O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Camille Claudel - Sakountala




No ano de 2008 escrevi uma série de poesias após a leitura da Biografia de Camille Claudel cada uma delas tinha como título uma escultura de Camille Claudel. Esta é Sakountala, que Camille teceu inspirada pela obra do poeta Kalidassa.
.
.
SAKOUNTALA

Well, well.
I had my way.
I trusted a king
And put myself in his hands.
He had a honey face and a heart stone
(She covers her face with her dress and weeps)
- Kalidassa –



Cinzel de prata esculpindo pés.
Cada fagulha vermelha
um fio de seus cabelos.
.



Cinzel de prata treme
acende astros
de um azul escuro
em meu olhar algodão.
.


Rodin!
Rodin!
.
Tantos pés teci
em mármore angustiado
-trilha de pés moldados-
.
esquerdo / direito
esquerdo / direito
esquerdo / direito
.
Tantos pés
emprestei-te
para ter-te assim:
.
ajoelhado.

Enlaçado
Abismado
Abandonado!
.
Augusto espectro
de fogo
onde queima
a aurora.
.
Sei!
Tudo isto
é mármore!...
.


Antes
foi carne
vermelho abandono
amor petrificado.
.
Antes do fim
às margens
do Rio Loire
nossa carne carmim
foi mármore.


Poesia da série - Para Camille, com uma flor de pedra.



É mal [é mau] estar nas mãos de alguém:
feiticeiro, rei ou animal. Acorde de
tua ebriedade, Camille.


[Camille! Acorde! Acorde!].


O passo mal pisado: a terra freme.
Direito /esquerdo/ direito/esquerdo:
passo de bailarina em seu
desmanche.


[Que dor, que dor!]


Algodões queimados, crestada a
pele.


[Por dentro].


Não é de pedra o coração
que anseia ou se lamenta.


[Ou teme].


E teu amor é tão somente
homem.



Marcelo Novaes




Camille, Camille, és mulher...

Acorda do teu sono tão profundo.
Para além dos olhos do amado
existe um vasto mundo
a ser por ti desvendado.

Levanta-te, mulher, 
abras teus olhos e vejas
e tudo o que desejas
poderá estar à teus pés!

Esqueças o amor petrificado,
em mármore frio eternizado
e vivas em ti o amor encarnado
na figura de um homem real.

De carne e osso, humanizado.
Amor , sem artifícios, natural.

Ianê Mello
 



Diálogo Poético - Colaboradores: Barbara Lia, Marcelo Novaes, Ianê Mello




2 comentários:

Ianê Mello disse...

Barbara Lia,

ótima escolha.

Vi um filme sobre a vida dela e desde então me encantei por sua obra.

Lindo seu poema!

Ficou em mim a imagem dela esculpindo o casal representando o amor, que um dia foi carne, eternizado em frio mármore.

Belíssima imagem.

Obrigada pela contribuição.

Grande beijo.

Ianê Mello disse...

Marcelo,

que lindo diálogo travaste com a Bárbara.

Sim, o coração que sofre não é de pedra e o homem amado é somente humano e imperfeito.

Obrigada, amigo, pela brilhante participação.

Grande beijo.

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