O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




sexta-feira, 18 de junho de 2010

Antítese




Embriagado de necessidades
Desesperado pelas carências
Saio à rua a divagar
E devagar vou derramando
As sobras do que me faltou

Expiro, penso, reflito:
“Acho que morri... um pouco”! (não muito)

Aproveito o que ficou desse óbito inacabado
E então, enfraquecido e impotente
Vou aos poucos me refazendo

Suspiro, tenso, conflito:
“Acho que não morri... ainda”!

Ressaqueado de necessidades
Acalmado pelas carências
Entro na rua devagar
E rapidamente vou catando
As faltas do que me sobrou

Aproveito o que restou dessa vida inacabada
E então, fortalecido e potente
Vou aos poucos me desfazendo

Respiro, denso, admito:
“Acho que não vivi... plenamente”!



Jairo Cerqueira


AMARRAS




Gostaria de dizer palavras fáceis
Doces como o mel ao se saboreá-lo
Sinto decepcioná-los, mas essas palavras
são amargas como fel
e difíceis de engolir

Quem disse que a dor não existe
e que não há motivo para ser triste?
Quem disse que a vida é fácil
Bastando vivê-la com sabedoria?

Quem disse que o sol nasce todos os dias
e a lua sempre brilha majestosa?
Quem disse que  o viver é aprender
a criar com as próprias mãos as possibilidades?

Quem disse que as intempéries são pequenas,
fáceis de se livrar a qualquer momento?
Quem disse que é simples o discernimento
da melhor escolha para nossa vida?

Por vezes nem temos o poder da escolha
e nos sujeitamos ao que nos é escolhido
Viver dentro de uma grande bolha...
pra mim não faz nenhum sentido

Amarras não as quero mais
De  que me servem as mãos atadas?
Quero-as livres pra senti-las como minhas
Quero escavar meu próprio chão

Não se engane, meu amigo...

A vida, não é fácil não.


Ianê Mello
 Diálogos Poétidos - Colaboradores: Jairo Cerqueira(ilustração e poema), Ianê Mello ( poema)


13 comentários:

Lídia Borges disse...

O poeta sempre em movimento na busca da plenitude nunca alcançada e daí a insatisfação permanente que o impele para o desassossego.

L.B.

Helcio Maia disse...

Não morreu,
pois ainda há que viver, plenamente,
para, só entao, bem depois...plenamente morrer...

Anônimo disse...

Adorei :)*

۞ Potira ۞ disse...

Adorei o post!!!


Fabulosa a imagem também...

=)

Ianê Mello disse...

Sim,meu amigo,você está vivo,tão vivo que sente a latência da dor em seu peito, as insatisfações, os desgostos, a falta de algo mais que o complete.

Isso é viver, essa eterna sensação de incompletude.

Lindo poema. Grande bj.

Jairo Cerqueira disse...

Obrigado, genteeeeeeeeee!!!
Um abraço!

Zélia Guardiano disse...

Muito bonito!
Parabéns, Jairo!
Parabéns, Ianê!
Grande abraço aos dois

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Dois poemas distintos de dois belos poetas, mas igualmente intensos,cada um na sua proposta. na verdade até se fundem. É preciso renascer, mas sem amarras , senão não é viver.Parabéns a ambos e à sensibilidade do blog. Um abraço

Paulo Medeiros disse...

Adorei seu blog. Versos atraentes, versos que nos leêm!
Parabés!

Anônimo disse...

Bem versejado, meu caro Jairo, bem versejado, minha cara Ianê. Parabéns aos dois. Se eu conseguir, versejo algo aqui também; tema interessante é o que não falta.
Grande abraço aos dois,

Jeferson Cardoso disse...

(não precisa publicar este comentário, estou enviando, pois não obtive resposta ao email)

Iane, como vai? Espero que esteja tudo bem com você e os seus. Estou lhe escrevendo para dizer algo que tenho certeza que irá entender. Ocorre que estou trabalhando muito em minha atividade profissional que é a Fisioterapia, e sendo assim não tenho tido tempo para dedicar-me a tudo que gostaria de me dedicar. Não tenho enviado textos nem para os jornais e nem para a revista de minha cidade. Bem como não tenho colaborado com o jornal interno do hospital em que trabalho. Todo tento que me resta fora a Fisioterapia tenho empenhado em produzir textos para enviar para as editoras e para alguns concursos literários. Meu blog é o único afazer que preservei em meio às mudanças. Sendo assim, peço para que não me tome por mau, mas desejo desligar-me temporariamente do seu blog. Não sei se retorno ali como colaborador, mas jamais deixarei de visitar e ser grato por tudo. Pelos amigos que me propiciou, pela amizade que me dedicou e pelo espaço que me ofereceu.
Grato. Grande abraço do Jeferson Cardoso, o Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com

Ianê Mello disse...

Obrigada, queridos amigos, seus comentários sempre me alegram e são o motivo maior de levar essa proposta adiante sempre da melhor forma posível.

Grande abraço.

Jairo Cerqueira disse...

Zélia, Carlos, Paulo e Rodrigo: Meus agradecimentos pelos comentários e o meu abraço!
Muita paz pra vo6!

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