Pintura de Adolfo Payés
Num profundo esgotamento
corpo e mente se dissociam
A mente quer divagar
pelos mares da poesia
O corpo pede descanso
numa ausência de euforia
Como poder conciliar
vontades tão contraditórias
presentes num mesmo ser
A noite chega devagar
e com ela mil estórias
surgem na mente a brilhar
E o corpo já cansado
pede o repouso merecido
mas a mente é mais forte
e sobrepuja o sentido
fazendo o corpo quedar-se
à sua vontade vencido
A arte tem esse efeito
no artista produzir essa tensão
e assim de qualquer jeito
rendê-lo à criação
Ianê Mello
pretexto
entre o chão e as estrelas
quando a noite está quieta
voam os meus pensamentos
mas o corpo fica alerta
e equilibrado no limbo
entre o que sinto e o que penso
a alma arde desejos
mas o corpo fica atento
se a noite é de lua e o vento
sussurra melancolias
o corpo mantém-se cauto
mas a mente fantasia
que o corpo vigilante
é pretexto pra poesia
Fred Matos
Diálogo Poético - Colaboradores: Ianê Mello, Fred Matos
4 comentários:
Belíssimo,Fred!
Ótimo diálogo.
Grande beijo.
Ficou excelente esse diálogo do corpo com a mente, a matéria e alma. Muito bom.
Gente o diálogo ficou lindo e expressiva a tradução da tela, por sinal uma das belas obras de Adolfo, a quem já acompanho a tempos. bjs
Cynthia,
obrigada pela visita e comentário.
Volte sempre.
O Adolfo Payés é fantástico. Adoro usar as pinturas dele.
Bjs
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