Pintura de Vladimir kush
Em homenagem a todos os queridos amigos que vivem do lado de lá do Atlântico.
Do lado de lá do Atlântico
palavras-poema
num barquinho de papel
doces encantamentos
vindos de além-mar
nos convidam
como o canto da sereia
ao eterno
sonhar.
Ianê Mello
Do lado de cá do Atlântico
Deste Portugal distante
Sente-se o doce encantamento
E o terno sentimento
Que nos vem desse Brasil
Desse Brasil que é um sonho
Com terras e gentes belas
De amizades singelas
Que nos enchem de carinho
E num barco de papel
Eu envio este poema
Que tem como simples tema
O amor e a saudade
Que em noite de luar
De tal forma nos enleia
Como o canto da sereia
Que nos convida a sonhar…
Joaquim Vale Cruz
[Cartas da Travessia]
É tanto tão só, aqui deste lado
do lado de dentro de nós
da parte de dentro, que vive
sonhando o tanto do dia acordado,
a parte inclinada da travessia, onde
Tem na água o sabor da vida
o tudo necessário para que o coração continue
o seu incessante trabalho de viver.
Tem na água
o espelho, o tanto tão só revistado
no espelho irmão,
feitor de página em branco, sonhador
do pássaro do fogo e da verdade, que
depois de enxaguado dos interesses do mundo, e
rosto renovado das universais ordens
do mar, acontece
brancas mãos, átomos e gotas
das cartas do mar rascunho e travessia,
a dança no vento ligeiro
que se eleva um pouco, toca a sua estrela
de cinco, de quatro, de três pontas,
remate dos longes do homem.
O átomo e gota
a dança do ar ligeiro,
o pulso da brisa que se voa e revoa
entre si,
e como se fora um sonho
de rei menino do tamanho do sol,
constroi um rouco apelo às margens, a
cornija atlante
que comprime as águas
apequenadas nas sombras matinais,
que se fundem nas noites tardias
dos nortes humanos.
[…]
Pouso um pouco a cabeça,
no corpo seco do vento ponteiro
do Sul,
ilha do meio do ar, corpo inteiro,
e procuro nas canções da vida,
cansadas de mundo,
o princípio do dia.
Parto à boleia por essa larga avenida,
que desemboca aqui, na casa de grande
de cá e de lá, da praia do mar,
sabor novo do tom breve do dia, carta de marear
e é aí que tudo começa em grande segredo,
essa grande travessia…
Leonardo B.
Gosto de a ver daqui...
Quando o comboio atravessa a ponte..
Sinto que ela me fala...
Que teve saudades minhas e os meus poemas são tão vazios quando não os escrevo aqui...
Ás vezes, esconde-se no manto grosso da chuva e parece triste, abandonada, cinzenta....
Contudo, nunca um abraço foi tão caloroso, tão sentido e tão desejado....
Por mim e pela cidade, a do néctar perfeito - o Vinho do Porto....
Marta
BARCAROLA
Balança, balanço.
Onda vai, onda vem.
Esquerda, direita
sem decidir-se,
sem pensar,
num exercício aeróbico sem sentido
silencioso como a vida.
Só um rangido de costas rígidas.
Vai e vem.
Como os caranguejos,
os pontos de costura,
um erro de postura,
Um claudicante pensamento
de indecisão lateral.
Vai, vem.
Vou, não vou.
O vento, onde está?
Jane Chiese
4 comentários:
Não tenho cadernos.
Tudo o que escrevo,
escrevo nas paredes do meu quarto.
Se é para estar presa,
que seja entre quatro poemas...
¬ Rita Apoena ¬
Bom dia.......Beijos de coração prá coração..........M@ria
Gosto de a ver daqui...
Quando o comboio atravessa a ponte..
Sinto que ela me fala...
Que teve saudades minhas e os meus poemas são tão vazios quando não os escrevo aqui...
Ás vezes, esconde-se no manto grosso da chuva e parece triste, abandonada, cinzenta....´
Contudo, nunca um abraço foi tão caloroso, tão sentido e tão desejado....
Por mim e pela cidade, a do néctar perfeito - o Vinho do Porto....
Beijos e abraços
Marta
BARCAROLA
Balança, balanço.
Onda vai, onda vem.
Esquerda, direita
sem decidir-se,
sem pensar,
num exercício aeróbico sem sentido
silencioso como a vida.
Só um rangido de costas rígidas.
Vai e vem.
Como os caranguejos,
os pontos de costura,
um erro de postura,
Um claudicante pensamento
de indecisão lateral.
Vai, vem.
Vou, não vou.
O vento, onde está?
Belíssimo diálogo, a lusofonia em festa com a presença de Leonardo B aqui neste blog. Maravilha Ianê.
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