O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




quinta-feira, 18 de novembro de 2010

ANJO EM PECADO
























Falta um anjo em minha ceia
Com asas de crepom e prata
Que não tenha quase fome
Ou um pouco de fome apenas
Mas da fome que me renda
A condição de ser devorado
Ao suave apetite deste anjo
Que ao amor é consagrado


Na minha ceia falta um anjo
Um anjo bom e de expressão suave 
Que me venha devagar e acalente
meus mais doces sonhos
Anjo com asas para voar
Anjo de luz que pouse
levemente suas mãos
em meus cabelos de fogo


Faço festas quando elevo-me
Em hora de render homenagens
Para um anjo em tudo esfaimado
Que sussurra notas de empenho
Faz abril se tornar setembro
Floresce meu jardim com rosas
Ao deitar-me em perfumes
Beija-me a boca sem pressa
Em propostas que não escuso


Anjo que exala ardores
de frutas e de flores silvestres
Anjo que vem de longe
nas asas de prata orvalhadas
pelas noites a vagar
Anjo de quimeras tantas
vindo de esferas estelares
para povoar minhas fantasias


Vem do silencio uma prece
Do amor mais terno e viril
Daquela voz que promete
Um oferecer em renúncia
Embates de romper laços
Do cetim de semi-carnes
Ao que fomos destinados
Desde que tempo é tempo
Ao amar sem embaraços


Anjo terreno, de pele morena
Anjo de pele branca de marfim
Dois anjos, unos, indivisíveis
Anjos com asas de crepom e prata
Anjos no amor conjugados
Anjos em humanos disfarçados
Querubins em sonhos tão sonhados
no encontro de almas reunidos



Beto Palaio e Ianê Mello

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