ANJOS, BECOS E MULATAS

(para Jorge Benjor)




Tal Cristo no ideal sereno
Charles, o anjo 45, ressurge
Com desculpa esfarrapada
O céu cospe um Fevereiro
Enquanto Charles ajeita
As suas asas de purpurina
Num céu dilúvio de nuvens
Beija o chão, e a poesia.


Enquanto passa nesse Rio 
de janeiro a janeiro
a banda do Zé pretinho
Mas que nada, é tudo ilusão
Mulher brasileira
do suingue sangue bom
Os alquimistas estão chegando
vai rolar a festa nesse País tropical


A mulata mora longe
Oito horas de busão
O gol de placa promete
Humildade comemorativa
A lua e tal, uma claridade
Que sai da boca do dragão
São Jorge em canto de luz.


Salve Jorge! O rei chegou, viva o Rei!
Paz e arroz para todos... 
O povo vibra no gol do camisa 10
País do futebol, carnaval e sol
Na costa do Marfim
os cavaleiros do Rei Artur galopam
em seus cavalos reluzentes
Viva a fantasia, a alegria  e o prazer


Livre como um canarinho
Que a loba deixou que vivesse
Em surdina de cimento Portland
Piche, mármore e pedra sabão
A realidade prende e tiraniza
Na beleza do Rio de Janeiro
A Noite das Garrafadas planeja
No Amarelinho confere o garçom
Uma segunda-feira banal de doer.


É...  na Lapa tudo fervilha 
nesse Rio maravilha
Mariposas na luz reluzem
enquanto turistas plugados rodeiam a caça
Chapados, ligados, cambaleantes corpos
Viva a boemia, a lascívia, o poder!
A disseminação da falsa alegria...  
Mas tudoisso é coisa nostra 
e patapatapatá.... nesse palco de Jorge


Beto Palaio e Ianê Mello