(para Hermeto Pascoal)
Cá fuso, veludo e cordel na corda
Vitamina de abacate, no barbante
Três muiés, três irmãs, sextilhas
Do puxinanã, em ar domesticado
Galinhas e galos, cafua no quintal
Três cachorras da mulesta, povo
Mundaréu albino em tecnicolor.
Brancos seus cabelos,
sua barba descuidada
Olhos que enxergam além
Latas, panelas, sons mágicos
Na Lagoa da canoa, pintando o sete
Arapiraca, Alagoas, sanfoneiro
Ô véio matreiro, brincalhão e forrozeiro
Coisa nossa, puramente brasileiro.
Quem inventou esse S de som?
Quem afinou esse F de flauta?
As pedrinhas do riacho talvez
Rolando juntas ou separadas
Rumo ao oceano de sargaços
O eterno cantor das pradarias
Em ventania soprando Canudos.
Sambrasa, som progressivo
afinador de sonhos em som
Sivuca, Airton,Trio Novo
Jazzy, choro, frevo e machiche
Baião de dois no improviso
Há quem goste, há quem não
Indiferença improvável diante de tal criação.
Você pode acreditar em tudo
Lobisomem em noite de sexta-feira
Mula sem cabeça às quartas-feiras
Cantaram tudo nas Escrituras,onde
Paralelepípedo já foi dramaturgo
Num tempo que tudo era sadio
O canto cantando por todo canto.
Sim, nesse cantar sem desencanto
Até cego pode ver a luz
Cérebro magnético, numa festa dos deuses
Música livre, liberta de amarras
Som que flutua como nuvem
e aterriza ao chão em terras brasileiras
Maracatu colorido nesse nosso universo.
Beto Palaio e Ianê Mello
2 comentários:
É poema, homenagem, letra e melodia!
Lindo demais!
Um abraço!
Moni
Obrigada, querida.
Grande bj.
Postar um comentário