Paul Delvaux "Mulher ao espelho"
A máscara do desespero
recobre o rosto cansado
Rugas marcam a pele madura
no rosto um sorriso amarelado pelo tempo
Tudo o que esconde o tempo
Desde a fruta que nunca amadurece
Ao assoviar do vento na cumieira
Saltam deste ponto à eterna colheita.
Jardineiros em nossos jardins de sonhos
plantamos ideais de esperança
a colheita nem sempre é farta
as pragas devoram-na...
Ontem escrevemos um poema
Ele falava de linhas avulsas
Nunca escritas em sobressalto
Apenas um latente atestado de existir
O poema tem vida própria
domá-lo por vezes se torna necessário
pois como cavalo selvagem
escapa de nossas mãos e se liberta
Cavalgamos até o Verão
E com ele a angústia de saber
Que os felizes nunca herdarão
O mundo prometido como infindável.
Cavalguemos apesar do rumo incerto
Por vezes segurando firme as rédeas da paixão
O amor deve controlála e dar-lhe o equilíbrio
Paixão arde e queima
pode incendiar florestas
O amor é mais sábio e sabe quando aparar as arestas
Porquanto as virtudes no céu são muitas
A aragem une partículas de vapor amiúde.
Leva-as de cá para lá, e no caminho de volta
Tudo em uníssono se entrega à terra, com amor
Com quietude, com determinação, cria-se a chuva.
E o jardim umidecido pela gotas da chuva a cair
volta a florescer em belas cores e aromas
Com o amor a cuidar zelosamente das pragas que destroem
A harmonia da natureza se restabelecerá em paz.
Ianê Mello/ Beto Palaio
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