Acordo (ainda é noite) na escureza
Do quarto e vou às cegas procurando
A maçaneta, no tempo quando
Numa barra de ferro acerto a testa.
Com sono, dolorido, sem contexto,
Caio, bunda no chão, imaginando
Que diabos uma grade atravessando
Faz o meu quarto, como eu fosse preso.
Procuro o interruptor; e quando o encontro
Aperto-o e luzes vêm de todo canto.
’Stou dentro de uma jaula, qual cobaia.
Fora, a me cingir, há três homens brancos,
Sem faces, ansiosos, como santos,
’Sperando que a Loucura de mim saia.
RODRIGO DELLA SANTINA