O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A MENTIRA

Belmiro de Almeida" Arrufos"

Atrás dela, à distância
A única razoável
Mentira que contara
Se travestia de santa
E, menina que fosse,
Uma mentira jovem
Ainda que bastasse
Uma só verdade

Mentira, mentira, mentira
Três vezes vira verdade
Pura conjuração
Em seu versar a maldade
A fala da traição
Conspira com ouvidos
que lhe dão atenção
desconstrói a criação

Há tantos caminhos
Para Roma, mil deles
Para a verdade um só
Basta exprimir o verbo
De maneira didática
Falar o que deve enfim
A ser dito, em vogais
E consoantes, planas

A mentira tem meandros
Gira, gira e volta
no mesmo lugar
Sempre complexa
Palavras excessivas,
detalhes por demais
Tramas, tremores, trilhas
caminhos de enganar

O demasiado é geral?
Nem sempre se sabe
Das medidas seguras
Entre o mentir rindo
Ao confessar chorando
Em outras variantes
Inseguras, por certo,
Mas em correto agir


O mentir é habitual
dos que vivem da ilusão
das inverdades,
das meia-verdades,
das intrigas, do desamor
A verdade apavora,
assusta aos covardes
quando dita na cara
sem subterfúgios
A mentira apunha-la
A verdade liberta



Beto Palaio e Ianê Mello

2 comentários:

Jairo Cerqueira disse...

Saber conviver, entender e respeitar o que não é mentir, talvez seja uma das atitudes essenciais à vinda do Caos necessário para o estabelecimento de uma nova ordem.
Parabéns dupla!
Um abraço.

Ianê Mello disse...

Obrigada, amigo Jairo.
Volte sempre.

Colabore com seus poemas, aguardamos saudosos.

Bjs.

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