O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O Humano




















Pintura de Ans Markus




E eu ressurjo com o vento
por detrás das verdes folhagens
e me contorço em sons e vibrações
inaudíveis aos ouvidos humanos
e me refaço em cores sublimes
e me transporto em nuvens
de puro algodão...
Eu, que sou massa esférica
ponte que atravessa o rio
rio que corre
mar que não se navega
Eu que sou pura e simples
perdida na poeira cósmica
invisível e fantasmagórica
Súplica contida no espanto
Eu sou o Espanto
que corre na mármore frio
e que se abriga no gelo
Sou a ponta do iceberg
Sou branca e pálida
Me desfaço em sons
Me perco em tons
Sutilmente me alastro
Como quem fere
a própria carne
e sangra de dor.


Ianê Mello

É-me domada a força do Mistério:
As sombras reluzentes me conduzem
À sensação do mais torpe Hemisfério...

(Eufrone e Tioneu, como introduzem-
-Se às sombras [Evoé!], de Juno vencem
As importunações, que lhes abusam).

Os silfos, furibundos, que pertencem
À Genética Classe de Saturno,
E da apolínea Héspere não sentem

Os mortos naturais do deus noturno,
Os gestos relatavam humanados
Ao Tempo, que de escuro era diurno.

Quebravam-se as pupilas; e, quebradas,
As refrações de um exalar noturnas
Lhes foram pouco a pouco assinaladas,

No tempo em que faltavam criaturas...

RODRIGO DELLA SANTINA

Imagem num deserto
que fica aqui tão perto
e nada deixa ver
senão a luz do dia
ou a manhã tão fria
...dum vago alvorecer...
Sem as folhagens verdes
nem sequer vibrações
ou sons de corações
batendo de prazer...
Só essas vestes brancas
e mascaras grotescas
que cobrem faces frescas
que aspiram ao amor
mas sem ferir a carne
nem sangrando de dor.
apenas deixam ver
as nuvens de algodão
que forram o doce leito
onde o fervor da paixão
obriga a sair do peito
gemidos de prazer....

Joaquim Vale Cruz


 Contradição 


Eu sou assim
Sou tudo isso
Sou nada disso
Sou contradição
Está tudo em mim
Refúgio e perdição
Sou completo
Do início ao fim
Sou mármore espesso
E água
Deserto e jardim
Sou contradição
Do início ao fim.


Lucio Tercio



4 comentários:

Ulisses Reis ® disse...

Linda estava com saudades de ti , pois ter amadoro, linda, mil beijos !!!

Anônimo disse...

Boa temática! Parabéns pelo poema! Foi de inspiração...
Grande abraço,

Ianê Mello disse...

Obrigada, amigos, pela presença e comentários.

Rodrigo, adorei seu poema.

Bjs.

Ianê Mello disse...

Adorei as participações! Obrigada,Joaquim e Lucio.

bjs.

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