Não sei mais
Quem sou
A goteira
Estragou
Meu último
Retrato
Uma foto antiga
Três por quatro
Zélia Guardiano
Ainda me falta um quarto
vazio para me achar
as coisas são miúdas
ainda assim não sou grande
sou miniatura na minha esfera
que me consome
eu tão esmiuçada
em terra de gigantes
Lara Amaral
Anônimo
Não me exijas identidade,
que não decoro tanta coisa:
sou a protagonista da novela,
sou a manchete dos jornais,
sou a estrada para o devir,
sou o estádio e seus gritos,
sou o descaso dos políticos,
sou a libertinagem do sábado,
sou a inquietude dos amantes,
sou a proibição da Igreja,
sou a etiqueta do laboratório,
sou o passo que falta à coragem,
sou a verdade que esperneia,
sou a impunidade que cala,
uma boca mais à fome,
uma poltrona só na sala,
a maca esquecida na emergência,
uma solidão a tentar o dia,
uma presença a menos em si,
um cartão de onze números,
um voto a mais nas urnas,
um cálculo nas estatísticas,
caio com a velocidade dos rios,
subo com a monotonia das torres,
repito os vazios da multidão,
digo as palavras que não entendo,
e sigo no caminho que não vou,
pois só vejo quadrados e controles...
dizem que sou raça humana,
que trago o mundo como registro,
uma lacuna para o pensamento,
um destino para um devaneio,
sou assim disso que não sei...
não, não me cobres identidade;
explora tu o meu pendrive,
onde cabem os tantos que sou,
e esses poucos que não sou.
Ricardo Fabião
Diálogo poético - Colaboradores: Zélia Guardiano (pintura e poema), Lara Amaral e Ricardo Fabião
9 comentários:
Ache muito bom a forma simples de dizer, gosto do estilo, muito bom beijos !!!
Auto retratos...
Todos falando por si,
E todos maravilhosos.
bjos achocolatados
Querido amigo, muito obrigada pela força que vc me dá no meu humilde blog!
Sua postagem ficou ótima... sinto-me inspirada!o texto da Zélia é sensacional!
Muito obrigada mesmo!
Parabéns,Zélia. Aqui a poesia e bom gosto fluem. Beijos e ótimo final de semana
Ricardo Fabião,
Quanto fatalismo em seus versos...
A vida é tão mais fluida...
Como disse Hilda Hilst, "...a vida é líquida"; por isso, deixe-se inundar... não leve nada tão a sério, assim...
Não vale a pena...
BJS!!!! Seu poema é bom, mas falta leveza, suavidade, libertinagem, orgasmo...
Parabéns, amigos!
Excelentes poemas.
Beijos.
Oi, Lou...
agradeço o comentário, mas há algo que devo esclarecer: o poema postado por mim não é autobiográfico; ou seja, essa não é, em suma, minha visão acerca do mundo. O eu-lírico criado no poema dialoga com aquele trazido por Zélia (alguém que desconhece sua identidade quando perde seu retrato 3X4).
Mas, há sempre a possibilidade de interpretações múltiplas. Esclareci sobretudo para registrar a minha intenção em permanecer no sentido criado por Zélia.
Beijos.
(E agradeço aos demais os comentários)
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Ricardo,
Estranho que antes de ler sua resposta ao meu comentário, havia lido seu poema pela segunda vez agora e abri os COMENTÁRIOS, justamente para corrigir o que havia dito anteriormente, pois creio que li com muita pressa da primeira vez e agora li com mais calma, atenção e tranquilidade.
E o que ia dizer a vc e vou dizer é que SEU POEMA É MUITO BOM, pois traz o realismo do cotidiano com incessante vigor e austeridade que, infelizmente, é o que somos SOCIALMENTE: apenas 11 números e, ai de nós, se não estivermos com 'eles' sempre à mão...
Admiro muito seus versos sempre...
Desculpe pela primeira interpretação um tanto quanto equivocada.
SUPER BEIJO!!!!!
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