"Barco" de Fabiana Alves
Você diz sem dor, mas é a dor que me entorpece
A vida, que estilhaça os meus sentidos. Antes
Eu tinha um desespero altivo, uma importante
Forma de me suster o espírito. Acontece
Que o tormento é premissa grega. E se ele esquece
Um momento de seu ofício, após garante
Que se nos cumpra o mesmo. Assim mudou-se o
[instante;
[instante;
E a Voz do rei de Tebas ora me estremece
As pernas e me queima os pés. Agora cada
Lado da estrada, cada sombra deste ser
Intemporal se curva ante a fortuna amarga
E me transforma a vida neste malmequer...
Pois já não sei de nada; já não sinto nada;
Nem quero sentir nada; e não sei bem por que.
RODRIGO DELLA SANTINA
Diálogo Poético- Colaboradores: Fabiana Alves (foto), Rodrigo Della Santina
RODRIGO DELLA SANTINA
Diálogo Poético- Colaboradores: Fabiana Alves (foto), Rodrigo Della Santina
7 comentários:
Ausência nem sempre é solidão...
Ausência é o olhar vazio de quem já não sabe o porquê das coisas.
É a dor de quem o lê e se sente perdida, porque as palavras esgotam-se.
Ficam opacas, densas, enrolam-se na língua....
Ausência é estar neste mundo, fisicamente, mas espiritualmente, estar no outro lado do rio da vida...
Beijos e abraços
Marta
E me transforma a vida neste malmequer...
Pois já não sei de nada; já não sinto nada;
Nem quero sentir nada; e não sei bem por que.
RODRIGO DELLA SANTINA
BRAVO!!!
Valeu ler voces hoje.
Venham torcer junto
comigo na COPA 2010,
Efigenia
Lindo poema!!
A dor espreita a vida como o vento balança as folhas, é algo inevitavel e ao mesmo tempo magnífico!
Primeira vez no blog ... adorei
Cara Marta, sim: a ausência um esgotamento. Fico contente e grato pela visita!
Cara Efigênia, muito obrigado: fico deveras contente que tenha apreciado meu soneto e lhe causado alguma sensação.
Cara Maria, que bom que sua primeira impressão do blog tenha sido positiva. Fico feliz com isso; inda mais por ter sido sobre um poema meu.
Grande abraço às três,
Rodrigo
A dor pela ausência é capaz de machucar ao ponto de anestesiar a alma.
Lindo poema,
Beijo.
O tempo... o tempo tudo supera. Até a dor mais artróz. Bjs.
Obrigado, Pat e Ianê, pela apreciação do soneto. Sim, a ausência fere profundamente. E com relação ao tempo como remédio, há um poema meu ("Demissível"), postado em meu blog o mês passado, que, embora não descreva a dor nas mesmas consoantes que este, roga e aguarda esperançosamente a ação do tempo. Fiquem à vontade para lê-lo e, se ele puder tanto, apreciá-lo.
Grande abraço a vocês,
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