O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




domingo, 23 de janeiro de 2011

CADAVRE-EXQUIS (15)


Pintura de Pieter Bruegel



Pontualmente as madeixas
Da nossa era mecanizada
Caravanas de guerreiros
Ricamente adornados
Aos rituais ilustrativos
Para nossos fins egoístas

Figuras prepotentes
Em suas vestes requintadas
No olhar o distanciamento
Daquele que é superior
Na alma o vazio
De quem não sabe sentir

Tomar nas mãos pepitas
Do ouro oculto no chão
E sonhar revelar riquezas
Que nunca se repetirão
Das aventuras desconexas
Bravatas de ponto de ônibus

Migalhas de afeto
Meramente encenado
Distribuídos a esmo
Para justificar-se humano
Sem amor, nem compaixão
Em súbita amabilidade teatral

Arremedos de ser feliz
Cantos abafados na noite
Formatos vagos na insônia
Com a solidão ininterrupta
Tudo o que ela promove
Volta sempre a incomodar

Por medo e por cautela
A prevenir sofrimentos
Em si mesmo se fecha
Tornando-se esse ser
Aparentemente sem alma
Que só enxerga a si mesmo

Beto Palaio e Ianê Mello

3 comentários:

Adoyma disse...

Las eras mecanizadas, nos hacen a todos guerreros de un mundo dondel alma se hace oir entre cables y enchufes.

Cordial saludo.
Adoyma.

Anônimo disse...

Ianê; Lindo o vosso poema adorei parabéns aos dois.
Beijos e abraços
Santa Cruz

J Araújo disse...

Oi poetisa parabéns!!

Bj

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