Os homens e seus sobretudos
Seriedade expressa no semblante
Na cabeça, um chapéu já fora de uso
No olhar, uma expressão distante
Caem do céu como pássaros
mas asas não tem pra voar
Fechados em si mesmos
guardam os seus segredos
Como fossem gotas de chuva
a cair do denso céu
repleto em nuvens escuras
onde habitam seus pensamentos
Homens endurecidos pelo tempo
Amortecidos pela dor
Não podem perder um momento
para abrir-se ao Amor
São muitos e inalcansáveis,
das alturas eles vêem
Procuram manter-se estáveis
por ser o que lhes convêm
Ao caírem por sobre a terra
das nuvens de onde vem
Uma certeza se encerra
podem acabar ferindo alguém
Homens taciturnos, encimesmados
podem `a alguém desprevenido
causar uma forte apreensão
Do alto de sua altivez derrubados
são homens comuns, cismados
em causar boa impressão.
Ianê Mello
Indiferentes não percebem
os galhos que para si se inclinam
E passam introspectivos, despercebidos
Voltados apenas ao próprio coração.
Inclinando as suas mãos, arrancam
uma rosa
E, a despetalando,
Jogam-na no chão.
E prosseguem passo a passo,
Lentidão...
Esmagam cada pétala
Que eles mesmos jogaram no chão.
Indiferentes, não olham.
Se olhassem, veriam, as lágrimas que choram,
Ainda a pingarem, por entre as suas mãos.
E os seus pés avermelhados,
Deixando rastros, no chão.
Lice Soares
Diálogo Poético - Colaboradores: Ianê Mello, Lice Soares
Um comentário:
Lice,
é sempre um prazer dialogar com você, amiga.
Lindo poema!
Grande beijo.
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