Em um mundo fragmentado, conturbado e contraditório como o que vivemos, por entre escarpas, espinhos, espadas agudas e apontadas, sustos, medos, gritos, soluços, sobrevive o poeta. E, conturbado pelo seu tempo, perplexo diante da vida, encontra , no fundo da alma, uma espécie de lâmpada mágica que lhe ilumina o túnel, clareia-lhe o caminho, espantando as trevas angustiantes que são, para si, a vida sem a sua poesia. Porque é essa a grande razão de escrever: fazer explodir a inquietação que lhe vai na alma, tornar público esse monólogo interior que, como um mosquitinho, fica a lhe "cutucar", instigar, querendo colocar o ser em movimento. E ele, o poeta, entre o assombro e a surpresa, vê esvair-se sobre o papel, em meio a contas, obrigações, o sensível do seu ser.
Gotas imensas de sensibilidade e imaginação vão transformando-se em riachos, rios, cachoeiras de imagens, símbolos que acabam por relatar o seu interior. E aquilo que não se diz, é agora dito por entre letras, formando metáforas, metonímias e uma série de figuras que terminam por representar-lhe a alma. Para o poeta, uma árvore não é tão somente uma árvore. É muito mais. É tudo aquilo que, aos seus olhos atentos, representa uma árvore ou é por ela representado. E essa representação, implícita ou expliícita, vai, passo a passo, caracterizando o ser poeta.
Alma impregnada de canções contidas que teimam em com ele cantar, inquietação que se desemboca em melodias que com ele querem rimar.
E, no espelho dessa alma de poeta, a poesia se faz luz. Reflete por entre a moldura, espalha raios intensos e se perpetua nas linhas escritas.
Aí, então, a alma sossega? Que nada! Insatisfação eterna. Cotinua querendo falar. E, deslizando sobre ondas flutuantes, por entre rios e cascatas da imaginação, retoma o verbo, constitui a palavra, transborda.
E, como nos diz o grande Otávio Paz, "consagra o instante".
Lice Soares
A diferença entre um poeta e um louco é que o
poeta sabe que é louco...
poeta sabe que é louco...
Porque a poesia é uma loucura lúcida.
Mario Quintana
Profundas nossas palavras
que gotejam emoção
como se fossem lavas
de um vulcão em erupção
Viscerais e pungentes
arrancadas de nossa alma
Sentimentos tão urgentes
que necessitam de expressão
e não ponderam a calma
O papel é o veículo
para nossa exortação
O instrumento precípuo
à nossa liberação
Súplicas podem ser
e urgem serem ouvidas
a quem as quiser ler
para que sejam sentidas
Gritam eloquentemente
saltando aos olhos de quem lê
Não há de ser mansamente
que expressaremos o sofrer
Seremos por isso dementes
estando sempre a mercê
de críticas incoerentes?
Nos sabemos loucos
como bem disse Quintana
Nos importarmos pra quê?
Se nossa mente é insana,
a lucidez ... é pra poucos
Ianê Mello
.
..
Que brisa é esta que me toca
como seda pura em corpo duro?
Que luz é esta que me invoca
como toque divino no impuro?
Que incerteza é esta que me invade
que torna o seguro em inseguro?
Será apenas uma vaga ilusão
tudo o que sinto oiço ou vejo?
E o que me faz bater o coração,
será apenas e só imaginação?
E será loucura este desejo
de transformar em arte uma paixão?
Mas é assim que eu sou!
Não sei se fruto, talvez semente,
como seda pura em corpo duro?
Que luz é esta que me invoca
como toque divino no impuro?
Que incerteza é esta que me invade
que torna o seguro em inseguro?
Será apenas uma vaga ilusão
tudo o que sinto oiço ou vejo?
E o que me faz bater o coração,
será apenas e só imaginação?
E será loucura este desejo
de transformar em arte uma paixão?
Mas é assim que eu sou!
Não sei se fruto, talvez semente,
(em solo estéril me confundo)
sentindo o que mais ninguém sente,
às vezes vulgar, outras imprudente…
mas não é assim o nosso mundo?
sentindo o que mais ninguém sente,
às vezes vulgar, outras imprudente…
mas não é assim o nosso mundo?
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Albino Santos
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Diálogo Poético - Colaboradores: Lice Soares, Ianê Mello, Albino Santos
6 comentários:
Oi! Muito legal esse blog!!!! Parabéns!! Podemos te linkar?
Grande beijo
Eutímicas,
que bom que gostaram.
Claro que podem!
Grande bj.
Adorei a frase do Quintana.
Muito bom seu blog!
Thalita,
obrigada pela visita.
Volte sempre.
Bjs.
Lice e Albino,
lindos os poemas.
Belo diálogo!
Beijos.
Ianê , vim a tua casa e meu coração, de pronto, quis se soltar e correr pelo jardim. Sentiu-se bem aqui.Obrigada pela recepção de meus versos .
Ahhhh. linkei o teu blog no meu
bjos
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