O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




sábado, 15 de janeiro de 2011

CAMINHO DO SER





Resvala.
Recorre. Retem.
Ressurge. Recozija. Recobra.
Recupera. Regenera. Reduz. Rechaça.
Recompõe. Retrata. Repõe. Retranca. Retórica.
O gozo. O gosto. O sal. O pelo. O solo. O soco. O caos.
O corpo. O vício. O início. O sim. O não. O talvez. O capricho.
A vida. A morte. A espera. A plenitude. A ânsia. A loucura. A virtude.
O dia. A noite. A foice. O abrigo. A casa. A estrada. O pão. A escada.
Na porta. Na cama. No quarto. No sono. Na vigília. No sonho.
No vazio. No abandono. Na prisão. Na casca. No ventre.
A semente. A fruta. O alimento. A fome. A sede.
A dor. O amor. A fera. A bela. O frio. O calor.
O ser. O nada. O tudo. O impróprio.
A chama. O sol. O farol.
A luz. A estrela.
O encontro.




Ianê Mello




A vida, a morte a espera
Resvalam para a quimera
Quando em si se regenera
E o dia recupera
E se enche enfim de Sol
Com a chama de um farol
Ou a noite, com sua luz
Que ao luar se reduz
Ou só à luz das estrelas
Que a plenitude retém
Ressurge, recorre, recobra
E se regozija na obra
Que rechaça quando sobra
A loucura e a virtude
Na ânsia, na plenitude
Que nos corta como a foice
Se repõe e se retrata
Quando o corte é só de faca
E na retranca, se arranca
Com o início do vício
Que ao abrigo da casa
Depois de sair da estrada
E subir aquela escada
Que ao capricho nos conduz
Talvez sim, ou talvez não
Quando o alimento,é o pão
E a fome nos consome
E o gosto a sal nos vem
E a retórica do gozo
Cai no solo como o caos
Do soco em pleno corpo
Sem pelo, ficando absorto
Abrindo a porta do quarto
E ao deitar-se na cama
Na vigília ou no sonho
Quando se acabou o sono
E se fica no abandono
do vazio da prisão
e na casca e na semente
surge um vazio no ventre
e nos vem então a sede
e da fruta o bom odor
Com o frio e o calor
E toda a dor do amor
Que ruge como uma fera
Que vai surgindo do nada
E do impróprio encontro
Que se embrulha neste estudo
Da bela, do ser…..do tudo...



Joaquim Vale Cruz

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