(para Alceu Valença)
O mar num bate rebate, em palpos de areia
Lambança preguiçosa na roda de maracatu
A jandaia trança seu canto no coqueiro alto
Uma brahmosa geladíssima como saideira
Sol do meio dia no tépido toldo encardido
Mãínha jurou que amou páinho primeiro
Ventres, cochas e boquinhas sem vaidades
Coração bobo, coração balão solto no céu
onde o xote das meninas faz dançar
e a morena tropicana com seus feitiços
deixa os homens num verdadeiro ouriço
No Rio de sol a sol onde tudo acontece
Parece que vai chover em dia de sol
Casamento de viúva, sol e chuva
Não é pau, nem é pedra não, é filó e algodão
Menina bandida saboreando chiclete de onça
Carranca do São Francisco nem mete medo
Videogame no oratório repete metade da missa
Xique-xique de veludo e cachemira mallarmáica
Amor dia-santo desfilando em carro aberto
Bate que bate coração para todo lado
Enquanto tu vens descendo a ladeira
e antevejo teu olhar noturno de jabuticaba
La Belle De Jour glamurosa e faceira
num táxi lunar de sonhos e amores
de rouge carmim suas faces coloridas
voando nas asas de um passarinho
se torna a menina de meus olhos
Tem rio correndo para trás na Chapada
Cidade que nem nasceu e ainda vegeta
Mapas de leitos arrefecidos à querosene
Saudade matadeira morde de corrupião
Talho de faca amolada na pedra de mó
Morena vizinha moça nem conta casos
Para perder a fala e também a razão
As borboletas que voam no céu cinza
numa dança louca invadem apartamentos
privacidade corrompida em noturnas visitas
Mariposas da luz se aproximam em bandos
pois a rua escura não as atrai e obscurece
Travestidas de silêncios e sombras
no quarto de hotel se revelam.
Beto Palaio e Ianê Mello
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