O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




terça-feira, 9 de março de 2010

O aprendizado do caminhar / Uma palavra para mil silêncios





Assim a vida caminha,
passo a passo,
no compasso único de cada ser
Uns caminham lentamente,
buscando segurança em cada passo
Outros, mais afoitos, apressam o passo
e por vezes se perdem no caminhar
Faz-se necessário achar o ritmo,
a cadência harmônica neste caminhar
Cada passo pode mudar uma vida
Sejamos, pois, cautelosos
e tenhamos a sabedoria de compreender
o momento de avançar com cautela,
o momento de acelerar 
e o momento de desacelerar o passo
O momento exato de retroceder 
Sim, pois o passo não tem uma única direção
não pode ser sempre em frente
sem medir as consequências,
sem pesar os limites de cada um
Sempre existem vários caminhos,
possibilidades diversas neste caminhar
se apresentam a cada instante
Temos que ter os olhos bem abertos para ver
e sentir o que nos diz nosso coração
Aprendamos como o tigre,
que com toda coragem que possui,
recua o passo quando pressente o perigo
Observa... sente o momento certo 
e aí sim, volta a avançar.



Ianê Mello




Uma palavra para mil silêncios


Estando já meu último passo...
 
Não quero deixar só saberes
Que dizem tão pouco de nós
Não quero cobrar só deveres
Que tendem calar nossa voz
Não quero deixar só dizeres
Que silenciam no voar dos anos
Não quero propor só fazeres
Que cercam haveres humanos
Bom seria não ter que falar
Nem explicar…
Deixar-se apenas acordar
E perceber-se no outro
Deixar-se apenas tentar
E entender-se com outro
Deixar-se apenas respirar
E completar-se de outro...
Não quero erguer as bandeiras
Nem guardá-las
Não quero construir as maneiras
Nem evitá-las
Não quero desmontar as ladeiras
Nem levantá-las
Só basta um caminho, uma chance
Uma mão que se alcance
Para que haja possibilidade de sermos nós
Haja necessidade de rompermos os nós
Para sermos raízes, base e solidez
Para crermos matizes, tons, lucidez
Em terreno qualquer o que cada um é
Indo até onde e como puder…
Peço que não calculem a vida
Há muito que viver perdeu as fórmulas
Há muito que crescer além das fábulas
Há muito que enxergar mudou de século
Há muito não há que sermos máquinas
Há pouco a se dizer…
Há mais o que silenciar.


Ricardo Fabião




Diálogo Poético - Colaboradores: Ianê Mello e Ricardo Fabião

7 comentários:

Ianê Mello disse...

Ricardo,

Que poema belíssimo, de tanta sensibilidade e verdades.

Lindo diálogo!

Grande beijo.

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Lindo poema...

Um grande abraço.

Ianê Mello disse...

Agradecemos os dois, Amapola pela visita e comentário.

Beijos.

Anônimo disse...

Olá, estou encantada com as coisas lindas que encontrei aqui.

Mas esses versos, meu Deus, são um arraso:

"Só basta um caminho, uma chance
Uma mão que se alcance
Para que haja possibilidade de sermos nós"

Obrigada. Beijo grande

Ianê Mello disse...

Marli,

seja bem vinda.
Nós agradecemos a visita e o comentário.

Beijo grande.

Maria Flor✿ܓ disse...

Ianê e Ricardo,

Belissímos!!!
Meus aplausos.

Beijos

Ianê Mello disse...

Maria Flor,

eu é que agradeço sua participação aqui.

Você escreve poemas maravilhosos.

Grande beijo.

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