O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

CADAVRE-EXQUIS (1)



Palavra que murmura
Acesso de lágrimas
Sonolentas como instantes
Havido entre atos
Desumanos contudo úteis

Utensílios domésticos
Fotografados pelo olhar
Sombreados na parede
Como seres fantasmagóricos
De proporções gigantescas

Descomunais em verdade
Falésias sobre o oceano
Madrepérola ao desmedido
Da hora um tique-taque
Preciso, desconexo e absurdo

No desce e sobe
Por ladeiras e ruelas
Alardeados homens
Escondem-se nas sombras
Ladeados de seus cães

Soltos numa floresta
Ao entendimento vago
Compreensão do abismo
Despido de ilusões
Vazias destas súplicas

Martírios selvagens
Nas plantas dos pés
Em assombroso espanto
Deambulam pelas avenidas
Caminhos de suicidas


Beto Palaio e Ianê Mello

4 comentários:

Lua Nova disse...

Talvez não tenha compreendido exatamente o que vcs tentaram dizer e isso me aborrece muito, já que essa poesia é densa, bela, forte e permeada de sentidos, mas me fez sentir uma solidão triste, um abismo a espreita, uma tristeza aguda, o descaminho de alguém muito perdido.
É isso mesmo, é a falta de sentido da vida das pessoas que vcs quiseram retratar? Ah! Preciso saber. Por favor, passem no meu blog e conversem comigo, tá? Estarei esperando... rs
Beijokas.
Seguindo...

Beto Palaio disse...

Lua, para nós também é um poema denso... Ocorre que esta forma de escrita vem imitar a maneira surrealista dos criadores de "cadavre-exquis", que é uma forma de desenho sempre misterioso ao ser feito sem que um participante saiba o que o outro desenhou (no nosso caso, a escrita)... Então, é sempre uma surpresa para mim e a Ianê quando revelamos o texto final um para o outro... Com isto o texto fica realmente denso...

Ianê Mello disse...

Olá, Lua Nova!

espero que a explicação do Beto tenha ajudado.
Só gostaria de acrescer que os sentimentos passsados à você pelo poema procedem, se assim você o sentiu, pois o poema é sentido por cada um de forma sempre única.

Obrigada pela presença.
Grande beijo.

Lua Nova disse...

Agradeço a explicação e achei uma forma sensacional de escrever, uma parceria quase que de alma, em que os sentidos e sensações são comunicados em dimensões outras que não esta. Mas me digam, pode acontecer de escreverem um poema leve, alegre, por terem captado esse energia?
Vocês costumam fazer poemas assim muitas vezes? Fiquei interessada nessa experiência.
Obrigada meninos pela atenção.
Beijokas.

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