Um grito que foi dado.
No metrô, nos trilhos, no túnel
Um socorro agoniado. Ouviu-se.
Do humano orgulho um rebate.
Da finitude de toda espera.
Um grito , um urro de dor
qual animal ferido
atingido em sua alma.
Um pedido de ajuda
para quem ja se entregou.
A falha de ser feliz.
O encontro de uma alegria cicatriz.
O fel que se derrama em solilóquio.
Um mal, ao azar de quem chora.
E pede, e clama, e se agonia.
Espectro de homem se tornou
esse ser que agora urra de dor.
De humano só a forma
de um conteúdo que há muito se esvaziou.
Eis que ali vai um homem.
Remexe nos dejetos do pátio.
Abre sua voz em realejo.
Canta seus ais. Pede socorro.
Quem ouvir que ouça. Ou não ouça.
Os transeuntes alheios
em seus passos apressados
mal escutam o seu grito
E ele ali rasteja como animal
a procura de um abrigo.
Uma montanha muito alta se desfaz.
Os sozinhos lamentam pelos sozinhos.
Que se foram. Ao mais além. Ao finito.
Não há tragédia maior que a solidão.
Dos afetos nunca doados. Da dor de ser e jamais ser.
Solidão, companheira das horas vazias
prima-irmã do sofrimento atroz
da angústia de quem vive
de não ter com quem repartir a dor
Solidão pedra bruta que esmaga a alma.
Escolhe-se o ego que nos convém.
Somos lentos, somos ágeis. Somos atentos, somos frágeis.
Lamenta-se pelo sermão mal proferido. Pelo horário nobre
Na TV. Lamenta-se pelo fato nunca concluído. Pelo eterno
Rastro de ódio. Pelos momentos que nunca existirão de fato. Pela
Falta do que fazer.
Falta-nos a humildade no olhar
a leveza no tocar o outro
o respeito pelo que de nós difere.
Quer-se amor, mas faz-se a guerra
e o que se planta, se colhe...
os desafetos mal resolvidos.
Beto Palaio e Ianê Mello
2 comentários:
Gostei do seu blog querida, grande abraço.
Obrigada, Pricilla.
Bjs.
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