O excesso de luz cega a vista.
O excesso de som ensurdece o ouvido.
Condimentos em demais estragam o gosto.
O ímpeto das paixões perturba o coração.
A cobiça do impossível destrói a ética.
Por isso, o sábio em sua alma
Determina a medida de cada coisa.
Todas as coisas visíveis lhe são apenas
Setas que apontam para o Invisível.
(Tao-Te King, Lao-Tsé)
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
DESFOLHAR DO AMOR
Toda alfazema que exala
Do sabonete em desconstrução
Cada vez que somos vistos
De perfil ou de soslaio
A ilusão que seja mantida
Em plena luz, voeja, espaçada
Do amor em tálamo coralino
Consoantes as róseas verdades
Do travesseiro ao pé da cama
Num enlaçado de suspiros
O amor pousa pepitas poéticas
Gozos diáfanos.
Todo odor, da alfazema
ao frescor do hortelã
que de sua boca exala
e seu gosto deixa na minha
a vontade de mais um beijo
nos convida ao desejo
as carícias cada vez mais plenas
O amor vibra de suaves notas
aos tons mais graves
de uma bela e harmônica sinfonia
Sensitivos em luzes e cores
resplandecendo em amores
somos pura luz que resplandece.
somos o que nunca planejamos
mas quando planejamos não somos
por isso a poesia é tão inconclusa
o desvendar ainda nos surpreende
um poema que se entrega copioso
deixa que se revele o lado limpo
que todo poema pouco amarrotado
possui em cor, forma e conteúdo.
E assim nos desvendamos em palavras
nos perdemos em sons
no poema que revela
palavras puras, palavras quentes
nem sempre só palavras
mas daquelas que ausentes
se resguardam em compor versos
Sentir é difícil de exprimir
condensar em parcas linhas
o que extravasa o próprio ser.
Dura a nossa festa noite adentro
O mar ronronou seus delírios noturnos
Neste bocadinho exposto de lençol
Num pecaminoso delírio exacerbado
O êxtase de dez valsas vienenses
Mãos que nos retiram as máscaras
Próprias dos inconfessáveis momentos
Descritos em leveza e estrelas âmbar
Ao adentrarmos a madrugada, o sol
Tinge a cortina de cores carnais
Seu sono busca meu peito e pede
Pelo contínuo toque de seda do beijo.
E quando tomados pelo sono do desejo satisfeito
adormecemos como anjos celestiais
Enrodilhados nossos corpos
aquecidos um no outro
dormimos o sono dos justos
nos braços do amor que nos envolve
Na penumbra do quarto
as cores do amanhecer que se anuncia
e nós enlevados à ele nos entregamos plácidos.
Beto Palaio e Ianê Mello
Tudo começou com o odor da alfazema
acompanhado com sabor da hortelã
e acabou numa manhã serena
com os suores de uma febre terçã...
Não...suores de febre... mas de amor
do amor em talamo coralino
onde enrodilhados corpos faz supor
que ambos encontraram seu destino
Do travesseiro, aos pés da cama..
ouvem-se só suspiros, gemidos e ais
sons do amor que só reclama
que esse gozo, não termine nunca mais...
Aquelas bocas, que se mordem loucas
numa loucura plena de desejo
fazem ouvir numas frases roucas
toda a tortura que envolve o beijo
Nos corpos vibram então suaves notas
nessa Ode que podia ser da Alegria
e em seus movimentos, marcam rotas
com os sons da mais bela sinfonia
E veio o suave amanhecer
com a penumbra a envolver aquele leito
Em que esses corpos fizeram acontecer
a doce sensação...do desejo satisfeito....
Joaquim Vale Cruz
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2 comentários:
Ah que sensação deliciosa a de ter todo fôlego consumido pelo amor agora em cheiro e sonho de querer mais.
Cadinho RoCo
Cadinho,
há quanto tempo não aparece.
Seja bem vindo(a).
Tem face?
Se tiver, me passe.
Que bom que gostou.
Tenho muitas novidades no blog. Apareça.
Bjs
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