A divina comédia humana
que um dia recebemos como herança
quando éramos ainda crianças
e nada sabíamos do mundo.
Como uma dádiva divina acolhemos
em nossas mãos pequeninas
(Presente tão encantador)
e por ela fomos levados,
dia após dia,
na inocência de quem crê.
Com o coração puro
nos entregamos aos feitiços
e às armadilhas da vida
interpretando os papéis
que a nós eram destinados.
Ao bem fomos apresentados
pela ternura de nossos pais
(quando esta houvera).
Tornando-nos crédulos no amor
que nos confortava em seu berço.
Nos sentindo protegidos,
sem nada a temer,
fomos crescendo na certeza
de que a bondade existia.
O tempo foi passando
e com ele a certeza
pouco a pouco fraquejando
cedendo lugar à dúvida.
O mal, então , se apresentou.
Súbito, traiçoeiro e ameaçador.
Revelando o outro lado
da bondade que conhecíamos.
Com ele, a insegurança se instalou
e a paz que então reinava,
pouco a pouco, desmoronou.
A angústia se fez visível
no temor ao inimigo
e em cada gesto contido
que o medo nos imprimia.
A lucidez tomou conta
da ilusão que antes existia
Do amor como sentimento único
que a natureza exprimia.
A dureza dessa revelação
se fez sentir na alma
e com ela a pureza
escorreu por entre os dedos.
A maturidade tomou a vez
da inocência perdida
e assim nos tornamos
cada vez mais humanos,
com todas as virtudes e vícios
que um humano pode ter.
Viver, então, tornou-se
uma eterna e incansável luta
entre o bem e o mal.
Contrários que co-habitam
em nosso ser cheio de contradições.O conflito que essa dualidade gera
em nosso ser cheio de contradições.O conflito que essa dualidade gera
nos faz desejar o perfeito equilíbrio
entre esses dois contrários-
- nossa " área de conforto",
que nutre e revigora
o amor que nos deu a vida.
o amor que nos deu a vida.
Ianê Mello
3 comentários:
Puxa você escreve bem demais,
Parece adivinhar o que se passa em nossas almas.
Perfeito.
Bjos achocolatados
Sandra.
Muito obrigada, querida!
Seja sempre bem vinda.
Beijos.
Ianê, quem sabe só quem é poesia sabe e consegue externar de si o que é poesia, é o que devaneei agora. Que bem estar sua obra me traz encontrando linha a linha meu estado de espírito anterior à primeira. Parabenizo-a e agradeço-a. : )
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