O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




segunda-feira, 27 de setembro de 2010

PRIMAVERA SOLIDÁRIA



I


Ruas de primavera
arvoram com seus botões
acordar de longo inverno
num dia de apenas flores
nesta rua em total silêncio
têm prazos para existirem
entre pardais apressados
que o florir nunca comovem


Ruas primaveris
onde cantam pássaros 
e flores perfumam o ar
inebriando os sentidos
Enamorados de mãos dadas
em caminhos de hortênsias
espalham amor com a brisa
que leve sopra
em nossos cabelos
em nosso rosto


A cidade alta compete
com os baixios sem jardins
do cimento e do concreto
enquanto majestosos ipês
amarelecem as encostas
nas ruas imediatamente
abaixo, os carros destoam
em cores cinzas e anormais
em tudo há discordâncias
pobre do mundo sem flores


A civilização se apresenta
em concreto e ostentação
prédios que se avolumam
recortando a paisagem
recobrindo o céu azul
Pessoas em passos apressados
mal se olham ao cruzar
Barulhos ensurdecedores
motores, buzinas
Empresários em seus ternos
empertigados e ausentes
Ruas da cidade...
Inóspitas e hostis


Os jovens são como árvores
pedem para fincar raízes
doar ao mundo seus futuros
longe de assentamentos ocos
a maior pujança do planeta
pedem socorro para também
florirem a seu modo, serem
gente, terem valores próprios
brilhar em amarelos tal os ipês
contam do luxo de existirem


Haverá ainda esperança
no sorriso de uma criança
no florir de uma rosa em botão
no verdejar das copas das árvores
nos corações cheios de amor
O planeta pede socorro
Ouçamos seu grito que ecoa
Recuperemos nossa humanidade.


II


Ando pelas ruas
ruelas
escuras
sombrias
mendigos pedintes
recantos escondidos
abrigam corpos
na noite fria
Papelões servem de cama
e forram o sujo chão
Crianças ranhentas
choramingam
fome, frio, desalento
Quanta dor 
nesse pobres corações
Sem lar, sem teto, sem pão
Sem carinho,
sem esperança
Quantas vidas
em vão
Sofridas, desumanas
Carentes de tudo
São flores em andrajos
Visíveis, entretanto, aos olhos
De quem quer enxergá-las.




Ianê Mello e Beto Palaio

2 comentários:

Insana disse...

Tao perfeito.

bjs
Insana

Ianê Mello disse...

Insana,
obrigada, querida, pela presença e comentário.

bjs.

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