O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

ARCO-ÍRIS E ALÉM

Pintura de David Delamare



Há no teu olhar
Te haver, tremer
Sentimentalismos
Do mais fino licor
E meu amor
Foi para o Caju
Para o Lido,
Para a sombra
Cornucópias, viver.


Em teus olhares
Algures, tremores
Sabores ainda vãos
Dissabores, odores
Angúsias de solidão
Em teus martírios,
Delírios de visões
Cavalos alados
Temores sagrados
Medos de dissolução.


No porto Internet
Tua graça é plena
Angel Face da Pond's
A dedilhar Debussy
Tardes outonais
Dispersa em flâmulas
Bandeiras, arrebites
Retoques de maquiagem
Caras e bocas, batom
doce língua bárbara.

Sorrateiramente o sexo
Preenche os desvãos
Entre tardes quentes
E noites extremas
Misto de paixão e dor
Os extremos do amor
Colorem os dias
Perdidos em palavras
Proferidas ou não
O dedilhar no teclado
Torna-se obsoleto e inócuo
Na ausência que se acresce
Ao passar das horas.

Ambos a seguir um gato
Preto, em sombras, escadas
Tua voz melodiosa, miar
Distante, unidos, afinados
O eterno subir de ladeiras
Um lufar, teu vestido
Diáfano, aos vapores
Da manhã, voava, brando
Brancos presságios, ninguém.

O perseguir de sonhos
Em algo surreal
Pode transparecer
Quando dois amantes
Num tapete mágico
Voam sobre a cidade
Pequenos pontos brilhantes

De uma realidade distante
Enquanto a lua alto brilha
Preenchendo de magia
Essa doce viagem.

Beto Palaio e Ianê Mello





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