O excesso de luz cega a vista.
O excesso de som ensurdece o ouvido.
Condimentos em demais estragam o gosto.
O ímpeto das paixões perturba o coração.
A cobiça do impossível destrói a ética.
Por isso, o sábio em sua alma
Determina a medida de cada coisa.
Todas as coisas visíveis lhe são apenas
Setas que apontam para o Invisível.
(Tao-Te King, Lao-Tsé)
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Olhar interior
Minha mente era abstrata como a arte de Kandinsky.
Nunca duvidei disso. Sempre tive na alma
A cabeça imaginando. E a minha existência, um bis
De ensejos enclaustrados. Só que agora a calma,
O conforto que me alimentava, que me dava
A confiança numa vida póstuma, se inclina
Diante da realidade e mostra-me a una estrada
Da aceitação. Que o sofrimento é o que ilumina
O perfeito; é o ingrediente necessário,
Que completa, num paradoxo harmonioso,
A lógica dos anos. E assim sendo, amparo
O diagnóstico dado e esqueço o que é fastigioso
Sem, no entanto, furtar-me à luta e às proporções
Da existência. Quero é viver de novos tons.
RODRIGO DELLA SANTINA
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Os tons da vida! São tantos. E a vida numa abstração colorida. Adorei o texto.
Olá, Paulo! Muito obrigado pela apreciação! Fico muito grato por isso!
Grande abraço,
Postar um comentário