O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Solidão nas Ruas



Um grito que foi dado.


No metrô, nos trilhos, no túnel


Um socorro agoniado. Ouviu-se.


Do humano orgulho um rebate.


Da finitude de toda espera.






Um grito , um urro de dor


qual animal ferido


atingido em sua alma.


Um pedido de ajuda


para quem ja se entregou.






A falha de ser feliz.


O encontro de uma alegria cicatriz.


O fel que se derrama em solilóquio.


Um mal, ao azar de quem chora.


E pede, e clama, e se agonia.






Espectro de homem se tornou


esse ser que agora urra de dor.


De humano só a forma


de um conteúdo que há muito se esvaziou.






Eis que ali vai um homem.


Remexe nos dejetos do pátio.


Abre sua voz em realejo.


Canta seus ais. Pede socorro.


Quem ouvir que ouça. Ou não ouça.






Os transeuntes alheios


em seus passos apressados


mal escutam o seu grito


E ele ali rasteja como animal


a procura de um abrigo.






Uma montanha muito alta se desfaz.


Os sozinhos lamentam pelos sozinhos.


Que se foram. Ao mais além. Ao finito.


Não há tragédia maior que a solidão.


Dos afetos nunca doados. Da dor de ser e jamais ser.








Solidão, companheira das horas vazias


prima-irmã do sofrimento atroz


da angústia de quem vive


de não ter com quem repartir a dor


Solidão pedra bruta que esmaga a alma.






Escolhe-se o ego que nos convém.


Somos lentos, somos ágeis. Somos atentos, somos frágeis.


Lamenta-se pelo sermão mal proferido. Pelo horário nobre


Na TV. Lamenta-se pelo fato nunca concluído. Pelo eterno


Rastro de ódio. Pelos momentos que nunca existirão de fato. Pela


Falta do que fazer.






Falta-nos a humildade no olhar


a leveza no tocar o outro


o respeito pelo que de nós difere.


Quer-se amor, mas faz-se a guerra


e o que se planta, se colhe...


os desafetos mal resolvidos.
     
                                    


Beto Palaio e Ianê Mello




2 comentários:

Priscilla Marfori... disse...

Gostei do seu blog querida, grande abraço.

Ianê Mello disse...

Obrigada, Pricilla.
Bjs.

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