Jardins

Lendo o texto Jardins, de Rubem Alves, de repente parei, livro entre as mãos, pus-me a pensar.
Todo homem sonha e o poeta, como todo mortal, sonha. Só que sonha diferente.Entre a imaginação e o querer, constrói o que deseja e a realidade não alcança.
Não cabe no seu sonho o som metálico nem o barulho da tecnologia moderna, mas o silêncio das plantas e das árvores a acenar-lhe sabedoria, caminho único para o encontro da paz.
Passei, então, a recordar cada passo, cada semente, cada plantinha germinada, transplantada, que fui, no decorrer dos anos, "arrumando", no meu quintal.
E, quando chega a tardinha e vejo-o repleto de pardais e bem-te-vis (agora, até sabiá), meu sonho mais floresce e como o sonho de Alves passa a ter forma, cheiro e cor e avança como semente pela terra, ansiando por sobreviver.
É o destino da felicidade, sim, a implorar no meu peito, a chance de existir.
Todo homem tem um sonho. Todo poeta tem mais que um sonho, tem uma utopia: ser e ver o mundo feliz Eis o seu verdadeiro sentir.


Otelice Soares