O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Sobre as virtudes de amar

















Paul Delvaux "Mulher ao espelho"



A máscara do desespero
recobre o rosto cansado
Rugas marcam a pele madura
no rosto um sorriso amarelado pelo tempo


Tudo o que esconde o tempo
Desde a fruta que nunca amadurece
Ao assoviar do vento na cumieira
Saltam deste ponto à eterna colheita.


Jardineiros em nossos jardins de sonhos
plantamos ideais de esperança
a colheita nem sempre é farta
as pragas devoram-na...


Ontem escrevemos um poema
Ele falava de linhas avulsas
Nunca escritas em sobressalto 
Apenas um latente atestado de existir


O poema tem vida própria
domá-lo por vezes se torna necessário
pois como cavalo selvagem
escapa de nossas mãos e se liberta


Cavalgamos até o Verão
E com ele a angústia de saber
Que os felizes nunca herdarão
O mundo prometido como infindável.


Cavalguemos apesar do rumo incerto
Por vezes segurando firme as rédeas da paixão
O amor deve controlála e dar-lhe o equilíbrio
Paixão arde e queima
pode incendiar florestas
O amor é mais sábio e sabe quando aparar as arestas


Porquanto as virtudes no céu são muitas
A aragem une partículas de vapor amiúde.
Leva-as de cá para lá, e no caminho de volta
Tudo em uníssono se entrega à terra, com amor
Com quietude, com determinação, cria-se a chuva.


E o jardim umidecido pela gotas da chuva a cair
volta a florescer em belas cores e aromas
Com o amor a cuidar zelosamente  das pragas que destroem
A harmonia da natureza se restabelecerá em paz.


Ianê Mello/ Beto Palaio

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