O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Que saudade da minha infância


Em que os grilos cantavam no campo
E com uma palhinha, eram forçados
A sair dos seus buracos
Eram então levados para uma gaiola
Onde eram alimentados a alface
E cantavam, cantavam
Noite e dia
E quanta alegria
Eles nos davam…


Agora, já não há grilos,
Nem gaiolas
Há só consolas
Perdeu-se o encanto
de ir ao campo…
E é uma tristeza
Este divórcio da Natureza
Por isso hoje a infância
Tem tal distância
Da que eu vivi
Que me faz pena
A infância de hoje
Não ter a alegria
Nem a euforia
Que eu já senti…

Joaquim Vale Cruz



Quanto eu senti
Quando pequeno,
Olhando o céu,
Deitado ao mar!
Eu perscrutava
Todo o universo,
Que ia sereno
Em meu olhar.

Eu tinha o vento
Sob meu comando,
Bailando grácil
De lá pra cá.
E não cuidava
Em outra coisa
Que o mar dançando
A me embalar.

Eu via as nuvens
Formando cenas
De eras remotas,
De heróis sem par.
Mostravam histórias
Inspiradoras:
Frágeis donzelas,
Corcéis do ar.

E eu me sentia
Um Amadis,
Um Lancelot,
Um Galaaz!
Abria os braços,
Fechava os braços...
Fazendo, assim,
Ondas do mar.

O deus do tempo
Não existia.
Não existia
O deus do mar.
Eu era um deus,
Eu tinha um reino
Que não ouvia
Grendel gritar.

Mas veio a chuva
(Cruel Morgana)
Essas histórias
Me desmanchar.
Turvou-me a vista,
Murchou-me o peito,
Ficou minh’alma
A naufragar.

Hoje, mortal,
Anjo caído,
Tenho uma ilha
Além do mar.
Nela botei
Minhas lembranças.
Tenho saudade
De no’ estar lá.

RODRIGO DELLA SANTINA

6 comentários:

Paulo Francisco disse...

Mas os grilos em nossas cabeças continuam e, esses, gostariamos de exterminá-los...

Anônimo disse...

Parabéns, Joaquim, pelo tema e pelo poema! Tanto que fiz minha contribuição.
Abraço,

Anônimo disse...

Parabéns pelo poema.

Ianê Mello disse...

É verdade, Paulo.
Impossível nos os termos...rsrs

Ianê Mello disse...

Parabéns a ambos os poetas e amigos, Joaquim e Rodrigo, pela belíssima contribuição.
Estejam sempre por aqui.

Grande beijo.

Ianê Mello disse...

Parabéns a ambos os poetas e amigos, Joaquim e Rodrigo, pela belíssima contribuição.
Estejam sempre por aqui.

Grande beijo.

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