O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




terça-feira, 23 de março de 2010

Âmago do ser / Esconderijo/ Revolta





'Falam do âmago do ser.
Onde fica o seu?
Quem sabe possa te buscar...'
  

Sheyna


Esconderijo

Há um menino por baixo das coisas,
Dentro de nós que lhe chamam âmago.
Ali, no mais esquisito do nosso ser,
Vivendo de algumas migalhas da vida,
Condenado a muitos anos de prisão...

Às vezes joga verdades pela nossa boca,
Mas logo retorna para sua cela escura.
Está sempre sozinho, longe das horas,
Com destino de eterno breu e silêncio.
Não há escada que facilite sua fuga,
Nem verdades que clareiem o caminho.

Esse menino levaremos calado até o fim,
Até que vençam nossas meias-verdades,
E façam de nós homens que não fomos,
Sagrem mulheres que jamais existiram,
E que assim a estrada de viver siga planos,
E a sociedade não seja afetada pelo real.

Esse garoto e sua bandeira pequenina,
Assim guardado talvez seja o único jeito
De manter no caminho a raça humana;
Driblando verdades, maquiando desejos.
Que durma, pois, nosso menino em sigilo,
Deixado para qualquer outra vez adiante.

Hoje não, que viver ainda é um disfarce,
Um contrato assinado antes de nascermos,
Um meio caminho para uma meia vida.
As regras de seguir estão todas prontas.
É só viver...
E ter no esconderijo das coisas o âmago.

Ricardo Fabião

_______________________________________________

Revolta


Vejo no meu dia a dia
Crianças doentes de fome
Mulheres que mesmo novas
Não sabem escrever o nome

Os velhos tão solitários
Carentes de ter alguém
Imploram por atenção
Mas só recebem desdém

Volto pra casa a pensar
Meu âmago todo se atiça
A ira não posso evitar
"Meu Deus porque tanta injustiça?"

Drica




...é que talvez
Deus seja eu
talvez não queira saber
mais da fome
da morte
talvez eu esteja perdendo
a fé
quem sabe se um dia tive fé
talvez seja outono
quem sabe verão...



...é que talvez
Deus seja eu
talvez não queira saber
mais da fome
da morte
talvez eu esteja perdendo
a fé
quem sabe se um dia tive fé
talvez seja outono
quem sabe verão...


Mateus Luciano





Diálogo Poético - Colaboradores: Sheyna, Ricardo Fabião, Drica, Mateus Luciano 





5 comentários:

Anônimo disse...

Boa tarde.
A minha essência se encontra nos meus atos.
Um beijo grande.

Ianê Mello disse...

Pérola,

obrigada pela visita e perticipação.

Beijos.

Ianê Mello disse...

Ricardo,

belíssimo seu poema.

Concordo plenamente com a sua idéia.

O âmago do nosso ser esta´no nosso interior, bem guardado.Nossa verdadeira essência.

Grande beijo.

mARa disse...

...em nosso âmago, pulsa Vida, as vezes guardados outros sentimentos, ali ficam calados, e vamos...

Parabéns! Versos sentidos.

Beijo1

Paz e Luz!

Ianê Mello disse...

Mateus,

lindo poema!

Parabéns!

Bjs.

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