que são escritas da propria esperiencia da vida mas a maior parte são inventadas.
Beijos
Santa Cruz
Obrigada, amigos, pela presença e comentários.
Voltem sempre. Grande beijo.
Gostaria de saber se o Raizonline tem o logotipo estampado em camiseta, boné ou para ser colado no vidro do carro. Acredito que seria uma boa propaganda, inclusive de identificação de ideiais.
Olá, Marcelo, seja bem vindo.
Desconheço se existe.
Obrigada pela presença.
Abraço.
Oi, Ianê! Linda poesia sobre CAptu, mulher enigmática e sedutora. Belíssima poesia - a dança entre o poeta e a poesia. Exprime com muita beleza o processo criativo. Abraço!
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