No ano de 2008 escrevi uma série de poesias após a leitura da Biografia de Camille Claudel cada uma delas tinha como título uma escultura de Camille Claudel. Esta é Sakountala, que Camille teceu inspirada pela obra do poeta Kalidassa.
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.SAKOUNTALA
Well, well.
I had my way.
I trusted a king
And put myself in his hands.
He had a honey face and a heart stone
(She covers her face with her dress and weeps)
- Kalidassa –
Cinzel de prata esculpindo pés.
Cada fagulha vermelha
um fio de seus cabelos.
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Cinzel de prata treme
acende astros
de um azul escuro
em meu olhar algodão.
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Rodin!
Rodin!
.
Tantos pés teci
em mármore angustiado
-trilha de pés moldados-
.
esquerdo / direito
esquerdo / direito
esquerdo / direito
.
Tantos pés
emprestei-te
para ter-te assim:
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ajoelhado.
Enlaçado
Abismado
Abandonado!
.
Augusto espectro
de fogo
onde queima
a aurora.
.
Sei!
Tudo isto
é mármore!...
.
Antes
foi carne
vermelho abandono
amor petrificado.
.
Antes do fim
às margens
do Rio Loire
nossa carne carmim
foi mármore.
Poesia da série - Para Camille, com uma flor de pedra.
É mal [é mau] estar nas mãos de alguém:
feiticeiro, rei ou animal. Acorde de
tua ebriedade, Camille.
feiticeiro, rei ou animal. Acorde de
tua ebriedade, Camille.
[Camille! Acorde! Acorde!].
O passo mal pisado: a terra freme.
Direito /esquerdo/ direito/esquerdo:
passo de bailarina em seu
desmanche.
Direito /esquerdo/ direito/esquerdo:
passo de bailarina em seu
desmanche.
[Que dor, que dor!]
Algodões queimados, crestada a
pele.
pele.
[Por dentro].
Não é de pedra o coração
que anseia ou se lamenta.
[Ou teme].
que anseia ou se lamenta.
[Ou teme].
E teu amor é tão somente
homem.
homem.
Marcelo Novaes
Camille, Camille, és mulher...
Acorda do teu sono tão profundo.
Para além dos olhos do amado
existe um vasto mundo
a ser por ti desvendado.
Levanta-te, mulher,
abras teus olhos e vejas
e tudo o que desejas
poderá estar à teus pés!
Esqueças o amor petrificado,
em mármore frio eternizado
e vivas em ti o amor encarnado
na figura de um homem real.De carne e osso, humanizado.
Amor , sem artifícios, natural.
Ianê Mello
Diálogo Poético - Colaboradores: Barbara Lia, Marcelo Novaes, Ianê Mello
2 comentários:
Barbara Lia,
ótima escolha.
Vi um filme sobre a vida dela e desde então me encantei por sua obra.
Lindo seu poema!
Ficou em mim a imagem dela esculpindo o casal representando o amor, que um dia foi carne, eternizado em frio mármore.
Belíssima imagem.
Obrigada pela contribuição.
Grande beijo.
Marcelo,
que lindo diálogo travaste com a Bárbara.
Sim, o coração que sofre não é de pedra e o homem amado é somente humano e imperfeito.
Obrigada, amigo, pela brilhante participação.
Grande beijo.
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