As palavras se esvaziaram de mim
e sem elas me sinto nua
Quero vestir-me de palavras novas
Quero sentí-las tatuadas em minha pele.
Ianê Mello
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LIRA PERDIDA
Na página adiante, a fria alvura
É um mar de tão branca secura
Que por tal palavra me faltasse
Na letra ausente eu me afogasse
E tateio, adivinhando a tessitura
Se dela inda estivesse à procura
Qual se a mim mesmo buscasse
Num travo à língua, um impasse
É que falta a cor, se oculta a face
O próprio verbo criador descura
Qual se do fiat lux se ausentasse
E clama a metalingüística lisura
Na folha maculada, em sua alvura
Que eu a mim mesmo edificasse
Francisco de Sousa Vieira Filho
['sede oleiros de vosso próprio barro.']
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ATHENE NOCTUA*
Ah, poesia, linguagem caprichosa!
Do bom-ócio grego, o farto ventre
Dúbia e faceira, mansa e chorosa
Qual se nos achega quase sempre
Em sua dança geniosa não se curva
E se ao bel sabor o sentimento turva
Mal se presta a falar o que só pode
Cantar o coração em cifrado códice
Suas belas asas não deixa vergar
A quem só dela foge, se a pretende
Esforço vão, a vil noção conceituar
E em seus profundos olhos tende
Se co'a Filosofia alça vôo acúleo
A desbravar o horizonte cerúleo
Francisco de Sousa Vieira Filho
FONTE: VIEIRA FILHO, Francisco de Sousa. Lira Antiga Bardo Triste. Teresina - PI: Gráfica e Editoria O Dia, 2009. v. 500. p. 14.
* Athene Noctua era a coruja de Atenas, símbolo da Filosofia.
num gesto desesperado
retirou da bolsa a última palavra...
lançou-a contra as cercas da própria alma;
escaparam dois gritos e um poema
Limite
num gesto desesperado
retirou da bolsa a última palavra...
lançou-a contra as cercas da própria alma;
escaparam dois gritos e um poema
Ricardo Fabião
A imagem acima foi extraída do endereço: http://humorgrafe.blogspot.com
Chama-se "A fuga"; seu autor é Agim Sulaj
Chama-se "A fuga"; seu autor é Agim Sulaj
Diálogo Poético - Colaboradores: Ianê Mello, Francisco de Sousa Vieira Filho e Ricardo Fabião
10 comentários:
Casou bem com o que postei hoje lá no meu cantinho... belíssimo texto... beijão, Ianê... ;)
LIRA PERDIDA
Na página adiante, a fria alvura
É um mar de tão branca secura
Que por tal palavra me faltasse
Na letra ausente eu me afogasse
E tateio, adivinhando a tessitura
Se dela inda estivesse à procura
Qual se a mim mesmo buscasse
Num travo à língua, um impasse
É que falta a cor, se oculta a face
O próprio verbo criador descura
Qual se do fiat lux se ausentasse
E clama a metalingüística lisura
Na folha maculada, em sua alvura
Que eu a mim mesmo edificasse
Francisco de Sousa Vieira Filho
['sede oleiros de vosso próprio barro.']
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ATHENE NOCTUA*
Ah, poesia, linguagem caprichosa!
Do bom-ócio grego, o farto ventre
Dúbia e faceira, mansa e chorosa
Qual se nos achega quase sempre
Em sua dança geniosa não se curva
E se ao bel sabor o sentimento turva
Mal se presta a falar o que só pode
Cantar o coração em cifrado códice
Suas belas asas não deixa vergar
A quem só dela foge, se a pretende
Esforço vão, a vil noção conceituar
E em seus profundos olhos tende
Se co'a Filosofia alça vôo acúleo
A desbravar o horizonte cerúleo
Francisco de Sousa Vieira Filho
FONTE: VIEIRA FILHO, Francisco de Sousa. Lira Antiga Bardo Triste. Teresina - PI: Gráfica e Editoria O Dia, 2009. v. 500. p. 14.
* Athene Noctua era a coruja de Atenas, símbolo da Filosofia.
Não sabia que poderia [deveria] colar no próprio 'post' antes... agora vou colocar lá...
Beijão!
;)
Lindo! :)
Beijo*
Di
Francisco,
pode postar direto sim, cadastrei você para isso.
Que belíssimos poemas, amigos.
Só fiz uns ajustes na postagem para ressaltá-la, tá?
Valeu mesmo!
Beijos.
Di,
grata pela visita.
Volte sempre.
Bjs.
Ricardo,
belíssimo diálogo.
Beijos.
o time aqui é de primeira
fequei feliz em encontrar gente conhecida e talentosa Francisco onde tocas vira ouro
Lara fequei feliz com tua adesão na minha pagina
.espero que possamos criar todos juntos .em breve.
Mateus,
seja bem vindo ao time.
Quer juntar-se a nós?
Mande-me seu e.mail que eu faço seu cadastro.
Um abraço.
Gostei muito, apesar do laivo triste de hoje...
bj
Ana,
também faz parte querida.
Beijo grande.
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