O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




domingo, 5 de setembro de 2010


 

Escultura de Rodin

Como um passeio na pluma e outros devaneios consentidos. Levemente te toco com os olhos fechados. Você é sempre nova para mim, de alguma maneira, como uma escultura que se aprecia a vida toda. Eu te adivinho um especial monumento, ao te sentir reentrâncias e saliências. Tenho ao meu alcance forma e conteúdo. Sinto na ponta dos dedos a arte da vida que te esculpiu magnífica. Sei que somos finitos. Dessa finitude que nem importa quando, nossas formas se refazem. Que me importa se o grande escultor só sabe trabalhar dessa maneira? Retornando a cerâmica posta em vida para um renascimento de artes ainda mais refinadas. Entretanto ali. Ainda de olhos fechados. Neste suplemento de gloria que é seu corpo. Experimento os êxtases do entalhar de uma Camille Claudel, ou de um Rodin. Crio também, a meu modo, uma versão tua em branco mármore. Adoro te imaginar afinal como a minha criatura... E tudo mais são somente palavras.

Beto Palaio


Quero ser tua pintura
escultura
quadratura
imersa em teu olhar

Quero ser tua fêmea
Tua deusa
Tua esposa
Sempre mais me desvelar.


Quero ser teu pouso
Teu ancoradouro
Tua vela
Para mares navegar

Quero ser teu tudo
e em tudo
Sempre
o brilho
em teu olhar

 
Ianê Mello


***


IMPENETRÁVEL


 
Muitas vezes somos aquilo que deixamos de Ser.
Ausência.
Onipresença ao inverso
Sinergia para menos
Utopia no sentido utópico de inalcançável
O que nos torna vulneráveis
Impenetráveis.

A Síndrome da Deficiência Imunológica Adquirida
De amar e ser amado.
Perdemos a capacidade de nos defender
Do medo de amar
Entregar-se, deixar-se afundar na neblina da fumaça
Ser tragado pelo Inconsciente
Compartilhar o melhor e o pior de nós.

O Bem e o Mal dentro da gente
Irmãos siameses
Que não nos livra da escolha
Nem da necessidade de perdão.


Lou Albergaria

2 comentários:

Dilberto L. Rosa disse...

Opa, 'post' fresquinho! Parabéns pelo belíssimo casamento da imagem com a tua Poesia: Rodin e sua mulher entregue e os teus versos cheios de volúpia... Abração! E os Morcegos voltaram!

Lou Albergaria disse...

Parabéns, Ianê e Beto!!!

Poemas lindos que enalteceram ainda mais a belíssima escultura de Rodin!

BEIJO GRANDE A TODOS!!!!

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