O excesso de luz cega a vista.
O excesso de som ensurdece o ouvido.
Condimentos em demais estragam o gosto.
O ímpeto das paixões perturba o coração.
A cobiça do impossível destrói a ética.
Por isso, o sábio em sua alma
Determina a medida de cada coisa.
Todas as coisas visíveis lhe são apenas
Setas que apontam para o Invisível.
(Tao-Te King, Lao-Tsé)
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
O DIA EM DESALINHO
O dia nas horas sombrias
Segredos que ele conta
Dentro de cada aceitar
Que a santidade remói
Para descascar cebolas
E fazer a todos chorar
Dia de nuvens escuras
de céu carregado de chuva
Chove dentro do peito
em cada desfeito sonho
no abandono das horas
no tic-tac do tempo
Ocaso em momento puro
Ao revogar o uso do sol
Abusos de lusco-fusco
Do dia entrar na noite
E novamente vir refazer
Auroras boreais mortiças
Pôr-de-sol cor de fogo
assim seria em dia claro
mas em dias de sombras
tal sol já não se esconde
raro acinte em espetáculo
A noite vem sem aviso
Morre o dia em desalinho
Doa o sol em comichões
Tocha a dormir fogaréu
Dentro e fora de órbita
Lua indefesa perseguida
Cinza de luzes que chove
E a noite sobre nós recai
mais negra
sem estrelas e sem lua
que por detrás das nuvens
se escondem tímidas
sem dar o ar de sua graça
Beto Palaio e Ianê Mello
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário