O Equilíbrio da Vida (TAO)


O excesso de luz cega a vista.


O excesso de som ensurdece o ouvido.

Condimentos em demais estragam o gosto.

O ímpeto das paixões perturba o coração.

A cobiça do impossível destrói a ética.

Por isso, o sábio em sua alma

Determina a medida de cada coisa.

Todas as coisas visíveis lhe são apenas

Setas que apontam para o Invisível.



(Tao-Te King, Lao-Tsé)




sábado, 11 de agosto de 2012

Dialogo Poético: Beto Palaio e Ianê Mello




DECLARAÇÃO À MEU PAI



Óbvio, puramente óbvio
óbvio como as pupilas habitam os olhos
ou como os dedos são hospedes das mãos
óbvio que gostaria de falar contigo
num abrir e fechar de portas
mesmo sem te encontrar de fato
óbvio que te procuro imensamente
neste corredor discursivo, a vida
por onde desfilam todas as coisas
onde tudo gira tão alegremente
neste carrossel de fatos constantes
mas que um dia desafiarão o existir
pai, aqui quero te reencontrar

Simples, extremamente simples
um querer que ultrapassa o tempo
onde vida e morte são um mero detalhe
uma saudade apertada contra o peito
de um abraço sincero e do calor de suas mãos...macias
simples assim, esse amor infinito de doer que cala a fala que emudece a boca que transpassa o sentidos
onde tudo o que era luz escuro se torna
onde tudo em que era brilho escureceu feito noite sem lua
nessa terra de ninguém onde você importa
quando dois braços fortes te enlaçam com ternura
pai, sigo sempre a sua procura

Dor, imensamente dor
doía um sono em teus olhos
dessa dor que em nós é viagem
eu estava tão distante de ti
no tudo que nos habita
num tumultuado dia comum
o tudo me quedou extravagante
o sol que insistia em habitar a pele
mais que num dia comum
quando a água já não sacia a sede
e o correr das horas nos carrega
nos braços de uma eternidade fria
neste dia quis te dizer algo
um detalhe apenas, tão ínfimo
mas que não disse, nem deu tempo
disso que na despedida é oculto
em separar o que pensamos sem fim.

Amor, só  esse sentir me restou
do triste adeus de tua partida
em meus olhos marejados sem sequer a despedida
no despedaçar lento em meu peito ancorado
tu eras meu porto seguro, eu tua princesa encantada
que numa redoma de vidro guardavas com zelo
amor, sim, amor, era o que sentias ao fazê-lo, bem sei
para manter-me junto a ti, meu rei
filha amada até o fim de teus dias
agora jaz a perda na saudade ingrata
que inda teima em latejar, ferida entreaberta
tu eras meu precioso tesouro e eu não sabia
o que tua ausência resgata em mim
enquanto de mim mesma me perdia
e me reequilíbrio na corda bamba
na vida da qual me resguardavas por amar demais



Beto Palaio e Ianê Mello


Pai - Fabio Jr.

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