O excesso de luz cega a vista.
O excesso de som ensurdece o ouvido.
Condimentos em demais estragam o gosto.
O ímpeto das paixões perturba o coração.
A cobiça do impossível destrói a ética.
Por isso, o sábio em sua alma
Determina a medida de cada coisa.
Todas as coisas visíveis lhe são apenas
Setas que apontam para o Invisível.
(Tao-Te King, Lao-Tsé)
terça-feira, 5 de outubro de 2010
PALAVRAS
faço minhas suas palavras
confessas de tudo que há
parando-me nos caminhos
para alumiar, coser, cantar
faço minha suas palavras
faço minhas suas palavras
pois que delas extraio o mel
como a abelha retira da flor
a doçura que a atrai
e as entorno no branco papel
graças à estranha piedade
manifesta em manjedouras
da palavra moldar alecrins
dela ser assim mastigável
bomba de doces e festins
palavras jogadas ao vento
palavras soltas ao relento
palavras... palavras...palavras...
emocionadas, puras,exatas
pueris, frias , calculadas
palvras, apenas palavras
ela, santa, a pitonisa grávida
jaz treva, manta, nasce estrela
xis do primeiro censo, encanta
salta, afiança, fiat-lux ao breu
que Deus, criança, até hoje diz
ele, bárbaro, vicking violento
aventura, dor , lamento
busca, entrega, pura poesia
bailarina,dança, escuro, alumia
vagalumes, céu , diamantes
Beatles, Lucy, música , pulsante
por boca de escritor consagrada
poetas, lustros, a parir cinematecas
palavra, ela, tal símbolo, procissão
desce do pedestal em manifesto
troca de ser nada para inscrever-se
Palavra poesia busca exprimir-se
em dor lancinante que corta a alma
palavra proferida que acalma
catarse da alma que sofre
quando escrita a palavra morre
a menina palavra está concebida
desce para tomar nascentes águas
ali encontra-se, fontes, Narcisos
a película concentrada em espargir
imagens de tudo, espelho cristalino
palavras que se espelham
na face inebriada do amor
palavras doces que acalentam
espinhos cheirando a flor
palavras que se perdem
em sussurros contidos dos amantes
palavras que se entregam
aos prazeres da carne fraca
palavras em santidades augustas
licores em completa desconstrução
palavras vãs duelando anacoretas
mortificações em camas de prego
palavras pintadas em longos muros
dá verbo ao anil de branquear varais
palavras que se consomem
palavras que queimam e ardem
palavras que condicionam
sentimentos represados
palavras que se calam...
palavras em gestos, mudas
palavras verborrágicas
cuspidas de um falso intelecto
palavras que resvalam
palavras que levam ao tédio
faço minhas suas palavras...
palavras...nada mais que palavras
Beto Palaio e Ianê Mello
Palavras minhas
Palavras tuas
Que ecoam cruas
Por essas ruas
umas enfeitam
...outras rejeitam...
e até nos queimam
o coração..
Palavras loucas
de orelhas moucas
em gargantas roucas
Ás vezes poucas
se há solidão....
E se esta acaba
eis que é chegada
a alegria
e a sinfonia
de novas palavras
Palavras ternas
e carinhosas
afectuosas,
tontas de amor
com um sabor
que nos encanta
sabor a mel
que num vergel
são tão floridas
e só essas palavras
eu quero sempre
nas nossas vidas !!!!!
Joaquim Vale Cruz
Quando criança queria ser personagem de cinema, então fazia cena e sem história não ficava. Cada trecho, frase, palavra...ouvia atenta e no portal dos sonhos entrava. A voz da minha mãe ao fundo e meu anjo da guarda com sorriso faceiro. Assim adormecia em sorriso correndo por verdes campos, no mar a mergulhar e as palavras da minha mãe ao fundo do meu cenário lúdico! CANTIGA DE NINAR.
Vanessa Nolasco
Palavras..Palavras.Palavras...
Giramos em torno delas...
Giram sobre si próprias...
Bebem dos meus lábios, as palavras,
os pássaros.
Voo com eles, sem rota marcada,
ou direcção.
Sigo-os de olhos fechados...
Confio,
nos sentidos, nas mãos e nos braços;
- Asas castigadas!...
No último suspiro,
de um coração, sangrado,
num silêncio algemado,
no furtivo amor, entrelaçado na alma,
inchada pela dor.
Na lava que queima,
nas cinzas,
na aventura incerta,
na boca em brasa,
do beijo que deserta...
Voo com os pássaros,
sou a carta,
sou o selo,
e o carimbo,
da paixão numa mortalha.
(Re)Nascerei um dia,
feita promessa de amor,
em mensagem psicografada,
com destinatário e morada.
Voo,
vou com os pássaros,
deixo que me levem,
e bebam nos meus lábios,
toda e qualquer palavra...
In (e)Terno (a)Mar
Conto Poético
de Margusta Loureiro
Diálogo Poético- Colaboradores: Beto Palaio e Ianê Mello, Joaquim Vale Cruz, Vanessa Nolasco, Margusta Loureiro
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9 comentários:
Linda poesia escritas atraves das palavras, não conhecioa o vosso blog, fiquei a saber através da Margusta no Facebook, gostei vou seguir.
Beijos e Abraços:
Santa Cruz
Oi, Iane! Lindo poema! Um lindo jogo de palavras, que demonstra intimidade com elas. Agradeço pela oportunidade deste prazer na arte! Abraços!
e afinal... o que são e para que servem as palavras? saberemos responder?
:) *
Quando criança queria ser personagem de cinema, então fazia cena e sem história não ficava. Cada trecho, frase, palavra...ouvia atenta e no portal dos sonhos entrava. A voz da minha mãe ao fundo e meu anjo da guarda com sorriso faceiro. Assim adormecia em sorriso correndo por verdes campos, no mar a mergulhar e as palavras da minha mãe ao fundo do meu cenário lúdico! CANTIGA DE NINAR.
Palavras que nos deixam sem palavras... Belíssimo poema, Ianê/Beto. Imagens muito fortes, algumas muito doces, como "dá verbo ao anil de branquear varais".
Uma bela parceria, sem dúvida. Gostei muito. beijos, queridos.
Como alguém me disse recentemente, Em Tons de Azul, '(...)não há palavras "só palavras", são sentimentos desencadeados(...)'
Bonito poema.
Belo diálogo.
Ianê, quanta beleza e sensibilidade!... "A menina palavra está concebida" é o "alfa" mas não será o "ômega", pois que a palavra não se faz finita.
Parabéns!
Beijos e abraços.
Agradecemos, Eu e Beto, à todos o grande carinho.
Voltem sempre e nos dêem o prazer de sua visita.
Com nosso carinho.
Muito Obrigada amiga :):):)
Beijinhos e bom fim de semana!!!
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