Minha vida é um trapézio
Sem rede para segurar minha queda
Olho para o vazio abaixo
Mas não caio
Meu andaime é a corda bamba
Com um varapau como companheiro
Ao caminhar resoluto, bambeio
Mas não caio
O público ovaciona a travessia
Minha ex-mulher grita "tomara que caia"
Meu patrão rasga meu holerite
Mas não caio
A corda bamba é feita de arco-íris
Há um anjo em cada ponta, protetores
Pula na corda um deus menino
Mas não caio
Uma diáfana mãe vem me seguir
Com seu próprio varapau a se equilibrar
Ela passa com receio que eu caia
Mas não caio
Há nesta corda um grifo nebuloso
O próprio universo que vem se regozijar
Do tempo que ele empresta e toma
Nele eu caio
3 comentários:
Anjo, lindo poema!
Trapezistas na vida somos sempre na corda bamba.
Beijos.
Parabéns, um texto de rara beleza ! Beijo.
Dá até pra imaginar - de tão legal q ficou o diálogo -os dois, cada um numa ponta da tal corda...e se abraçando na queda.
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